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Em Pauta

Está claro que chegamos ao fim do ciclo do distributivismo populista no Brasil

Mário Sérgio Lorenzetto | 04/11/2015 08:20
Está claro que chegamos ao fim do ciclo do distributivismo populista no Brasil

Não existe almoço grátis. Chegou a hora de reorganizar o distributivismo brasileiro.

Chegou a hora de pagar a conta. Está muito claro que chegamos ao fim do ciclo do distributivismo populista no Brasil e no continente, seja quem for o próximo presidente. É uma situação mundial. Aconteceu também na Grécia. A população não admitia, elegeu um ultra-esquerdista que dizia que o almoço grátis teria de continuar. Mas acabou tendo de aceitar as medidas de austeridade. Esse modelo distributivista está encerrado. Não importa o que dizem Lula, Dilma, Aécio, Cunha e todos os políticos. Aliás, o país chegou a esse ponto devido às "façanhas" verbais de todos. Por cinco a seis anos, o volume de dinheiro que entrava no país, permitiu a construção desse modelo. O dinheiro agora é "regrado", diminuto e o modelo faliu. Precisamos de alguém que diga e conduza uma política de austeridade com o dinheiro público. O maior dos nossos problemas é a inexistência de líderes que digam, e nos conduzam, à austeridade verdadeira. Eles procuram retirar mais dinheiro da sociedade aumentando todos os impostos que existem no país - municipais, estaduais e federais - visando tão somente a manutenção do falido modelo distributivista. Não querem trabalhar reorganizando as prefeituras, governos estaduais e federal. Lutam pela manutenção de programas que são impossíveis ou necessitam de profunda reorganização. E isso dá muito trabalho. Esse é um erro histórico de graves consequências. Muito mais graves que os Lava Jatos e similares. Devido à inépcia governista, teremos um 2016 com uma economia mais crítica que foi o 2015. Mais empresas fecharão as portas, mais pessoas irão para as ruas da amargura do desemprego, a insegurança nas ruas crescerá. Estamos perdendo qualquer possibilidade de equilíbrio entre os cofres governamentais e os empresariais.

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O garçom e a Bolsa Família.

Um restaurante francês ou de outro país europeu tem poucos garçons. Nos brasileiros há dezenas. Por lá o salário é alto e por isso se torna impossível sustentar uma folha salarial com mais do que raros garçons. Eles têm uma política organizacional que o garçom só irá, no máximo, sete vezes à mesa atender o cliente: na chegada, para atender o pedido, para levar os pratos e talheres, recolher os pratos e receber o pedido da sobremesa, retirar a sobremesa e, por fim, levar a conta. No Brasil, queremos um garçom disponível para atender os nossos mais detalhados pedidos. A herança escravista está enraizada fortemente em todos os setores da sociedade. O Bolsa Família é um programa da mais elevada importância para nos auxiliar, a todos, a sair do divã do senhor de engenho. Ele atende quase 14 milhões de pessoas e custa R$ 25 bilhões, 0,5% do PIB. Uma válvula da panela de pressão que funciona apesar de mal organizado. Pasmem: o INSS custa R$ 450 bilhões e é extremamente mal pensado e organizado, especialmente no setor rural. O estranho é que muitos não param de discutir a eliminação do Bolsa Família e não admitem o debate das mazelas do sistema de previdência nacional.

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A máquina de lavar e o boleto dos impostos da empregada doméstica.

Na Europa e nos Estados Unidos não existem empregadas domésticas. As famílias mais ricas não têm como arcar com o salário elevado delas. Foi a partir do reconhecimento de que as empregadas domésticas, um dos resquícios da Casa Grande e Senzala, devem receber salários elevados que os lares europeus e norte-americanos se equiparam e transformaram a sociedade.

As casas são construídas em uma linha de montagem. Ainda que as fachadas sejam diferentes, são muito semelhantes internamente. Algumas características saltam aos olhos: as máquinas. As mais importantes são de lavar e passar roupas, como não há empregadas domésticas, elas são eficientes e hiper utilizadas. Lavam, secam...e não passam...vão direto para os armários. Europeus e norte-americanos, não se incomodam em ser "amarrotados". Os tecidos evoluíram e amarrotam facilmente, além de criarem a moda do amarrotamento e dos buracos nas calças.

