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Saúde Viva

O dia em que a promessa se tornou cura

Por Anaísa Banhara (*) | 08/02/2024 07:06

Ao adentrarmos o universo da saúde, é impossível não refletir sobre os avanços notáveis que a ciência tem proporcionado. Recordo-me de um sermão proferido por um padre, há aproximadamente nove ou dez anos, em uma igreja aqui mesmo em Campo Grande-MS. Naquela ocasião, ele destacou que o câncer era o "mal do século", ceifando vidas queridas. Questionou, então, quando Deus concederia sabedoria ao homem para criar uma cura eficaz contra essa doença devastadora. Hoje, testemunhamos um capítulo histórico: a descoberta da cura, através da terapia Car T Cell, para a leucemia linfoblástica aguda (LLA) e o linfoma de células do manto (LCM).

A terapia Car T Cell é uma luz promissora que emana da genética, revolucionando o tratamento do câncer. Embora inicialmente direcionada à LLA e ao LCM, as perspectivas no meio médico-científico indicam sua aplicação em diversos outros tipos de câncer em breve. Este avanço é não apenas impactante, mas também multiplicador de esperança.

Imaginem uma terapia que utiliza as próprias células T do paciente (As células T, também conhecidas como linfócitos T, são um tipo de célula do sistema imunológico responsável por desencadear respostas específicas do sistema imune contra organismos invasores, como vírus e bactérias, bem como contra células cancerígenas. Estas células desempenham um papel crucial na defesa do organismo contra ameaças à sua integridade.), potencializando-as com proteínas reativas. Após esse aprimoramento, essas células são reinseridas no paciente, aderindo às células cancerígenas e destruindo-as. Esta é uma evolução notável que nos remete aos dias de ensino médio, quando aprendíamos sobre o potencial transformador da ciência.

Atualmente, a terapia Car T Cell é desenvolvida fora do Brasil. Contudo, a USP, em colaboração com o Hemocentro de Ribeirão Preto, já está conduzindo pesquisas e recrutando pacientes para estudos de implantação nacional. É fundamental destacar que essa terapia já foi aprovada no Brasil, embora seu alto custo (estimado em 2,5 milhões de reais) a restrinja, por enquanto, a pacientes que não obtiveram êxito com tratamentos convencionais.

É nesse ponto que a conexão com a Constituição Federal do Brasil se torna evidente. Apesar do custo milionário, a judicialização surge como uma esperança de acesso ao tratamento para muitas famílias. O direito à saúde é um princípio constitucional, e a busca por tratamentos inovadores através do sistema judicial destaca a necessidade de assegurar a todos o acesso a terapias que podem representar a diferença entre a vida e a morte.

Portanto, é crucial que os pacientes questionem seus oncologistas e hematologistas sobre as opções de tratamento, e não hesitem em procurar advogados especializados em questões relacionadas a medicamentos de alto custo e a Defensoria Pública. A esperança de acesso a tratamentos tão sonhados está mais próxima do que nunca.

Encerro esta estreia da coluna Saúde Viva desejando que todos possam dormir e sonhar com o perfume da vida.

Beijo a todos,

Anaísa Banhara

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