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Em Pauta

Os novos xerifes não aceitam encarceramento em massa

Mário Sérgio Lorenzetto | 11/01/2020 07:23
Os novos xerifes não aceitam encarceramento em massa

Algo mudou nos últimos anos nos Estados Unidos. Talvez o fracasso da procuradora democrata Kamala Harris como candidata à presidência da República tenha influenciado. No passado, a noção da existência de um "procurador progressista" pareceria um oximoro ridículo. Uma piada. Mas em uma das mudanças mais impressionantes da política norte-americana na memória recente, uma onda de promotores eleitos contrariou uma abordagem de duras décadas contra o crime. Os novos promotores estão se recusando a enviar criminosos não violentos para prisão. Também trabalham para erradicar o que ainda resta da pena de morte nos EUA. Um dado impressiona: a probabilidade de um promotor arquivar uma acusação criminal contra alguém que foi preso, praticamente dobrou. Passaram a arquivar duas em cada três acusações.

Os novos xerifes não aceitam encarceramento em massa

Os novos xerifes só vencem eleições se forem progressistas.

São 30 os novos xerifes progressistas eleitos. Está acabando a era do encarceramento em massa nos EUA. As plataformas de campanha desses novos procuradores inclui a eliminação das fianças em dinheiro que só favoreciam os milionários, a luta contra a má conduta policial e reverter o encarceramento em massa para trabalhos comunitários. Alguns deles venceram as eleições com incríveis 75% dos votos.
O mais famoso desses novos promotores é Larry Krasner, da Filadélfia. Em um comício de dezembro, o presidente Donald Trump destacou Krasner, chamando-o de "o pior promotor público do país". Aramis Ayala, da Flórida, é outro famoso. Anunciou que não aceitaria mais a pena de morte. O governador da Flórida, Rick Scott, respondeu com uma ação impensável na mesma hora, reabriu 20 casos de assassinatos que poderiam se converter em pena de morte.

Os novos xerifes não aceitam encarceramento em massa

Raça, pobreza e política governamental.

O livro de Michelle Alexander de 2010, "The New Jim Crow", vem merecendo algum crédito por mudar a maneira como os procuradores pensavam sobre as prisões em massa. Alexander classificou esses encarceramentos como uma crise de direitos civis, mostrando que as pessoas não eram simplesmente pessoas más que fizeram más escolhas. Mostra que o encarceramento em massa está intimamente entrelaçado com raça, pobreza e políticas governamentais. Nos EUA, os movimentos civis estão sendo redirecionados para lutar contra os encarceramentos massivos. E se tornaram as peças chaves nas eleições dos novos xerifes progressistas. Eles não só fazem campanha a favor dos candidatos que não aceitam encarceramento em massa, como também promovem manifestações semanais em frente dos prédios onde trabalham os procuradores a favor do encarceramento massivo. Nos EUA, os procuradores são eleitos pelo povo.

Os novos xerifes não aceitam encarceramento em massa

O Brasil segue construindo presídios.

Milhares ou milhões de presídios precisam ser construídos no Brasil. Sem dúvida, é preferível construir presídios do que casas para as populações de baixa renda. Os ricos vivem em suas fortalezas, apelidadas de condomínios. Os pobres vivem em espaços assemelhados a campos de concentração. Basta trancar uma ou duas saídas e fuzilar todos. Só assim teremos paz nesta terra amada por Deus e bonita por natureza. Essa é a "verdade" construída durante séculos pelos poderosos.

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