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Economia

Com falta de troco na praça, comércio dá brindes para quem trocar moedas

Renata Volpe Haddad | 03/05/2017 14:33
Espaços para moedas em caixa de supermercado estão quase vazios (Foto: André Bittar)
Espaços para moedas em caixa de supermercado estão quase vazios (Foto: André Bittar)
Moedas estão sumindo do comércio. (Foto: Renata Volpe)
Moedas estão sumindo do comércio. (Foto: Renata Volpe)

As moedas viraram artigo de luxo entre comerciantes de Campo Grande, que para conseguir troco estão dando brindes para quem troca certa quantidade. Cada um oferece o que têm, chocolate, salgado e até jogos da Loto Fácil entram como recompensa para quem tira as moedas do cofre.

No desespero para dar troco ao cliente vale tudo. Pedir ao banco, apelar aos clientes, aos ambulantes e há quem já se arriscou em "bocas de fumo". Mas o discurso é unânime: não tem moeda circulando no comércio.

Inês Shirado é proprietária de um sacolão no bairro Tiradentes e afirma que precisa de R$ 75 por dia em moedas para o garantir o bom funcionamento do caixa, mas não sabe mais onde buscar. "Fui ao Banco do Brasil e lá me disseram para esperar dez dias para conseguir apenas R$ 100 em moedas".

Ela diz que na falta do troco o jeito é oferecer algum produto, como balas, ou perguntar se o cliente não quer levar mais nada. "As pessoas evitam andar com dinheiro, os pagamentos são feitos na maioria das vezes com cartão", afirma.

Na lotérica Via da Sorte localizada na Avenida Mato Grosso, bairro Carandá Bosque, quem presta atenção nos anúncios vê que entre eles há uma oferta interessante: a cada R$ 100 em moedas de R$ 1 ou em notas de R$ 2, é possível voltar para casa com um jogo da Loto Fácil.

Segundo a operadora de caixa, Evelyn da Silva Pires, essa é uma brincadeira que a empresa achou para atrair os "guardadores de moeda". "As pessoas pagam com notas altas, principalmente no começo do mês, sempre é R$ 50 e R$ 100. Nem os bancos querem trocar moedas, porque falam que tá complicado de encontrar", diz.

Na avenida Mato Grosso, lotérica oferece jogo da Loto Fácil na troca de moedas. (Foto: Renata Volpe)
Na avenida Mato Grosso, lotérica oferece jogo da Loto Fácil na troca de moedas. (Foto: Renata Volpe)

Centro - Na rua 14 de Julho, região central de Campo Grande não é diferente. Roberto Rachid Bacha é dono do restaurante Momo Lanches e diz que as moedas que mais precisa são as de R$ 0,50 e R$ 1. "Eu sempre separo um valor para não ficar no aperto, mas tem semana que acaba aí troco com vendedores ambulantes. Em forma de agradecimento eu dou um suco ou um salgado".

Bacha acredita que guardar moedas é cultural. "Os pais ensinam os filhos a poupar dinheiro. E com isso as moedas vão sendo guardadas e acabam tiradas de circulação. É algo cultural", comenta. 

Também na rua 14 de Julho, a gerente do restaurante Plus, Dulce Lemes, diz que só não fica sem moedas, pois tem quatro clientes que sempre trocam para ela. "Se não fosse eles, eu não sei o que seria do meu troco, porque as moedas estão sumindo do mercado. O pessoal acaba guardando em casa e pagando com cartão", afirma.

Desde 2014 - De acordo com o Banco Central, a produção de moedas foi reduzida há três anos, devido a necessidade de reduzir despesas públicos federais. Existem hoje, em circulação, 24,8 bilhões de unidades de moedas ou R$ 6,27 bilhões em valor, o que corresponde a uma disponibilidade de R$ 30 em moedas por pessoa e 119 unidades por habitante.

Para resolver o problema de falta de moedas, o Banco Central informa que é necessário que os bancos e o comércio peguem moedas dos clientes, que poderão então ser disponibilizadas para recirculação do dinheiro.

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