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Em Pauta

Como a ignorância criou o movimento antivacina

Mário Sérgio Lorenzetto | 05/12/2020 07:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Um em cada quatro brasileiros não tem certeza se tomara a vacina contra a covid-19. Dentre eles, aproximadamente 16% tem certeza que não aceitará essa injeção. A nova onda antivacina veio com a mentira criada pelo médico norte-americano Andrew Wakefield, que relacionou o aparecimento de autismo com a vacina triplice (caxumba, sarampo e rubéola). Mas esta é a nova adoração no templo da ignorância. O movimento antivacina é muito mais antigo, nasceu com a chegada da vacina no Ocidente, em Londres.


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Uma madame e uma rara  princesa princesa culta lutam contra todos.

A história da chegada da vacina ao Ocidente foi contada nesta coluna há poucos dias. Lady Mara Montagu, uma madame da alta no reza inglesa, culta e rebelde, foi a responsável pela façanha de aprender a técnica da vacina na Turquia e a levar para Londres. Só encontrou refeições. Raríssimas pessoas aceitaram essa novidade. Mas em 1721, outra epidemia de varíola assolou Londres. A princesa de Gales, Caroline, esposa do futuro rei Jorge II, era mãe de cinco crianças. Caroline, como Mary, também era muito culta. Ela se correspondia com o pensador Leibniz e outras mentes brilhantes de seu tempo. Não à toa, ela e Mary se deram bem. E iniciaram uma cruzada para todos usarem a técnica da vacina.


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Prisioneiros tomam a vacina.

As duas tentaram a permissão do rei Jorge I para vacinar os cinco filhos de Caroline. Ele negou o pedido. Não,iamarrisvar a vida de seus descendentes com essa técnica turca. Mas elas não desistiram. Organizaram, com a concordância do rei, um experimento com voluntários encarcerados. Em troca, os prisioneiros que fossem vacinações, receberiam o perdão real. Três homens e três mulheres aceitaram a inoculação. Foi feita e acompanhada por uma plateia de dezenas de médicos e cientistas. Cinco ficaram imunes. O sexto já tinha tido varíola. O reizinho exigiu mais pesquisas. As duas, Mary e Caroline, encontraram outra prisioneira que aceitou a vacina e ficar deitada na cama de um menino que enfrentava um caso severo de varíola. Ela cuidou do menino e não pegou a doença.


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Depois, os órfãos tomaram a vacina.

Mas o reizinho, como a maioria dos governantes, era ignorante. Exigiu mais testes. Resolveram testar em onze órfãos. Os resultados, mais uma vez, foram excelentes. Em setembro de 1721, as portas da prisão se abriram e seis prisioneiros saudáveis e inoculados saíram em liberdade. Junto com os onze órfãos, formavam a primeira turma de imunizados. Era um momento histórico. Foram os "primeiros testes clínicos", como os chamamos hoje em dia - para testar remédios e vacinas em grupos de humanos e descobrir se são seguros e eficazes.


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Os anti-inoculadores da Inglaterra. Nasce o movimento antivacina.

Com a fama da vacina contra a varíola tomando conta de Londres, surgiram os anti-inoculadores, os "país dos antivacina" atuais. Eles protestaram em panfletos, jornais, pubs e cafeterias. Alguns eram xenófobos, afirmavam que a prática era estrangeira e bárbara. Outros, eram misóginos, não aceitavam um movimento que tinha duas mulheres no comando. Havia aqueles que entendiam que aquilo não era de Deus. Havia também um movimento político. Como as duas mulheres eram da nobreza, os anti-realeza, viam a vacina com desconfiança. Observem, é o mesmo agrupamento de sempre. Para qualquer avanço da medicina, xenófobos, políticos e religiosos atrasados, aparecem, em guarda para preservar o status quo. Para eles, deveríamos continuar na Idade da Pedra.
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