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Em Pauta

A asma, uma doença sempre mal compreendida

Mário Sérgio Lorenzetto | 26/07/2020 07:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Se tivéssemos de escolher alguém para garoto-propaganda da asma, o candidato quase imbatível seria o romancista francês Marcel Proust (1871-1922). Sua primeira crise veio aos nove anos e, a partir daí, Proust levou uma existência difícil. Desesperado por encontrar a cura (igual brasileiro na pandemia), Proust se submeteu a incontáveis (e inúteis) enemas. Tomou infusões de morfina, ópio, cafeína, amido, trional, valeriana e atropina. Fumou cigarros receitados por médicos (médicos franceses, não brasileiros). Inalou clorofórmio e creosoto. Submete-se a mais de uma centena de dolorosas cauterizações nasais. Mandou cortar o gás de sua casa. Nada funcionou. Morreu com os pulmões exaustos, com apenas 51 anos.


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Asma mal compreendida.

Nos tempos de Proust, a asma era uma doença rara e não muito compreendida. Hoje é comum. Continua mal compreendida. A segunda metade do século passado presenciou um rápido crescimento das taxas de asma. Ninguém sabe por quê. Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas no mundo tenham asma. Mas é pior que isso. A asma ataca apenas 5% dos adultos, mas prejudica a vida de 15% das crianças.


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Não está relacionada à poluição ambiental.

Durante muito tempo, ligaram a asma aos "maus ventos" das grandes cidades, à poluição. Na China, para ficarmos só em um exemplo, a cidade de Guangzhou é altamente poluída, Hong Kong tem ar fresco. Contudo, em Hong Kong a taxa de asmáticos é de 15%, enquanto na poluída Guangzhou é de apenas 5%. Exatamente o oposto do que os médicos e cientistas imaginavam. Ninguém sabe o motivo.


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Mais em meninos, negros e moradores de cidades.

Globalmente, a asma é mais comum em meninos - antes da puberdade. Mas após a puberdade, a chave vira, é mais comum em meninas. É mais comum em negros e em habitantes das cidades. Tem forte ligação com a obesidade. Mas também com aqueles que pesam abaixo do normal (crises piores). A taxa mais alta fica com a Inglaterra, onde 30% das crianças têm asma. As menores taxas estão na China, Grécia e Rússia, com apenas 3%.


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Não existe cura.

Não existe cura, embora em 75% dos jovens a asma desapareça quando chegam ao início da vida adulta. Ninguém sabe explicar esse fenômeno. Também não explicam por quê para uma infeliz minoria a asma continue até o fim dos dias. Na verdade, quando o assunto é asma ninguém sabe muita coisa.


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Nada a ver com gatos, ácaros, cigarro ou poluição.

Você provavelmente acha que a asma é acusada por gatos, ácaros, produtos químicos, fumaça de cigarro ou poluição do ar. A universidade que mais tempo e dinheiro gastou para entender a asma - Escola de Higiene e Medicina de Londres - afirma: "Nenhuma dessas coisas causa asma". E concluiu os estudos, desistindo do intento inicial afirmando: "Não podemos fazer nada para prevenir a asma". Para a metade dos asmáticos a doença está ligada a alergia. O gatilho para a crise pode ser gelado, estresse, exercícios ou outros que ninguém sabe. Para a outra metade, nada tem a ver com alergias. Passado tanto tempo, não sabem explicar a asma. Fica por conta do "chutômetro", a mais avançada "ciência" brasileira.

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