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Cidades

Dobra o número de clientes que alegam calote na compra de bitcoins

Quase 200 pessoas já ingressaram em ação civil coletiva como assistentes da acusação; empresa denunciada por praticar pirâmide financeira tentou recuperar acesso a conta bancária, mas juiz negou

Anahi Zurutuza | 16/10/2018 11:15
Equipe do Gaeco com material apreendido na Operação Lucro Fácil no dia 17 de abril deste ano. (Foto: Liniker Ribeiro/Arquivo)
Equipe do Gaeco com material apreendido na Operação Lucro Fácil no dia 17 de abril deste ano. (Foto: Liniker Ribeiro/Arquivo)

De junho para cá, quase dobrou o número de pessoas que alegam ter levado calote da Minerworld, que se apresenta como mineradora de bitcoins, mas foi denunciada por praticar pirâmide financeira. Até agora, são ao menos 188 clientes da empresa habilitados para serem assistentes de acusação do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) em ação civil coletiva que busca garantir o ressarcimento dos prejudicados.

A maior parte dos lesados é de Mato Grosso do Sul, mas também há relatos de prejuízos de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, Paraíba, Sergipe e Pernambuco.

Até o dia 15 de junho deste ano, 100 pessoas haviam “entrado” no ação. O ingresso dos chamados terceiros interessados começou em 25 de abril, dias depois da Operação Lucro Fácil.

Segundo o juiz David de Oliveira Gomes Filho, que julga a denúncia feita pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), contudo, o número dobrou, uma vez que cadastrados há 188 prejudicados, mas o cartório titular da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos ainda não terminou de contabilizar os pedidos. “Tem mais, porque o cartório ainda não conseguiu cadastrar todos”, explicou.

Em geral, os clientes relatam que investiram na criptomoeda bitcoin, mas a partir de outubro do ano passado já não conseguiram resgatar valores, lembrando que a promessa era de recuperar o dobro do total investido. Eles querem garantir o ressarcimento em dobro do que gastaram.

Os maiores valores citados são de três pessoas que moram em São Paulo, que juntas informam prejuízo de R$ 832.226,66. Mas, também há caso de morador de Campo Grande que informou ter perdido investimento de R$ 546.210.

O último prejudicado que conseguiu ingresso como terceiro interessado é de Nova Andradina – cidade a 300 km de Campo Grande, no sul do Estado – e alega ter investido R$ 11,2 mil. A vítima explica que contratou planos em novembro do ano passado.

Por causa da avalanche dos pedidos de inclusão dos prejudicados no processo, os autos já têm 6.855 páginas.

Contudo, o que trava o andamento da ação, ainda segundo o magistrado, é a dificuldade de notificar os réus das decisões. São 21 no total e na lista, há pessoas ligadas às empresas denunciadas de nacionalidade paraguaia. “Estamos esperando a citação de todos para dar continuidade”.

Juiz David de Oliveira Gomes Filho em entrevista ao Campo Grande News (Foto: Arquivo)
Juiz David de Oliveira Gomes Filho em entrevista ao Campo Grande News (Foto: Arquivo)

Decisões – A última decisão no processo é do dia 18 de setembro. O juiz negou pedido da empresa Bit Ofertas de acesso à conta bancária da empresa que alegou ser dona de apenas R$ 332.000,00 dos R$ 1.369.330,71 bloqueados. O restante do valor pertenceria a clientes.

Em abril, quando foi deflagrada a Operação Lucro Fácil, além de autorizar a busca e apreensão em endereços de empresas que se apresentam como mineradoras de bitcoins e dos sócios das mesmas, o juiz determinou o bloqueio de R$ 300 milhões em bens de 11 suspeitos de integrarem esquema de pirâmide financeira.

Também na última decisão, o juiz negou que Cícero Saad e Jeová das Graças recuperam equipamentos eletrônicos apreendidos pela operação.

A Bit Ofertas já recorreu ao TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

Gaeco também foi a prédio onde funciona a unidade da MinerWorld. (Foto: Saul Schramm)
Gaeco também foi a prédio onde funciona a unidade da MinerWorld. (Foto: Saul Schramm)

Lucro Fácil - A operação foi realizada em 17 de abril. Os mandados foram cumpridos nas sedes das empresas MinerWorld, Bit Ofertas e Bitpago, em Campo Grande e São Paulo, além das residências dos respectivos sócios.

A suspeita de pirâmide foi denunciada à CVM (Câmara de Valores Imobiliários), que acionou o MPMS no ano passado. A Câmara de Valores Mobiliários concluiu que a MinerWorld aparenta dispor proposta fraudulenta com características de pirâmide financeira.

A MinerWorld nega a irregularidades e afirma ter sido ela vítima de uma fraude que rendeu prejuízo na ordem de R$ 23,8 milhões – e que teria ocasionado as reclamações dos investidores que, desde o ano passado, alegam não conseguirem realizar saques de seus investimentos.

Pirâmide é um modelo comercial que consiste no recrutamento de investidores até que o esquema atinge nível insustentável e só quem está no topo lucra com o negócio.

Matéria alterada às 12h05 para correção de informação.

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