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Em Pauta

Antes da missa fúnebre dos partidos políticos

Mário Sérgio Lorenzetto | 15/12/2017 08:15
Antes da missa fúnebre dos partidos políticos

No Brasil e no mundo ocidental, os partidos políticos definham. Na Casa Branca reside um outsider que, com seus milhões de dólares, se impôs a um grande partido apesar da rejeição de seus líderes. Com a mesma retórica milionária, alcançou a presidência. Nos Eliseos franceses, há outra figura antipódica, que também lançou seu projeto de conquista do poder de fora do sistema de partidos tradicional, fundou seu próprio movimento dedicado única e exclusivamente à sua imagem. Na Downing Street britânica, trabalha uma política ortodoxa que, todavia, deve dedicar todos seus esforços a gestionar um incêndio de dimensões ainda não avaliadas. O Brexit foi contra a vontade unanime de todos os partidos - conservadores, trabalhistas, liberais-democratas, verdes e nacionalistas escoceses. Todos advogavam pela permanência na União Europeia. No México, o PRI - partido que foi o mais longevo no poder -, lançou um candidato que nunca esteve em suas fileiras. A Itália já tinha destruído seus partidos desde a operação "Mani Puliti". E nunca mais se recuperou. Vive como uma alma penada. Nas próximas eleições não há um só partido em condições de conquistar o poder. Só figuras estranhas ao mundo dos partidos têm força. Isso depois de passarem por um histriônico Berlusconni e por tentativas de candidatos técnicos. Agora, no Kremlin, uma velha raposa que, para seguir morando nesse lugar, competirá nas eleições presidenciais do ano que vem como candidato independente. É verdade que os partidos russos contam bem pouco há muito tempo. A manobra de Putin é um giro meramente tático. Mas descortina de vez o que muitos não querem ver: estamos nos aproximando da missa fúnebre dos partidos políticos.
O Brasil segue a mesma tendência. Dos maiores partidos só se salva Lula da Silva, que têm sua condenação marcada para o dia 24 de janeiro. O julgamento foi feito. Mas Lula sempre foi muito maior que seu débil PT. O partido nunca teve Lula. Lula tinha seu partido. E isso não é um jogo de retórica, é a realidade brasileira que sempre idolatrou líderes - ainda que de má memória - em detrimento de partidos. O índice de confiança dos brasileiros em seus partidos está na cota "água no nariz", afogando. Os dados são demolidores, apenas 2% dos cidadãos dizem confiar nos partidos. Não deveria estranhar, portanto, que os jovens não queiram aderir aos grandes partidos. Urge uma renovação de governantes e de partidos antes que a missa acabe...

Antes da missa fúnebre dos partidos políticos

A mais pura verdade sobre a mentira.

"Este vestido deixa meus quadris grandes? ", a esposa perguntou ao marido. Ele examina o vestido... hesita... e diz a verdade: "Talvez um pouquinho". A mulher sai da sala, furiosa. O humor funciona porque reconhecemos a pergunta como um pedido de elogio disfarçado, ou como um teste de amor. Talvez a costureira da mulher fosse incompetente, ou, talvez, ela precisasse perder peso. São mentiras inocentes as mais praticadas. A maioria das pessoas não conta mentiras hitlerianas, mas quase todos obscurecemos a verdade apenas para fazermos os outros, ou nós mesmos, se sentirem melhor. E quanto nós mentimos? Cerca de 10%, de acordo com a economia comportamental.
Em um experimento em que os participantes resolvem equações matemáticas em um período limitado de tempo, e são pagos por cada resposta correta, os participantes conseguiram, em média, apenas 4 respostas corretas em 20 testes quando entregavam a prova para o professor na sala de aula. Na segunda condição, em que os participantes contavam suas respostas corretas, destruiam a folha de respostas e comunicavam o resultado a outro professor de outra sala, a respostas corretas subiram para 6 em 20 testes - um aumento de 10%. E os 10% de mentiras persistiram mesmo quando a quantia paga subiu de 25 centavos para 50 e depois para US$1, US$2 e até US$5. Todavia, quando a quantia paga por resposta correta subiu para US$10, as mentiras diminuiram.
A mentira, raramente, é uma análise de custo-benefício. Ao contrário, é uma forma de auto-ilusão em que pequenas mentiras nos permitem melhorar nossa auto-imagem. Mentiras grandes não são assim. Mas elas estão vinculadas ao tempo em que o mentiroso decide se mente ou fala a verdade.
Em outra pesquisa com dados, em que os participantes relatavam a face sorteada sem o professor ver e ganhavam muito dinheiro conforme os números fossem mais altos, ficou constatado que os que tinham pouco tempo para decidir entre a verdade ou a mentira, mentiam. Os que tinham tempo para pensar, falavam a verdade. Os dois experimentos sugerem que pessoas têm tendência maior de mentir quando o tempo é curto mas, quando o tempo não é problema, elas mentem quando se auto-justificam.
Talvez a esposa não deu o tempo necessário para o marido falar a verdade.

Antes da missa fúnebre dos partidos políticos

O ano de Luther King e a música de New Orleans.

O profundo sul. Assim chamam essa parte do baixo Mississipi, tão ligado à Guerra Civil. O "Deep South" das mansões com grandes colunas brancas, os campos de algodão do Mississipi ou os caimãs flutuando nos pântanos da Louisiana, Georgia, Alabama... uma ampla região que os levará rapidamente aos tempos da escravidão e também aos da luta pelos direitos civis. Especialmente em 2018, quando fará 50 anos do assassinato de Martin Luther King Jr. em Memphis e inaugurarão vários pontos de interesse vinculados aos direitos civis. Por exemplo, o Monumento à Paz e à Justiça, em Montgomery, no Alabama, uma impressionante estrutura de colunas suspensas em homenagem às 4.000 vítimas documentadas de linchamentos dos EUA.
New Orleans pertence a outro mundo. Um maravilhoso mundo de festas diárias, que aumentarão em 2018 quando celebrará 300 anos de sua fundação. Quem não gosta de alegria e música deve evitar N.Orleans. Uma viagem pela região deve incluir um roteiro que contemple muito blues, um salão de bailes zydeco - o ritmo rural com acordeão e violino do delta do Mississipi - e o Cajún Country Club de Louisiana. Não pode perder uma noitada, pelo menos, na Bourbon Street, a única rua dos EUA onde a população pode andar com uma garrafa de bebida alcoólica nas mãos. Essa é uma rua comum durante o dia e um lugar de festa à noite. A rua é fechada e milhares de pessoas por ela transitam à procura de seu ritmo de jazz predileto. Há bares, restaurantes e salões de dança para os mais jovens, com jazz-palavrão-acelerado, há jazz melancólico, há jazz instrumental, jazz cantado, jazz alegre... e há as bandinhas de jazz nas ruas e praças...todas amadoras, fazendo o povo dançar todos os fins de semana (era todos os dias antes da enchente). E o melhor, é gratuito. Não à toa, o carnaval de N.Orleans é considerado o segundo melhor do mundo, só perde para o de Veneza.

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