O 1º médico a lutar contra os micróbios foi perseguido e morreu louco
A história da medicina frequentemente parece um filme de terror. Uma das mais absurdas é a sofrida pelo primeiro médico que lutou contra os micróbios. Em 1.847, Ignaz Semmelweis, um médico húngaro-alemão, que vivia em Viena, percebeu que a ala da maternidade que era cuidada por parteiras apresentava taxas muito menores de mortalidade materna que a dos médicos. Era algo inaceitável. Parteira não podia ser melhor que médico. Mas os números deixavam clara a diferença: 4% de mortes maternas na ala das parteiras contra 10% na dos médicos. A causa era uma doença misteriosa chamada “febre puerperal”.
Terror em Viena.
As futuras mamães vienenses sabiam das diferentes taxas de mortalidade. Elas imploravam e pediam para ser levadas à ala das parteiras. Algumas, no desespero, chegaram a dar à luz na rua a correr o risco de acabar nas mãos dos médicos. Semmelweis estava profundamente insatisfeito com a situação. Um dia, um amigo de Semmelweis morreu por ter sido cortado acidentalmente por um bisturi que tinha sido usado em uma autópsia. Enfim, veio o “estalo”: os médicos costumavam fazer autópsias antes dos partos. Semmelweis disse que existiam “partículas cadavéricas“ que eram levadas às mulheres nos trabalhos de parto.
Toca cloro na mão.
Depois de alguma reflexão, ele sugeriu que os médicos deveriam lavar as mãos com cloro. De imediato, foi além, exigiu que todos os médicos lavassem as mãos antes de se aproximarem das mulheres em trabalho de parto. A iniciativa teve ótimos resultados. No primeiro mês, a taxa de morte caiu de 10% para 2%. No segundo foi ainda melhor: caiu para 1%. Semmelweis começou a relatar essa descoberta para toda a comunidade médica. Entretanto, a recepção foi hostil.
Preso no manicômio.
A resistência acabou deixando Semmelweis tão furioso que ele acusou seus oponentes de serem assassinos. Passou a ser odiado. Em 1.861, foi internado no manicômio. Lá, foi espancado pelos guardas, desenvolveu uma infecção e, ironicamente, morreu de uma infecção aos quarenta e sete anos. Mas o mundo dos micróbios estava desvendado. Já não era um mistério.
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