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Em Pauta

A dessalinização da água do mar pode acabar com a sede

Mário Sérgio Lorenzetto | 19/01/2019 08:14
A dessalinização da água do mar pode acabar com a sede

No Nordeste brasileiro existem cerca 3,5 mil pequenas usinas de dessalinização em poços de água salobra. A tecnologia é chancelada pela Embrapa e vem funcionando há 15 anos. A proposta do novo governo em Brasília é de importar a tecnologia de Israel. é lá que está situada a maior usina dessalinizadora do mundo que produz 624 milhões de litros diários de água potável ao custo de R$2,71. Todavia, essa usina será suplantada pela que fica em Ras al-Khair, na Arábia Saudita, que abastecerá Riad com 1 bilhão de litros diários. Junto com a de San Diego, na Califórnia, constitui a melhor performance das usinas ora existentes no mundo. Um dos grandes problemas das usinas dessalinizadoras é o gasto de energia, as Ras al-Khair e de San Diego foram construídas acopladas com usinas que geram eletricidade, reduzindo drasticamente esse problema.

A dessalinização da água do mar pode acabar com a sede

As dessalinizadoras geram mais salmoura que água doce.

Um informe das Nações Unidas mostrou recentemente o número de dessalinizadoras existentes no mundo. O estudo parte de uma preocupante realidade: 40% da população mundial sofre de escassez de água. E o problema se agravará no futuro com o aumento esperado das populações e da contaminação dos rios e lagos com dejetos humanos, industriais e da agropecuária. Por isso, teremos de procurar água onde há em abundância: no mar.
A ONU afirma que há 15.906 usinas dessalinizadoras funcionando no mundo. O triplo do que existia no começo do século. Somadas, têm capacidade de gerar algo como 95 milhões de metros cúbicos de água potável por dia. Mais de 70% delas estão em países ricos. Só 0,1% estão nos 100 países mais pobres. Mais de 10% das usinas estão nos Estados Unidos. Mas a maior concentração está no Golfo Pérsico: Arábia Saudita, Emirados Árabes, Kwait e Catar.

A dessalinização da água do mar pode acabar com a sede

O uso e as tecnologias das águas dessalinizadas.

O trabalho da ONU também traz a destinação da água dessalinizada. A maioria da água - 62% - vai para o consumo humano, o outro terço vai para uso industrial. Apenas a quarta parte dessa água é obtida de águas salobras distantes do mar, todo o resto vem dos oceanos. A tecnologia dominante é a osmose inversa em que separam a água dos sais através de membranas. Um dos principais problemas dessa tecnologia é o acumulo constate de sais nas membranas, necessitando ser retirado por um processo caro. Também há uma tecnologia um pouco mais antiga que usam processos de evaporação e condensação, usada no Nordeste brasileiro. Muito barata, essa tecnologia só é aplicável para poucos consumidores pela demora em produzir água potável.

A dessalinização da água do mar pode acabar com a sede

A enorme produção de salmoura vem reduzindo a importância das dessalinizadoras.

O maior problema das dessalinizadoras é, segundo o trabalho da ONU, a salmoura. Até agora, todos aceitavam, sem estudar, que para cada litro de água doce produzida, também produziam outro litro de salmoura que é devolvido para o mar.
Todavia, a realidade revelada pelo estudo é muito diferente. A cada dia, no mundo, as dessalinizadoras vem gerando 141 milhões de metros cúbicos de salmoura. É algo como 50% a mais do que acreditavam. Assim, para produzir um litro de água potável, o mundo está produzindo 1,5 litros de salmoura. Essa conta torna a dessalinização das águas marítimas em um sério problema e não uma solução para a sede humana pois o mar vem se tornando, a cada dia, muito mais salinizado, especialmente no entorno de onde estão situadas as usinas dessalinizadoras. Em resumo: os norte americanos e árabes equacionaram bem o problema do custo energético, mas falta resolver o grave problema da salmoura.

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