Depressão, esquizofrenia, as máquinas começam a fazer diagnósticos
Um estudo do ano passado publicado na revista cientifica “Nature” identificou seis biotipos de depressão à partir das dinâmicas cerebrais de mais de 800 pacientes. Mediante ressonâncias magnéticas, observaram, por exemplo, que algumas depressões ocorriam por superatividade cognitiva, enquanto outras tinham um padrão de baixo rendimento no circuito dos neurônios que controlam a atenção. A maioria desses estudos estão sendo realizados nos EUA. Já na Dinamarca, estão usando ferramentas de realidade virtual. E os dinamarqueses acabam de demonstrar que a taxa de falsos positivos para a depressão pode ser superior a 60%. Para eles, os transtornos bipolares podem facilmente ser confundidos com psicoses. Também criticam o excesso de diagnósticos de esquizofrenia.
É muita depressão!
Os norte-americanos observaram que o primeiro tipo de depressão - a de superatividade cognitiva - respondiam melhor a certos tipos de anti-depressivos, já para o segundo tipo de depressão - a de baixo rendimento - a psicoterapia não funcionava. Em outro grupo de pacientes, a norma era uma hiperconectividade de circuitos cerebrais. E ainda havia três outros biotipos com suas particularidades neurológicas e diferentes níveis de resposta terapêutica. A tecnologia começa a “afinar” o diagnóstico psiquiátrico.
Alta subjetividade.
Até agora, a psiquiatria era um campo da medicina em que a categorização do paciente - responder qual doença ele tem - era muito subjetiva. Estava baseada no que conta o paciente e o que interpreta o doutor à partir do relato ouvido. Hoje, passam a buscar nas máquinas melhores diagnósticos, pouco ou nada subjetivos. Não é uma tarefa simples, o DSM - o livro que funciona como a Bíblia do diagnóstico psiquiátrico - nos mostra 300 tipos de transtornos psicóticos.
Você é “vago”?
Você ouviu falar em adoecer de “vaguidade”? Está no DSM. Diz que é um sujeito “vago”, que não consegue ser preciso, não tem exatidão. O DSM é bem complexo e complicado. A pergunta que fica é: as máquinas conseguirão diagnosticar esses 300 tipos de transtornos e suas milhares de variáveis?
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