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Em Pauta

A Eldorado e o grande medo de calote

Mário Sérgio Lorenzetto | 04/10/2017 06:50
A Eldorado e o grande medo de calote

Executivos do mercado de celulose contaram ao colunista Carlos Sambrana que os banqueiros brasileiros estão percorrendo os escritórios das grandes empresas do setor para saber mais sobre os novos proprietários da Eldorado. O temor é o de que aconteça aqui o mesmo que ocorreu na Ásia. Durante a crise econômica asiática em 2000, a empresa deu um calote de US$12 bilhões nos bancos credores. Até hoje a conta não teria sido paga. O receio de um calote é tão grande que o presidente de um dos bancos credores falou com banqueiros japoneses, conhecidos da nova proprietária da Eldorado, sobre o caso. O colunista afirma que o banqueiro não ficou nada satisfeito com o que escutou dos japoneses. Preocupação nos céus do Mato Grosso do Sul.

A Eldorado e o grande medo de calote

Uma holandesa da Indonésia.

A venda da Eldorado tem deixado muitos banqueiros de cabelo em pé. A empresa foi parar nas mãos da holandesa Paper Excellence por inesperados R$15 bilhões, dos quais R$8 bilhões são dívidas com bancos, como Banco do Brasil, CEF e Bradesco. Até aí, não há motivos para temor. Mas não é bem assim. Primeiro, porque o acordo de leniência do grupo J&F pode ser cancelado. Segundo, porque a holandesa Paper Excellence pertence à família indonésia Widjaja, a mesma que controla a Asian Pulp and Paper - APP, empresa que deve muito, principalmente a bancos japoneses.

A Eldorado e o grande medo de calote

Artes: começamos condenando o que nos desagrada e terminamos nos fornos do Holocausto.

Aos fornos, cidadãos! Os ataques contra as exposições de arte em Campo Grande e no Rio Grande do Sul fora motivados por dois temas que ainda são tabus para muitos brasileiros: a religião e a diversidade sexual. As críticas à exposição são mais do que legitimas, pois ninguém é obrigado a gostar de uma obra artística. Um rápido parêntesis: não gostei do que vi nas exposições, jamais levaria uma dessas telas para minha casa. Mas também deve ser criticado o fato de que as pessoas estão se esquecendo de um fato irretorquível: ninguém é obrigado a ir a essas exposições. O que não é tolerável é que as exposições sejam boicotadas ou proibidas. Quem compareceu a elas tinha todo o direito de manifestar sua queixa ou desagrado. O que não se pode, em um país livre, é querer censurar ou proibir uma manifestação artística. A fronteira entre a crítica e a censura é sutil. E muito perigosa. Todas as intolerâncias costumam ter origem no "não gosto". A crítica a uma obra de arte não pode ser caso de polícia.
Ao longo da história, existiram aqueles que não gostavam da democracia - e a cancelaram. Aqueles que não gostavam de judeus - e os levaram aos fornos. Aqueles que não gostavam de livros - e os queimaram. Há outros que não toleram a religião que não está de acordo com sua fé - e destroem seus templos.
Toda ferida à liberdade de expressão, por mais que possa criar susceptibilidades, é uma porta aberta à intolerância. E de censura em censura, chegamos à barbárie da ditadura. Todas elas - à esquerda ou direita - alérgicas às diferenças e fomentadoras de tabus. A arte têm que ser livre em suas expressões e criações. Desde as pinturas rupestres, a arte sempre foi transgressora, sempre ampliou os espaços das poças d'água do conformismo. Quebra barreiras, vai até onde nosso monótono cotidiano sequer imagina. Choca. Imaginem a cara dos cardeais ao se depararem com os peladões de Michelangelo na Capela Sistina. Estupor. Os queixos caíram. Que tal mandar a polícia raspar o teto da mais famosa e mais visitada capela do mundo? Folhinha tampando membros...

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