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Em Pauta

Amazing Grace, a mais bela canção e sua história

Mário Sérgio Lorenzetto | 25/12/2017 09:25
Amazing Grace, a mais bela canção e sua história

Amazing Grace é um dos hinos mais relevantes de todos os tempos. Provêm do Reino Unido, onde é uma peça muito popular. Nos Estados Unidos, alcançou a categoria de hino de muitas "nações" - religiosos, negros, indígenas, militares, esportistas, roqueiros e hippies. É um estandarte musical. Aparece na dor e na alegria. Exalta os desanimados e sofridos. Expressa a progressiva superação de males sofridos... e praticados. O mais chocante é que Amazing Grace foi escrita por um inglês branco, que para injuriar a todos, foi traficante de escravos. Faz dupla perfeita com "Silent Night", a canção preferida de todos para o Natal.

Amazing Grace, a mais bela canção e sua história

John Newton, o jovem marinheiro rebelde.

Viajemos ao século XVIII para conhecer John Newton, um personagem que é digno de algum escritor de aventuras horripilantes. Ele é o autor dessa maravilhosa canção, uma das mais importantes de todos os séculos. Durante sua juventude foi tudo, menos um ser humano beatífico. Ele foi criado em uma família burguesa e puritana. O pouco que conhecia de cristianismo foi ensinado por sua mãe que faleceu quando ele tinha sete anos. Seu pai, também chamado John Newton, era capitão da marinha mercante do Reino Unido. Com a esperança de que o filho seguisse seu caminho, o levou para o navio que comandava para servir como grumete. Tinha apenas onze anos. A disciplina de um grumete era muito rígida, a vida em um navio era própria de gente muito pobre que não tinha perspectiva em terra firme. O jovem John, pois, cresceu no mar. Todavia, para desgosto de seu progenitor, começou a mostrar uma forte personalidade marcada pela rebeldia e uma conduta desordenada, imprópria para o filho de um capitão. O pai o mandou para um internato. Os castigos físicos sucediam. Assim tratavam os jovens ingleses. Um refrão mostra o que era a vida em um internato inglês: "Os ingleses gostam mais de seus cachorros do que de seus filhos". O jovem só se interessou por línguas clássicas, o que lhe favoreceria no futuro. O internato só suportou John Newton por dois anos e o devolveu ao pai. Poucas coisas haviam mudado. Sua atitude seguia a mesma.

Amazing Grace, a mais bela canção e sua história

O jovem apaixonado... e bêbado.

O capitão Newton, sem saber o que fazer com o filho, depositou suas esperanças em uma carreira administrativa, uma vida em terra. Conseguiu um emprego para o filho em uma plantação de açúcar na Jamaica. Mas o jovem Newton não se interessava por profissão alguma. Quando faltavam poucos dias para zarpar para o Caribe, visitou uns parentes distantes de sua mãe, cuja casa ficava no caminho ao porto. Uma das amigas da família, Mary Catlett, conhecida como "Polly", lhe causou profunda impressão. Decidiu que ia ser a mulher de sua vida. E foi. Sem avisar ninguém, prolongou a estadia na casa... enquanto o navio que o levaria à Jamaica levantava âncora. Perdeu o emprego. O jovem não queria ser marinheiro, nem fazendeiro e muito menos comerciante. O pai, aposentado, o colocou em outro navio mercante. O jovem não gozaria do privilégio de ser filho do capitão. De nada adiantou. Ele além de continuar indisciplinado e rebelde, tornou-se bêbado. E jogador compulsivo. O capitão desse navio escreveu que ninguém falava tantos palavrões como o jovem Newton. Perdeu o emprego.

Amazing Grace, a mais bela canção e sua história

Newton deserta e recebe dezenas de açoites.

O pai não desistia do filho rebelde. Novamente usando seus inúmeros contatos, fez o filho ingressar na carreira militar. Seria um marinheiro militar. A vida nesse tipo de navio não permitia qualquer transgressão. Era um dos marinheiros mais jovens com um pequeno cargo de comando, mas com seis anos de experiência no mar. Tudo ia bem, até que... Newton pediu permissão para se ausentar do navio em uma escala em Londres. A saída permitida para ver a namorada era de 24 horas. Como de costume, passou vários dias com Polly. Quando finalmente regressou ao navio, seus bons trabalhos evitaram o açoite. Mas Newton ficou sabendo que o navio iria para a Índia. Seriam cinco anos sem ver Polly. Aquilo era algo que não podia assimilar. Quando recebeu ordem de apanhar um bote para apanhar mercadorias no porto, Newton resolveu que iria desertar. Quando foi encontrado pelos marinheiros que saíram em seu encalce, recebeu dezenas de açoites amarrado a um poste no navio a vista de toda a tripulação.

Amazing Grace, a mais bela canção e sua história

O jovem marinheiro de um navio escravista vira escravo de uma negra.

Mas a sorte para estar a seu lado. O navio militar recebeu ordens de enviar alguns marinheiros para um navio negreiro. Newton viu a chance de não ficar tanto tempo afastado de sua Polly e pediu para ser transferido. O capitão vendo a chance de se ver livre da estupidez de um marinheiro filho de seu amigo, concedeu ao jovem a troca de navio. Esse navio comprava pessoas na costa africana, trocava por mercadorias nos Estados Unidos que eram vendidas na Europa. O comportamento de Newton piorou ainda mais. Bebia muito e entrava em brigas costumeiramente. Era tão insuportável que o capitão o prendeu junto com os escravos. Quando chegou a Serra Leoa, o vendeu a outro traficante de escravos. Este último deu Newton de presente para sua esposa africana de nome Peye, princesa de uma etnia local. A mulher estava acostumada ao luxo e tinha vários escravos que tratava muito mal. aos 23 anos, John Newton, um jovem inglês, branco e burguês virou escravo. Foi o pior momento de sua vida.

Amazing Grace, a mais bela canção e sua história

John Newton encontra a religião.

Seu pai nunca desistia. Sem notícias do filho, enviou um capitão amigo em busca do filho. Não só o encontrou como o resgatou. Na viagem de volta, nas costas da Irlanda, uma terrível tormenta atingiu o navio enquanto a tripulação dormia. Newton rezou. Só lhe restava procurar Deus. E foi ouvido. O navio, apesar de bastante estropiado, conseguiu chegar ao destino. Newton foi buscar a religião. Estuou grego para ler os Evangelhos na língua original. Hebreu e sírio, para entender melhor o Antigo Testamento e publicou um livro de hinos que denominou "Olney Himns", com canções escritas por ele e alguns outros. Nele apareceu a letra de Amazing Grace.

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