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Em Pauta

Há futuro para o liberalismo brasileiro?

Mário Sérgio Lorenzetto | 03/08/2020 07:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

O Brasil está passando pelo pior trimestre econômico da história. Se essa tendência continuar, teremos de enfrentar a mais profunda depressão do século. As calamidades econômicas e de saúde são experimentadas pela maioria das pessoas como se fossem desastres naturais e sociais completos. As pessoas sentem ondas intensas de medo do futuro. Querem um líder que promova a paz e tranquilidade e não um guerreiro. Que demonstre otimismo, mas não falte com a verdade. Querem um Franklin Delano Roosevelt e seu New Deal, o melhor exemplo de como sair do desastre dentro do capitalismo.


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Depressão e três vertentes.

A Depressão de 1929 foi enfrentada por três sistemas antagônicos: o capitalista norte-americano, o fascista italiano e o socialista soviético. Há milhares de livros no Brasil sobre o nazi-fascismo e sobre o socialismo. Há raríssimos estudos sobre o capitalismo desse período. Não contam que o New Deal levou, acima de tudo, segurança para aposentados e idosos e nem que criou 8,5 milhões de empregos seguros.


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Pragmatismo e anti-ideologia.

Havia um forte viés anti-ideológico na administração de Roosevelt e uma vontade imensa de experimentar. O primeiro instinto de Roosevelt foi cortar os gastos do governo para reduzir o déficit. Capotou. Percebeu que essa cartilha não funcionaria na depressão. Passou a adotar o pragmatismo. E tranquilizou o povo. Percebeu que a população não queria revolução; queria recuperação. Não queriam ideologização.


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Os ataques socialistas.

Roosevelt tinha um forte oponente denominado Norman Thomas. Duas das mais importantes revistas daquela época, The Nation e The New Republic, não apoiaram Roosevelt. Encetaram uma forte campanha contra o New Deal, mobilizaram uma enxurrada de críticas contra Roosevelt. Nos EUA, surgiram centenas de livros pedindo a criação de um novo partido político de esquerda. Entendiam que Roosevelt era um capitalista liberal e não um socialista. Roosevelt respondia: "Quero salvar nosso sistema, o sistema capitalista" e concluía seu discurso afirmando: "Meu desejo é evitar a revolução". Estava tentando salvar o capitalismo dos exageros dos capitalistas, que haviam concentrado muito poder.


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O movimento bancário.

Não há como sair do atoleiro sem os bancos. Roosevelt criou um sem número de sistemas para que os bancos retirassem seus capitais dos cofres e os colocassem nas comunidades. A lista de facilidades é imensa. Há algo que escapa para os brasileiros que já ouviram falar no New Deal: Roosevelt induziu mais empréstimos bancários em poucos meses do que a administração de obras do governo gastou em dez anos. O New Deal era mais inteligente e diversificado do que apenas liberalismo de impostos e despesas, esse que qualquer estudante de economia sabe aplicar.


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Abraço à experiência.

Roosevelt não conduziu a saída da depressão apenas com sua inteligência. A administração de Roosevelt contratou os mais brilhantes economistas, advogados, engenheiros, médicos, professores e assistentes sociais. "Confie no cérebro", era seu lema. Não lhe interessava se esses cérebros eram liberais, de direita ou esquerda. Cooptou todas as vertentes.


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Devolver o poder ao Congresso.

É dada muita atenção à figura de Roosevelt. Ainda que seja merecedor de muitas honrarias, a ação real ocorreu no Congresso. Roosevelt entendeu que não há capitalismo forte sem Congresso. Conseguiu aprovar tantas legislações precisamente por ser pragmático. Não admitiu em momento algum uma guerra polarizada. Não permitia que a temperatura ideológica fosse elevada. Não teremos um Roosevelt no Brasil, mas é possível aprender algumas lições de como sair da depressão sem nos enredarmos em fantasias fascistas ou socialistas.


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Direita: meia volta, volver!

O novo movimento de direita brasileiro não é apenas uma tentativa de dar resposta a certos aspectos da sociedade como o desemprego. Passou, de fato, a ser uma alternativa às pretensões socialistas do antigo e carcomido petismo. O retrocesso do cristianismo - o legado mais influente e duradouro da Antiguidade, a revolução mais radical da história do Ocidente - vem sendo assinalado como evidência da ruína moral. Passeatas gays, AIDs, crescente abuso de drogas pesadas, invasão de terras capitaneadas pelo governo, ambientalismo inimigo do capitalismo, passaram a ser combatidos de fato. A imagem do inimigo também é parcialmente nova: os novos capitais árabes e chineses, que agora desempenham o papel dos judeus como banqueiros do mundo. Esse conjunto de ideias serviu para defenestrar o petismo do poder e reduzi-lo, quando muito, a um partido comum. Nenhum desses elementos nos conduzirá à saída da depressão.


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Algo semelhante a um New Deal.

A escolha histórica é o modelo do New Deal. Uma versão criativa de tudo que Roosevelt nos legou. Nada muito ordenado. Terá de ser adaptado às necessidades atuais e à bagunça brasileira. A construção de um circuito de estradas rodoviárias, férreas e hídricas no Centro Oeste, região onde é forte e majoritário. A conclusão de transposição de rios, ampliação de programas de irrigação e um cinturão de águas que o governo pode concluir e ampliar no Nordeste, onde tem forte rejeição. São alguns dos passos que pode facilmente executar. Reformas tributária e administrativa são necessárias, mas diminutas para o enfrentamento da depressão.
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