Apesar de tarifaço de Trump, setor da carne em MS diz que “nada muda”
Vice-presidente do sindicato afirma que produção já foi redirecionada após anúncio da sobretaxa

Mesmo com a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de manter a tarifa de 50% sobre as carnes brasileiras, o setor frigorífico de Mato Grosso do Sul não vê surpresas ou grandes impactos na operação.
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O setor frigorífico de Mato Grosso do Sul não espera grandes impactos com a manutenção da tarifa de 50% sobre as carnes brasileiras, imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo Alberto Sérgio Capucci, vice-presidente do Sincadems, a produção já foi redirecionada para novos mercados, como China e Oriente Médio. As exportações de carne bovina para os EUA caíram em volume, mas o aumento no preço do quilo compensou a queda. Entre janeiro e junho, as exportações somaram US$ 315,5 milhões, um crescimento de 11,4% em relação ao ano anterior. O governo brasileiro estuda medidas de reciprocidade em resposta à nova política comercial dos EUA.
“Não muda nada, já redirecionamos a produção. Continua como estava logo que veio a primeira notícia. Seria muito bom que nosso setor estivesse na lista de produtos sem tarifa, mas não ficou, o plano segue”, afirmou Alberto Sérgio Capucci, vice-presidente do Sincadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de MS).
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A declaração reforça o que o próprio setor já havia sinalizado: a exportação de carne para os EUA, embora importante, já foi suspensa por frigoríficos que operam no Estado. Eles estão buscando novos mercados, como China, Chile e países do Oriente Médio.
O peso da sobretaxa,que adiciona 50% aos já existentes 10%, torna o produto brasileiro cerca de US$ 1,50 mais caro por quilo que o norte-americano, o que inviabiliza a venda. Por isso, frigoríficos com foco no mercado externo já reposicionaram as rotas de exportação.
A expectativa agora é que a carne volte a ganhar fôlego no mercado interno, o que pode levar à queda de preços tanto no varejo quanto para o boi gordo, especialmente em tempos de estiagem e aumento da oferta.
Entre janeiro e junho, as exportações de carne bovina de Mato Grosso do Sul para os Estados Unidos somaram US$ 315,5 milhões, um avanço de 11,4% em relação ao mesmo período de 2024. O volume embarcado, porém, caiu de 387,7 mil para 318,2 mil toneladas. A diferença foi compensada pela alta no preço do quilo da carne, que passou de US$ 0,73 para US$ 0,99, aumento de quase 36%.
Na outra ponta, celulose e ferro-gusa escaparam da tarifa de Trump. Juntos, esses dois produtos representam 36,6% das exportações sul-mato-grossenses aos americanos. A nova política comercial dos EUA levou o Governo Federal a criar um comitê para estudar medidas de reciprocidade e avaliar os impactos à economia brasileira.
Sinais de diálogo - A Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul) avalia que o adiamento de sete dias na entrada em vigor da tarifa e a exclusão de cerca de 700 produtos são sinais de que ainda há margem para negociação. A entidade destaca como positivo o fato de celulose e ferro-gusa, produtos relevantes para MS, terem ficado fora da taxação.
Apesar da carne bovina seguir tributada, a Fiems acredita que a atuação diplomática brasileira já gerou efeitos e pode abrir caminho para novos avanços. A federação reforça seu compromisso com a defesa da indústria local e com a busca por previsibilidade e competitividade nas exportações.
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