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Em Pauta

Como trocamos a banha de porco por óleos vegetais

Mário Sérgio Lorenzetto | 04/01/2020 08:22
Como trocamos a banha de porco por óleos vegetais

Durante muito tempo o Ocidente - e o Brasil - usou a banha de porco para cozinhar alimentos. Há um século, os profissionais de marketing da Crisco - uma empresa do ramo de alimentos norte americana - foram pioneiros em técnicas de publicidade que incentivavam os consumidores a não se preocupar com os ingredientes dos alimentos. Em vez disso, passaram a criar a ideia de que existiam marcas confiáveis. A partir dessa campanha, o Ocidente passou a pensar que existem apenas marcas em que podem confiar, não interessando mais no conteúdo dos alimentos. Foi uma estratégia bem-sucedida que outras empresas acabariam copiando. A que obteve maior sucesso foi a Coca Cola. Compre a marca, mesmo não sabendo o que a garrafa contém.

Como trocamos a banha de porco por óleos vegetais

Sai a banha, entra o óleo de algodão.

Durante a maior parte do século XIX, as sementes de algodão foram um incômodo. Quando os norte americanos passaram a usar jeans, deixaram para trás montanhas de sementes de algodão. As primeiras tentativas de moer essas sementes resultaram em um óleo desagradável, escuro e fedorento. Muitos fazendeiros deixavam pilhas dessas sementes simplesmente para apodrecer.
Somente depois que um químico denominado David Wesson teve sucesso em técnicas industriais de branqueamento e desodorização no final do século XIX, o óleo de semente de algodão tornou-se claro, sem sabor e com cheiro neutro, foi o suficiente para atrair os consumidores. Logo as empresas passaram a vender óleo de algodão em baldes, para se parecer com banha de porco.

Como trocamos a banha de porco por óleos vegetais

Não existia infarto.

Não existem relatos de infartos nos Estados Unidos até 1911, quando se utilizava apenas a banha de porco. Foi a partir dessa época com a Crisco fazendo uma grande campanha publicitaria e com a invenção da hidrogenação, que o óleo de algodão começou a entrar nos lares. Em 1930, já havia a informação de mais de 300 infartos agudos do miocárdio. Esse problema chegou à casa dos 30.000 casos em 1960. E foi nessa época, com o surgimento das primeiras dúvidas de que a troca da banha pelos óleos vegetais começava a surgir, que criaram os "especialistas". Eles criaram a noção de que banha faz mal e óleos vegetais são ótimos para a saúde. Surgia uma nova indústria, a que relacionava alimentação com saúde. Tal como a criação publicitária da Crisco, há muito gato sendo vendido como se lebre fosse por essa indústria. O Brasil e o Ocidente copiaram a tendência norte americana. A banha foi mandada para o inferno.

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