ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
JUNHO, SEGUNDA  16    CAMPO GRANDE 28º

Em Pauta

Santo de casa, os santos queridos pelos brasileiros

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 11/03/2025 07:00
Santo de casa, os santos queridos pelos brasileiros

Sai farra, entra fé. É tempo de devoção. Santo Antônio, um dos mais vendados pelos brasileiros, arranjou casamentos, participou de batalhas e ainda encontrou Exu nas encruzilhadas. São Brás curou soluços de crianças. São Jorge, meu predileto e de todos corinthianos, além de derrotar os dragões verdes, chegou aos balcões de botequins suburbanos. São Longuinho ajudou os fiéis dispostos a dar três pulinhos, a encontrar objetos perdidos. O temor dos raios e trovões foi abrandado com rezas para Santa Bárbara. Santa Luzia cruzou as trilhas nas matas e sertões em seu cavalinho faminto por capim. E Santa Clara trouxe um sol amarelo feito com gemas dos ovos quebrados. Muitas coisas no Brasil só acontecem com a ajuda dos santos. Mas quem seriam eles e elas? Como surgiram no mapa do cristianismo e encontraram seus caminhos?


Santo de casa, os santos queridos pelos brasileiros

No inicio, Jesus era o mediador.

O cristianismo, em larga medida, redefiniu a luta incessante dos homens contra as tentações ao reconhecer em Jesus Cristo o mediador entre nossas fragilidades e a perfeição expressa em Deus. Mas uma reunião - Concílio - realizada cinquenta anos depois da morte de Jesus e convocado pelas principais lideranças cristãs - Pedro, Paulo e Tiago - abordou uma questão decisiva: os inúmeros não judeus poderiam aderir ao cristianismo sem praticar os requisitos do judaísmo, como a circuncisão? Prevaleceu a opinião de Paulo. Bastava que qualquer um passasse a pertencer à Igreja. Esse é o marco da cisão entre o cristianismo e o judaísmo. Foi assim que, para atender os anseios e não chocar outros povos, deixaram surgir os santos. Se a principio Jesus foi encarado como exclusivo mediador entre a humanidade e Deus, os santos passaram a ocupar esse espaço, enquanto Jesus foi realocado ao lado de Deus Pai.


Santo de casa, os santos queridos pelos brasileiros

Sai martírio, entra a conduta em vida.

Na época das perseguições, santo era aquele ou aquela que dava a vida pela fé em Jesus Cristo. Aos poucos, a perspectiva do que seria santidade vai se modificando. Desde 313, o cristianismo se torna uma religião cada vez mais poderosa. É quando a conduta em vida determina quem deve ser santificado. O santo é alguém próximo das mulheres e dos homens. Está à distância de uma oração, de uma prece, de um pedido feito com fervor. Cria-se uma espécie de negociação. O crente pede, promete e o santo concede a graça em troca da promessa feita. Essa relação chega ao ponto de criar uma espécie de jogo em que o fiel pode chegar até mesmo a punir o santo enquanto a graça não for concedida. É uma vertente do cristianismo muito popular, nada tem a ver com os mandatários. Mas é bem brasileira.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

Nos siga no Google Notícias