Por unanimidade, STF decide que Neneco será extraditado do Brasil
O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu ontem, por unanimidade, que o ex-prefeito da cidade paraguaia de Ypejhú, Vilmar Acosta Marques, deve ser extraditado. Entre os 23 crimes atribuídos a ele, Neneco é acusado de ser o mandante de um duplo homicídio em 2014, que matou um jornalista e sua assistente.
Neneco está preso no Brasil e em maio, durante audiência de extradição na Justiça Federal, em Campo Grande, ele alegou que se tivesse que voltar para o Paraguai seria morto. “Eu sofro muita pressão pelo partido da oposição. Vou ser morto se voltar ao Paraguai”, declarou ele na época.
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Para garantir que ele ficasse no Brasil, sua defesa tentou provar que Vilmar Acosta é brasileiro, mas o relator do processo, o ministro Dias Toffoli, afirmou que os crimes não possuem conotação política e que não há comprovações verdadeiras de que Neneco tenha nascido no Brasil.
De acordo com os autos, o extraditando possui dois registros de nascimento, um lavrado no Paraguai e outro no Brasil. Segundo o ministro Dias Toffoli, o juízo da Vara Única da Comarca de Sete Quedas (MS), ao deferir antecipação de tutela em ação ajuizada pelo Ministério Público estadual, cancelou o assento de nascimento do extraditando no Brasil. “Como os dois registros apontam que o extraditando nasceu na mesma data, em ambos os países, a impossibilidade lógica e material de sua coexistência é manifesta”, disse o relator.
O relator afirmou ainda que há nos autos inúmeros outros elementos de prova que reforçam a convicção de que o extraditando nasceu no Paraguai, onde inclusive foi vereador e prefeito.
Crimes - Neneco foi preso em março deste ano na cidade de Caarapó pela Polícia Civil e, desde, então está uma das celas da Polícia Federal em Campo Grande. Ele é apontado como mandante da morte do jornalista do veículo paraguaio ABC Color, Pablo Medina, e da mulher que estava com ele em outubro do ano passado. Neneco também é considerado pela polícia o maior traficante internacional de drogas e contrabandista da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.
Neneco era prefeito de Ypejhú e foi expulso do partido após ter sido apontado como mandante da morte do jornalista. Pablo Medina era repórter investigativo e estava fazendo uma série de matérias sobre o envolvimento de políticos no narcotráfico e apontou Neneco com um dos principais traficantes de droga da região.
O Jornal ABC Color compara o ex-prefeito ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar Gaviria, que em determinado momento da carreira de crime entrou para a política.