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Economia

"Foi o mínimo", diz presidente da Associação Comercial sobre juros mantidos

Luciana Brazil | 29/05/2014 16:00
Comércio afirma que consumidors parou de gastar com medo de compromissos futuros. (Foto: Arquivo/ Cleber Gellio)
Comércio afirma que consumidors parou de gastar com medo de compromissos futuros. (Foto: Arquivo/ Cleber Gellio)

A decisão do Copom (Conselho de Política Monetária do Banco Central) de manter a taxa Selic em 11%, deliberação anunciada ontem (28), deixou descontente o setor empresarial de Mato Grosso do Sul. Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande, João Carlos Polidoro, conservar o índice em 11% foi o “mínimo” feito pelo Banco Central. Segundo ele, o setor esperava redução de, pelo menos, 0,25%. “Esperávamos uma queda para permitir que o mercado voltasse a crescer como há oito meses. Queríamos entre 0,25% ou até 0,5% de redução”, esclareceu.

A taxa Selic, pela qual o mercado baliza as taxas de juros, serve de parâmetro para a política monetária do país. Polidoro explica que mantê-la estável não vai estimular o crescimento do mercado. “O varejo tem sentido que a confiança do consumidor está abalada. Não estão comprando e isso reflete na cadeia toda”, disse.

Dados do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) indicam que as vendas a prazo no Dias das Mães, em Mato Grosso do Sul, reduziram 4,69%. “Isso mostra que o consumidor não está assumindo compromissos futuros. Deixa claro que as pessoas não estão comprando”, alerta.

Polidoro ainda lembra que na segundo melhor data para o comércio, Dia das Mães, as vendas no centro da cidade tiveram pequena queda. “Nos shoppings o consumo se manteve estável”, acrescenta.

A taxa Selic é apenas uma referência para os cálculos de juros futuros, regulando o mercado. “Mas é claro que os bancos cobram bem mais. A instituição define quanto irá cobrar”.

Para o consumidor, os juros estão, em média, entre 5 e 6%. “Isso representa mais de 100% ao ano”. De acordo com Polidoro, para o empresário, o investidor, os juros são menores e regulam entre 3% ao mês, em média 45% ao ano.

Banco Central- Quando o ciclo de elevação da Selic começou, em abril do ano passado, a taxa estava na mínima histórica, de 7,25% ao ano. Foram 13 meses de elevações seguidas, totalizando 3,75%.

Em comunicado, o Copom informou que a manutenção dos juros levou em conta a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação. Apesar da manutenção, a taxa Selic permanece no maior nível desde novembro de 2011, quando também estava em 11% ao ano.

Quando a presidenta Dilma Rousseff tomou posse, em janeiro de 2011, os juros básicos estavam em 10,75% ao ano e foram gradualmente reajustados nos meses seguintes. Em agosto do mesmo ano, a taxa passou a ser reduzida sucessivamente pelo Copom até atingir 7,25% ao ano em outubro de 2012, o menor patamar da história.

A Selic foi mantida nesse nível até abril de 2013, quando o Copom iniciou um novo ciclo de alta nos juros básicos para conter a inflação.

A Selic é o principal instrumento do BC para manter a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), dentro da meta estabelecida pela equipe econômica. De acordo com o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação corresponde a 4,5% (centro da meta), com margem de tolerância de 2 pontos percentuais, podendo variar entre 2,5% (piso da meta) e 6,5% (teto da meta).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumulado em 12 meses estava em 6,28% até abril, mais que os 6,15% acumulados até março e cada vez mais próximo do teto da meta. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, o IPCA encerrará 2014 em 6,47%. A estimativa foi elevada pela segunda semana seguida.

Por outro lado, o aumento da taxa Selic prejudica o reaquecimento da economia, que cresceu 2,3% no ano passado e ainda está sob o efeito de estímulos do governo, como desonerações e crédito subsidiado. De acordo com o Focus, os analistas econômicos projetam crescimento de 1,63% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014.

A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la, o Banco Central contém o excesso de demanda, que se reflete no aumento de preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.

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