Laçar jacaré, o esporte favorito da gurizada na Vacaria
Quase ilhados, com dificílimo acesso a outros lugares, viviam os habitantes da Vacaria - a imensa região entre Guia Lopes e Nova Andradina - no inicio do de 1.900. A fazenda que mais se destacava era a do Domingos Barbosa Martins, apelidado “Gato Preto”, um inteligente e ousado membro da família dos Barbosa.
Os guris observam os jacarés.
Guris criados na fazenda, não ligavam ao perigo e, aos domingos, atiravam-se nas águas dos rios para amenizar o calor. Ricos em peixes e jacarés, distraiam-se os meninos em perseguir os jacarés. Havia os pretos e os de papo amarelo. Os primeiros, eram moleirões, já os de papo amarelo, corajosos e atrevidos, atacando as pessoas até nos barrancos dos rios.
Munidos de laço.
Os guris, filhos e amigos do Gato Preto, excelentes nadadores, quando descobriam um papo amarelo, atiravam-se na água, munidos de um laço trançado de embira, procuravam laçá-lo. O jacaré avançava corajosamente sobre um dos meninos, que mergulhava para despistá-lo. A fera avançava sobre outro guri, que fazia a mesma manobra do primeiro. Ao cansarem o bicho, o laçavam e imediatamente era arrastado para o seco para alegria da gurizada, inconscientes do perigo de algum ficar sem um braço ou uma perna. Era a diversão, o esporte favorito daquela gurizada. O líder era o que possuía mais fôlego, nadava como um peixe e era meio surdo.
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