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Em Pauta

1500: a beleza da brasileira desperta o olhar do gringo

Mário Sérgio Lorenzetto | 26/12/2019 06:30
1500: a beleza da brasileira desperta o olhar do gringo

Todos sabem que existe. Poucos leram. A carta de Pero Vaz de Caminha, nosso primeiro historiador, fala sobre as mulheres que encontrou: "moças bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos compridos pela espáduas" e "sem vergonha alguma". Estava inaugurado o olhar guloso do estrangeiro sobre as brasileiras. Nunca mais perderiam esse olhar.

1500: a beleza da brasileira desperta o olhar do gringo
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Quando amor e beleza caminhavam de mãos dadas.

O ideal construído por Petrarca de que o belo e o bom andavam de mãos dadas, foi trazido para nossas terras. Nossas indígenas foram consideradas por seus afoitos observadores como criaturas inocentes. Inicialmente, até que a igreja resolveu demonizá-las, a nudez dessas mulheres era vista como fruto do desconhecimento do mal, e sua formosura era vinculada à pureza.

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A branca leitosa.

É bem verdade que nossas belas estavam muito distantes do modelo renascentista de beleza construído pelos europeus. Elas deveriam ter cabelos claros, com rosto branco e colo leitoso como pérola. O corpo deveria estar "entre o magro e o gordo, carnudo e cheio de suco", com ombros e peitos fortes, suporte para seios redondos e costas onde não se visse um sinal de ossos. As joias e pedrarias eram sinal de riqueza, beleza e elegância.

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A moura encantada.

Os espanhóis e portugueses trouxeram seus interesses por uma figura de suas mitologias presente desde o período de influência dos muçulmanos na península ibérica, "a moura encantada": tipo delicioso de mulher morena, de olhos pretos, envolta em profunda sexualidade, sempre penteando os longos cabelos ou banhando-se nos rios ou nas águas de fontes mal-assombradas

1500: a beleza da brasileira desperta o olhar do gringo
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A moda das loiras.

Na península ibérica, no final do século XVI, a moda italiana vingava. As mulheres das classes altas passaram a tingir os cabelos da cor loira. Passaram a pintar o rosto da cor branca e encarnado para tornar a pele que é tradicionalmente morena, mais alva e rosada.

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A glorificação da mulata.

A moda da mulher loira ainda levaria mais de um século para pular o Atlântico e chegar no Brasil. Nosso lirismo amoroso revela a glorificação da mulata. Ela é a "cabocla, morena, celebrada pela beleza de seus olhos, pela alvura de seus dentes [consumiam pouco açucar], pelos seus dengues, quindins [faceirice] e embelecos". Muito mais que as "virgens pálidas".

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As marcas do apetite masculino.

Não faltam, sem dúvida, marcas do apetite masculino em relação à morena ou à mulata nos séculos seguintes. O "riso de pérolas e corais, os olhos de jabuticaba, as negras franjas e a cor do buriti" são os sinais sedutores dessa fêmea. Morenice e robustez são seus sinais mais sedutores, padrões de beleza.
Tanto os homens quanto as mulheres deixavam crescer prodigiosamente os seus cabelos negros. As damas em forma de grossas tranças, que não raramente chegavam a seus pés.

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