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Em Pauta

Aqueles fascistas que proíbem comer carne

Mário Sérgio Loenzetto | 16/01/2018 06:51
Aqueles fascistas que proíbem comer carne

O primeiro passo foi dado, a Assembleia Legislativa de São Paulo proibiu o consumo de carne às segundas-feiras. Não demora para a bancada da alface, em Brasília, impor alguma idiotice assemelhada a todos brasileiros. Em nome do combate à bancada do boi e da bala, seremos proibidos de comer nosso sagrado bife. Nada mais fascista. E esse não é um xingamento. Assim como Benito Mussolini tentou proibir os italianos de consumirem macarrão, surgem brasileiros que intentam nos proibir do consumo da carne.

Aqueles fascistas que proíbem comer carne
Aqueles fascistas que proíbem comer carne

Mussolini tentou banir o macarrão.

 

Aqueles fascistas que proíbem comer carne

Como a Itália dependia da importação de trigo devido ao elevadíssimo consumo desse grão para a produção de pães e de macarrão, Mussolini pedia que a população reduzisse o consumo de pão e se abstivesse de comer macarronada. O ditador chegou a escrever um poeminha a respeito. Ele desejava que os fazendeiros produzissem mais arroz e o trigo italiano iria apenas para os pães.
Para além dos interesses nacionalistas, Mussolini passara mais de vinte anos sofrendo com fortes dores gástricas. O fato é que ele vivia sob uma dieta drástica. Trocara as bebidas alcoólicas e o café por leite, camomila e laranjadas que gostava de tomar geladas. Assim como comia pouco e se alimentava preferencialmente de purês.
Na encenação que Mussolini fez de sua própria pessoa, procurava exibir um físico que o ligasse a seu povo. Praticava exercícios, era um esgrimista temido e cavaleiro razoável. Aprendeu a pilotar aviões, dirigir motos e aparecia ao volante de um carro de corrida ou de uma lancha sem causar vexame. A exibição do corpo com o busto nu, forte, disposto a todas as proezas e exercícios, fazia parte da propaganda e escondia sua debilidade gástrica. Da experiência pessoal foi um pulo para a tentativa de impedir o povo de consumir macarrão. Como todos sabem, o macarrão é para os italianos o mesmo que a carne bovina é para os brasileiros. Um prato quase sagrado e onipresente. Não é difícil imaginar que o povo derrotou Mussolini em seu intento maligno. Passaram a comer mais macarrão do que nunca.

Aqueles fascistas que proíbem comer carne

A vitória do fascista tailandês.

 

Aqueles fascistas que proíbem comer carne

Pad Thai têm a mesma importância da macarronada para os tailandeses. Hoje, é seu prato predileto. Imaginamos que sempre foi assim, mas essa não é a verdade. O prato - mistura de macarrão, ovos, frango, tofu, broto de feijão, amendoim e molho de peixe - se tornou popular na Tailândia graças ao fascismo. Na década de 1930, a Tailândia, que era então chamada de Sião, estava sob o jugo de um fascista de nome Plaek Phibunsogkhram. Ele era o fã número dois de Benito Mussolini (o número um era Adolf Hitler). O maior objetivo do Plaek era unificar a Tailândia em uma só cultura. Inclusive a alimentar. Algo como abolir os pratos nordestinos e nortistas. E todos os brasileiros passarem a comer só alfacinha e rúcula. Ao invés de adotar o caminho de seu líder Mussolini e proibir alimentos variados, adotou o aumento de impostos sobre eles. Foi uma conquista a ferro e fogo, mas o Pad Thai passou a ser o alimento preferencial de todos os tailandeses.

Aqueles fascistas que proíbem comer carne

O genial japonês e seu macarrão com molho de frango. O nascimento do macarrão instântaneo.

Aqueles fascistas que proíbem comer carne

Há um ditador mais severo que Mussolini ou Plaek. A fome costuma cobrar com vidas qualquer insubordinação. O Japão acabara de sair da Segunda Guerra Mundial. A fome se alastrava. Como alimentar a todos, era a maior indagação do governo japonês. Havia uma quantidade insignificante de farinha no país. Como em quase todos os países do mundo, o macarrão é a solução adotada para o combate à fome.
Momofuku Ando via uma multidão quilométrica, passando por horas sob o frio inclemente, apenas para conseguir uma tigela com macarrão para toda a família. Essa tigela adiava a morte por um dia. Ele imaginou que esse problema poderia ser resolvido se pudessem cozinhar macarrão mais rapidamente.
Ando não limitou sua ideia a salvar a vida apenas dos japoneses. A Europa e parte da África e da Ásia viviam sob as mesmas condições. A fome tomara conta de amplas terras do planeta. Ele queria criar algo que alimentasse o mundo. E o macarrão foi a resposta. Mas não qualquer macarrão. Ando era um japonês culto, sabia que só o consumo de frango é permitido em todos os países do mundo. Tanto a carne bovina como a suína enfrentam restrições em muitos países. Trabalhando com equipamentos de segunda mão, em um barraco de seu quintal, Ando descobriu uma maneira de fritar macarrão em caldo de galinha e depois secá-lo em bloco, para que pudessem ser preservados por longo período de tempo.
Por causa de seu método de secagem, o macarrão do Ando poderia ser cozido em um ou dois minutos após jogar água quente sobre ele. O produto tomou conta do Japão e de toda a Europa. Demorou a chegar ao Brasil. Ando ficou multimilionário.

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