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Cidades

PF ouviu irmão de chefe na UFPR e “laranjas” em MS relatam comissão

Aline dos Santos | 04/03/2017 09:40
Primeira fase da operação contra fraude foi realizada em 15 de fevereiro. (Foto: Divulgação)
Primeira fase da operação contra fraude foi realizada em 15 de fevereiro. (Foto: Divulgação)

O alvo da segunda fase da Operação Research em Mato Grosso do Sul foi o irmão da funcionária da UFPR (Universidade Federal do Paraná) suspeita de liderar um dos três núcleos familiares que atuaram no desvio de bolsas de pesquisa.

Realizada ontem (dia 3), a nova fase da ação da PF (Polícia Federal) ouviu Adhemar Abreu Mendonça. Foi cumprida ordem de condução coercitiva, quando a pessoa é detida para prestar depoimento. Ele foi ouvido em Campo Grande e liberado. Adhemar foi candidato a vereador na Capital em 2004.

De acordo com a decisão da 14ª Vara Federal de Curitiba, que autorizou a segunda fase da operação para investigar desvio de R$ 7,3 milhões na universidade, Adhemar é irmão de Conceição Abadia de Abreu Mendonça. Ela foi afastada do cargo de chefe da Seção de Controle e Execução Orçamentária da Universidade Federal do Paraná e teve prisão preventiva decretada.

Na primeira fase da Research, realizada em 15 de fevereiro, o advogado Arthur Constantino da Silva Filho, suspeito de ser falso bolsista, disse que foi contratado por Adhemar, que é seu vizinho, para regularizar um imóvel da família em Campo Grande.

De acordo com a investigação, a assessoria jurídica foi paga com dinheiro que deveria ser utilizado para pagamento de bolsa de pesquisa da UFPR. O valor foi de R$ 17.400, sendo R$ 2 mil de honorários somados a custos de impostos e serviços no cartório. A reportagem não conseguiu contato com Adhemar Abreu Mendonça.

Imóvel - Arthur faz parte do grupo de cinco pessoas que foram presas na primeira etapa da operação. Todos já foram soltos. De acordo com o relatório do TCU (Tribunal de Contas da União), dois moradores de Campo Grande, mãe e filho, receberam os maiores valores individuais de pagamentos de bolsa.

Maria Alba de Amorim Suarez foi beneficiária de pagamento de R$ 739.489 entre 2013 e 2016. O segundo maior pagamento individual foi para seu filho Pedro Amorim Suarez Campos: R$ 638.376,10. Na lista ainda consta Maria Eduarda Amorim Suarez Campos, que recebeu R$ 283.850 e é filha de Maria Alba.

Pedágio – Os três relataram à Justiça que cederam as contas bancárias a pedido de Conceição e mediante recebimento de contraprestação pecuniária mensal que variava de R$ 500 a R$ 1.000. A família ainda afirma que não sabia que as conta era para receber depósitos de valores desviados da universidade.

A mesma versão foi apresentada por Patrícia Vargas da Silva do Nascimento, ela aparece como beneficiária de R$ 158.850 e também foi alvo da PF na primeira fase da Research. Nesses quatro casos, o total desviado foi de R$ 1,8 milhão.

Fachada do prédio histórico da UFPR, de onde teriam sido desviados R$ 7,3 milhões (Foto: UFPR/Divulgação)
Fachada do prédio histórico da UFPR, de onde teriam sido desviados R$ 7,3 milhões (Foto: UFPR/Divulgação)

Research 2 – Na segunda fase, também foi alvo de condução coercitiva um sobrinho de Conceição. Ele figurou como beneficiário de pagamento por parte de UFPR (R$ 800) em 17 de junho de 2013. O pagamento foi cancelado.

A investigação aponta que o desvio de R$ 7,3 milhões seguia um esquema em que o valor era depositado para os falsos bolsistas, que repassavam a maior parcela do montante para os destinatários finais, ligados a duas funcionárias presas no dia 15 de fevereiro e uma terceira, servidora aposentada da UFPR, presa nesta sexta-feira. Segundo a polícia, esses três núcleos familiares comandavam a fraude.

“Na realidade, existem laranjas inconscientes e conscientes. Neste caso, nós entendemos que a expressão mais correta seria de laranjas conscientes. Ou seja, todos tiveram algum tipo de benefício, ainda que mínimo, ou por meio de alguma troca, alguma ajuda dentro de um contexto de amizade”, afirma o delegado Felipe Hayashi, da Polícia Federal do Paraná.

O nome da operação é uma referência ao objetivo central das bolsas concedidas pela unidade, destinada a estudos e pesquisas pelos contemplados.

Defesa - No último dia 17 de fevereiro, a defesa do advogado Arthur Constantino da Silva Filho informou que, na verdade, ele foi contratado por uma das “cabeças” do esquema para atuar em nome dela na compra de uma casa em Campo Grande. Danilo Cristofaro, advogado de Arthur, afirmou ainda que o cliente nunca constou na lista de bolsistas da universidade e que tem como provar a inocência.

No dia 15 de fevereiro, a defesa de Maria Alba, Pedro Amorim e Maria Eduarda informou que clientes disseram em depoimento à PF que não ficavam com o dinheiro. Eles recebiam o depósito, retiravam uma comissão e devolviam a terceiros. Os investigados como falso bolsistas podem responder por peculato e associação criminosa.

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