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Em Pauta

O nascimento da cozinha moderna e os livros de culinária

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 30/12/2023 09:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Se entrássemos em uma cozinha da época dos reis no Brasil, várias diferenças nos saltariam aos olhos. Para começar, não veríamos nenhuma pia. As cozinhas serviam apenas para cozinhar. Lavavam pratos e panelas em uma área próxima à cozinha. Ou seja, cada prato e cada panela tinham de ser levados para uma área de serviço para ser esfregados, secos, e depois levados de volta para a cozinha. Era um vaivém que levou muitas casas a ter uma porta que permitisse esse movimento.


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O livro revolucionário da poetisa.

Existiram muitos livros de culinária. Eram sempre maravilhosamente imprecisos. Diziam "um pouco de farinha" ou "leite suficiente". O que mudou essa bagunça foi um livro revolucionário escrito por uma poetisa inglesa tímida e de temperamento doce, seu nome é Eliza Acton. Como seus poemas não vendiam, a editora sugeriu gentilmente que ela tentasse algo mais comercial. Assim, lançou o primeiro livro a especificar cuidadosamente as medidas e os minutos de cozimento. "Culinária moderna para famílias particulares", o livro escrito por Acton, tornou-se o modelo que todos passaram a seguir. O livro teve sucesso considerável, mas foi superado por uma obra ousada.


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A culinária virou escola.

"O livro da Alimentação Doméstica", de Isabella Beeton, teve uma influência ainda maior que o de Acton. Nunca houve outro livro de culinária assim, tanto pela influência como pelo conteúdo. A verdade é que Beeton criou a primeira escola de culinária do mundo. Ela ensinava não só a cozinhar, mas a administrar uma casa. Dizia que essa era uma atividade muito séria e sem alegria alguma. "Assim como age o comandante de um exército, ou o líder de uma empresa, assim faz a dona de casa", declara ela. Como Beeton não suportava cozinhar, se considerava uma heroína. Uma triste heroína.


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A casa virou empresa.

Ela também detestava qualquer alimento "exótico". Mangas, batatas, alhos, queijos, tomates.... uma lista de alimentos foram enumerados com os piores adjetivos. "Só para preguiçosos, indigestos, venenosos, ofensivos ao olfato, causa vertigem, vômito ....", Beeton não perdoava. Apesar do seu jeito de matrona, Beeton tinha apenas 23 anos quando revolucionou o mundo das mulheres. Elas deixaram de ser cozinheiras, passaram a ser donas de casa. Era uma conquista impensável. Aprenderam a trabalhar com dinheiro, algo que nunca tinham visto. A casa virou uma empresa com uma chefa.
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