A cozinha moderna mundial não é "chamada americana" à toa. Elas foram pensadas nos EUA. Ela está diretamente conectada com a sala de jantar, porque não há ninguém para servir. Na pia, há triturador de comida e de restos orgânicos. Sabem o que é triturador de alimentos? Só se viram no cinema. Basta limpar os pratos diretamente na pia, ligar o triturador, passar uma água nos pratos e coloca-los no lavador e secador de louças. Conhecem pires europeus ou norte-americanos? Eles são raros, quase inexistentes. São desnecessários e seriam mais uma inutilidade para lavar. A nossa lavanderia de roupas é da época da escravidão. A nossa cozinha é igual à da Casa Grande do sinhôzinho dono de escravos.

O Brasil dos governantes só é eficiente na coleta de impostos. Todavia, a concepção de mundo escravocrata é tão enraizada que até para arrecadar os impostos da empregada doméstica recebemos nota zero. Foi um "parto da montanha" para organizar o site de cadastramento de empregadas e patrões. Ele é tão ligado à escravidão que pergunta a raça da empregada doméstica. Após atrasos consecutivos, a emissão do boleto de pagamento dos impostos está sendo uma façanha digna de Hércules ou de hackers. Triste governo socialista-escravocrata, que é incapaz até de cobrar impostos.

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Lidando com a careca de todos.

Na Inglaterra de 2006, o candidato Mark Oaten era uma estrela em ascensão. Seu brilho se apagou quando descobriram que o político também gostava de festejar com garotos de programa e ele fazia o papel do tradicional pai de família conservador. A explicação que ele deu foi de que teve uma crise típica da meia-idade, uma reação à perda de cabelo precoce que sofria. Ainda não existem pesquisas que liguem calvície a "pulada de cerca", mas Oaten tinha onde se apegar. Se o cabelo realmente é a moldura do rosto, como afirmam os cabeleireiros, ao perdê-lo, algumas pessoas se sentem como um quadro pintado por um orangotango. A calvície está ligada a problemas mentais porque afeta a percepção da pessoa sobre si mesma. "A alopecia [nome científico da calvície] tem poucos efeitos físicos nocivos, mas pode levar a consequências psíquicas, incluindo alto nível de ansiedade e depressão" afirmam os psicólogos Nigel Hunt e Sue McHale. no livro "Coping with Alopecia".

Existem rumores de que está para chegar ao mercado um novo remédio capaz de fazer o cabelo voltar a crescer. No Brasil ser careca ou ser propenso à calvície é um problema que atinge 42 milhões de pessoas. Quem perde de 100 a 200 fios de cabelo por dia é considerado normal. Muitos especialistas se descabelam para entender a calvície e encontrar sua solução. Existem várias pesquisas focadas na área da genética e no uso de células-tronco. Talvez os mais avançados sejam o da marca de cosméticos japonesa Shiseido e da Universidade do Sul da Califórnia, eles afirmaram ter encontrado a reversão da queda de cabelo, mas ninguém sabe ainda quando chegará às farmácias (e se chegará efetivamente).

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A glorificação do fracasso é uma besteira.

Essa coisa sem sentido de elogiar o erro entrou na moda a partir do Vale do Silício, onde "falhar rápido e falhar sempre" é uma coisa que se passa por sabedoria. A glorificação do fracasso é baseada em equívocos. O mais importante está na ideia de que aprendemos com nossos erros, quando não há evidencia científica de qualquer coisa semelhante. Eu, certamente, não aprendo com os meus. O mundo está abarrotado de gente que continua insistindo nos mesmos erros. Um estudo feito há poucos anos pelo MIT, um dos mais importantes centros de inovações do mundo, mostrou que os macacos aprendem muito mais quando fazem as coisas de maneira certa do que quando erram. Quando são recompensados por fazerem uma escolha correta, eles se lembram disso e podem repeti-la, mas depois de fazer algo errado, eles tendem a não se lembrar de nada. Outro equívoco que inventaram é o de que o medo de errar nos paralisa. Isso é uma bobagem. Quase todos os cirurgiões sentem medo nas cirurgias mais complexas, mas assim que começam, o medo se vai e salvam nossas vidas.

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