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Em Pauta

A última paiaguá, um povo que não foi feito para a paz

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 16/01/2024 06:50
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

De Cuiabá a Assunção, o "reino" aquático dos paiaguas, dominou vastas áreas entre o dois Mato Grossos e parte do Paraguai (onde eram chamados "aguaces"). Via de regra tomavam ouro e escravos negros dos paulistas que aqui chegavam para fazer escambo em Assunção. Dominavam totalmente as águas do rio Paraguai e seus afluentes no Pantanal.


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Fortes e inimizades com os guaicurus.

Havia uma profunda incompatibilidade entre paiaguás e guaicurus. Um dos escritores dessa época compara essa inimizade com as que havia entre espanhóis e franceses. E foi essa discórdia que impediu a criação de uma barreira intransponível contra a penetração dos paulistas. A criação de um sistema defensivo ao longo do rio Paraguai, à partir de 1.775, foi importante fator para a liquidação da ameaça paiaguá, conta um narrador paulista. Explica que o Forte Príncipe da Beira, situado junto ao Guaporé, estava fora do alcance dos índios "corsários". O de Coimbra não passava, no começo, de um reduto retangular, defendido por estacas, que depois de seis anos foi destruído, a golpes de porrete, matando 54 homens da guarnição. Mas ele foi reconstruído e tornou-se decisivo, para azar dos paiaguás. Com a quebra da aliança entre paiaguás e guaicurus, vem a derrocada.


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Paiaguá pra lá, guaicuru pra cá.

Os guaicurus, aos poucos, tratam de buscar apoio nos brasileiros. Abrigados nas proximidades do Forte Coimbra, e depois perto de Miranda, obtiveram respaldo para investir repetidas vezes contra os espanhóis de Assunção. A mesma acolhida que os guaicurus encontraram no Brasil, terão os paiaguá em Assunção. Sob a ditadura do doutor Francia recebem a incumbência de vigiar o rio Paraguai. Essa proteção oficial lhes será retirada pelo primeiro ditador Lopez. Suspeitava que, devido aos maus tratos, os paiaguás estariam pregando nova aliança com os guaicurus.


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A última paiaguá.

Às vésperas da guerra do Paraguai ainda chamava atenção nas praias de Assunção um amontoado de choupanas onde, já muito reduzida pelas epidemias, definhava o que restava dos antigos donos do rio Paraguai. Viviam da venda de lenha, peixes e esteiras por eles tecidas. O seu número era estimado em 400 ou 500. Na Guerra, combatendo os brasileiros, sob o comando de oficiais paraguaios, sucumbiram quase todos. Em 1.940, um antropólogo encontrou a última mulher dessa nação indígena. Suas últimas palavras foram: "Antigamente eram muitos os paiaguazes: todos morreram". Era um povo em agonia desde que abandonaram os rios. Não sabiam viver em terra, muito menos em cidades. Não foram feitos para a paz.

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