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Em Pauta

Ecos da homenagem ao torturador e a ditadura

Mário Sérgio Lorenzetto | 01/05/2016 08:31
Ecos da homenagem ao torturador e a ditadura

De todos os que vilipendiaram nossos ouvidos no domingo, 17 de abril, o maior acinte ficou a cabo de Jair Bolsonaro, que defendeu o golpe de 64, a ditadura militar, e ainda homenageou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, torturador responsável por dezenas de mortes. Ustra, dentre outros crimes hediondos, é acusado de ter esquartejado o advogado, engenheiro e jornalista Rubens Paiva.
Se o discurso de Bolsonaro aconteceu, é sinal de que somos um país que mal consegue escrever sua história, sua memória. E já que o deputado federal enaltece a ditadura é importante que recordemos que existem cláusulas pétreas na Constituição brasileira. Elas não podem ser modificadas e nem discutidas em qualquer proposta de mudança de nossas leis. São tão somente quatro. Não podemos acabar com os Estados que compõem nossa Federação. Não podemos eliminar o voto direto, secreto, universal e periódico. Também não é permitido propor o término da separação dos poderes e nem a eliminação dos direitos e garantias individuais. A atenção está na impossibilidade legal de qualquer forma de ditadura (não podemos eliminar o voto direto...). Então, o que deseja Bolsonaro? Homenagear a ditadura é clamar por seu retorno. Pois que vá aos quartéis e tente começar a caçada aos democratas. Os militares tem se mostrado surdos a essas sereias do apocalipse. Ou serão vivandeiras? As Forças Armadas são as únicas instituições isentas de qualquer crítica nas últimas décadas.
"Se o Bolsonaro não tem nada para fazer, fica a sugestão de convocar o Delcidio para planejar a fuga do Lula"

 

Ecos da homenagem ao torturador e a ditadura

A obscenidade do fascismo.

Escrever sobre o fascismo é obsceno, mas necessário. Há dezenas, talvez centenas de livros sobre o tema. Um dos mais interessantes é "Complô contra a América", do judeu norte-americano Philip Roth. Grande parte de sua obra explora a natureza do desejo sexual. O mais conhecido no Brasil é "Complexo de Portnoy". Para muitos leitores, Roth é obsceno.
"Complô contra a América" é ambientado nos Estados Unidos dos anos 1930 a 1940. No livro, Roth cria uma ficção, não desprovida de lógica. Ele imagina o que teria ocorrido caso o aviador Charles Lindbergh, um herói dos EUA por ter atravessado o Atlântico sem escalas , adepto do nazismo, tivesse se lançado candidato à presidência pelo Partido Republicano e vencido as eleições de 1940. Vale a pena imaginar ou ler o libelo de Roth contra o fascismo. Em tempos de Donald Trump e de Bolsonaro chega a ser uma leitura amena.

Ecos da homenagem ao torturador e a ditadura

Quase R$ 300 milhões são necessários para melhorar a hidrovia Paraná-Tietê.

Em 2014, a seca nos reservatórios de água das usinas de Três irmãos e Ilha Solteira levaram à interrupção do trafego de comboios da hidrovia Paraná-Tietê. A paralisação afetou o transporte de cargas de madeira e celulose que saiam de Três Lagoas. Fechar uma hidrovia é um crime econômico e ambiental. O transporte hidroviário é muito mais eficiente. A distância percorrida transportando uma tonelada de carga com um litro de combustível via hidrovia é de 220 km. Na ferrovia são 85 km e, na rodovia, 25 km. A liberação da hidrovia ocorreu no fim de janeiro de 2016. Para melhorar esse eficiente meio de transporte, o governo do estado de São Paulo estuda a ampliação do canal. Não será uma tarefa fácil.
Há uma lei (9.433/1997) que determina a prevalência do setor elétrico sob os demais. Essa lei interfere na navegação do Paraná e na piscicultura. Para conseguir algum desembaraço, São Paulo está discutindo na Agência Nacional de Águas (ANA) a outorga do uso dessa hidrovia, mas há necessidade de que essa outorga tenha o beneplácito do DNIT. Uma grande confusão. A hidrovia Paraná-Tietê tem 2,4 mil km de extensão - 800 km no Tietê e o dobro no rio Paraná - e uma capacidade de movimentação de 6 milhões de toneladas de carga por ano. Em 2015, foram transportadas 4,5 milhões de toneladas. A melhoria só terá início com a ampliação do canal de Nova Avanhandava, em São Paulo, uma obra de quase R$ 300 milhões, que prevê aprofundar em 2,4 metros um trecho de 10 km da hidrovia. O objetivo é ampliar a capacidade de transporte para 11 milhões de toneladas de carga por ano.

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