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Em Pauta

A extrema direita brasileira tem vergonha de ser fascista

Mário Sérgio Lorenzetto | 11/05/2021 07:13
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Em junho de 1919 foi publicado o programa oficial do movimento fascista. Algumas de suas reivindicações eram: sufrágio universal extensivo às mulheres, jornada de trabalho de 8 horas, abolição do Senado, maior atuação da Itália no cenário internacional. Não à toa, o fascismo, construído por Benito Mussolini e D'Annunzio, tomou conta do mundo ocidental. Era um tempo de profunda crise econômica e social. Os partidos liberais não ofereciam uma saída. E os de esquerda, engalfinhavam-se, destruíam-se, como sempre. A alternativa era o bolchevismo russo, um golpe de Estado profundamente violento, matou milhões.


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A revolução industrial fascista.

Parte da esquerda - que se tornaria comunista logo a seguir - tentou seguir o "modelito" russo na Itália. Conclamou uma greve geral. Fracassou bombasticamente. A proposta fascista era a de industrializar a Itália e de acabar com a profunda diferença de modernidade entre o paupérrimo sul e o remediado norte. A primeira fábrica a aderir ao fascismo foi a Alfa Romeo. À seguir, a Fiat não só subscreveria sua inserção no movimento de Musssolini, como se tornaria hegemônica. Aquela era uma época em que a aviação, o automobilismo e o ciclismo conquistavam os corações europeus. A Itália dispunha dos melhores aviadores do mundo, dos melhores pilotos de automóveis e ciclistas. Foi nesse estado de espírito que o fascismo construiu sua primeira riqueza industrial.


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Reforma agrária para quem trabalha.

Com o crescimento industrial, o homem do campo começou a migrar para as cidades, especialmente para a região de Milão. Mussolini estava preparado para essa onda, tinha uma proposta de reforma agrária que foi copiada em muitos países ocidentais. Pretendia fixar o homem no campo, dando-lhe terra e o instrumental necessário para trabalhá-la. Ao mesmo tempo, Mussolini impediu a migração para as cidades e promoveu uma grandiosa indústria voltada para os implementos agrícolas.


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Tudo para o Estado, nada para o indivíduo.

A extrema direita brasileira imagina que o Trumpismo é um movimento de extrema direita. É tão somente um grupo de anarquistas de direita. Os Estado Unidos não sabem o que é extrema direita. Lá é a terra do individualismo. Nada é pior para o fascismo do que um mundo com Estado fraco, um mundo administrado pelos valores individuais.  Como dizia o próprio Mussolini: "Tutto Nello Stato, Niente al di fuori dello Stato, nulla contro lo Stato", ou seja "Tudo no Estado, ninguém fora do Estado, nada contra o Estado". Essas as insígnias mais solenes da extrema direita universal. Não há extrema direita liberal. Isso é uma ficção para vencer eleições e nada mais.


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E em Roma nasce a extrema direita.

O sonho da Itália fascista era reconstruir o Império Romano, o poder do "Patriota Sensato", encarnado em Lucio Quincio Cincinato (Lucius Quinctius Cinccinatus]. Cincinato é o fundador da extrema direita universal. Há todo tipo de relato comovente, feito por historiadores, sobre a primeira década do século V a.C. e sobre seu grande herói. Cincinato que, mais de dois séculos depois, deu nome à cidade norte-americana de Cincinnati. Esse grande herói da extrema direita voltou de seu autoexílio na década de 450 a.C. para liderar os exércitos romanos contra seus inimigos que se aproximavam de Roma. Uniu os ricos e poderosos romanos e derrotou todos os exércitos inimigos. E voltou para sua fazenda, para a definitiva aposentadoria, sem buscar glórias políticas. A extrema direita é romana, é italiana. Hitler nada foi além de um fascista enlouquecido e extremamente cruel. Desde o primeiro momento, tentou copiar Mussolini. Não tinha uma só ideia na cabeça.


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Quem lê manual.....

A extrema direita brasileira se permite ler manual de política feito por um ex-comunista gramscianiano e astrólogo, não suporta livros. Não sabe que Gramsci, esse guru de parte da esquerda brasileira, não passou de uma figura insignificante no tempo de Mussolini. Só alguns intelectuais brasileiros pensa em Gramsci. A Itália, sua pátria, não lhe dá a menor distinção. E é esse pequeno pensador que está no cerne do pensamento do guru, que vive nos EUA, e escreve os manuais da extrema direita nacional.


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Um movimento criado por militares abandonados pelo governo.

Em uma época em que a guerra deixava de ser "manual", travada com armas brancas, passando definitivamente para a pólvora, a Itália criou os Arditi. Muito perto de ser derrotada pela Austria, tomou uma decisão de vida ou morte. Criou um batalhão especializado em facas e adagas - os Arditi. E foram esses homens que criaram as condições para a vitória italiana na Primeira Guerra. Ao final, esses vitoriosos, foram obrigados a marchar durante meses até o retorno para suas casas. Enquanto os franceses desfilavam de carros pelo Arco do Triunfo, recebiam ovações, e aposentadorias, os soldados italianos padeciam na lama.


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A volta para casa foi triste. É para ter vergonha?

Ao voltarem a Milão, foram abandonados e ainda receberam vitupérios. Uma constelação de pernetas, manetas, caolhos e destroçados vivia nas ruas, passava fome. São eles a base do fascismo. Soldados abandonados. depois de salvar a pátria. Sim, o fascismo depois da subserviência aos nazistas, tornou-se um movimento (fascismo é movimento e não um mero partido) imbecilizante. Uma de suas maiores "epopeias" foi proibir o italiano de comer macarrão. É essa segunda parte do fascismo que aparece na "história" brasileira. A parte que merece todo o escárnio. Seu lado cruel. Sustentado inicialmente por uma judia, tornou-se perseguidor de judeus. Amparado pela igreja católica, perseguiu e matou padres. Fascista, no Brasil, tornou-se uma ofensa, um xingamento. Foi muito mais que isso. Merece muita reflexão.

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