Comerciantes recorrem à "compensação" para manter preços de carne e gasolina
Apesar da queda na arroba do boi e da alteração na composição do combustível, o consumidor paga o mesmo valor
Apesar da queda na arroba do boi e do aumento do percentual de etanol anidro na gasolina, os preços para o consumidor final não tiveram queda em Campo Grande na última semana. Mas por que não há mudança? Em resumo, a redução não acontece para compensar o comerciante.
RESUMO
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Comerciantes de Campo Grande mantêm preços estáveis de carne e gasolina, apesar da queda na arroba do boi e do aumento do percentual de etanol anidro na gasolina. Segundo o Sicadems, a manutenção dos valores serve para compensar períodos anteriores em que os aumentos não foram repassados ao consumidor final. No caso dos combustíveis, o Sinpetro-MS explica que não houve redução porque o etanol anidro, que compõe 30% da mistura, tem custo superior ao da gasolina. Na capital, o preço médio do combustível permanece em R$ 5,76, enquanto no interior chega a R$ 7,08.
Na sexta-feira (1º), a Granos Corretora divulgou que a arroba do boi registrou queda de R$ 17,24, no entanto, o valor não mudou nas prateleiras dos açougues e supermercados. Ao Campo Grande News, o presidente do Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul), explicou que isso acontece para compensar os dias de alta.
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“Quando o valor da arroba diminui, os frigoríficos repassam a redução para o varejo. No entanto, o mercado final nem sempre repassa essa redução, porque, quando houve alta nos preços, o varejo segurou os aumentos. Isso ocorre para compensar o aumento que não foi repassado ao consumidor final”, explicou Régis Comarella.
O valor da arroba no dia 31 de julho estava em R$ 293,04. Ontem, o preço subiu R$ 3,69, chegando a R$ 296,73 em Mato Grosso do Sul.
Já para a gasolina, de acordo com o Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos, Lubrificantes e Lojas de Conveniência), não há redução de preços porque o etanol anidro é mais caro que o combustível que sofrerá a adição.
“Os preços médios da gasolina em Mato Grosso do Sul não sofreram alterações porque a mistura de 30% do etanol anidro na gasolina em nada afetou o valor do combustível. O etanol anidro é mais caro que a gasolina, então não há por que existir redução”, explicou o diretor executivo do Sinpetro, Edson Lazarotto.
Segundo a pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo), entre os dias 27 de julho e 2 de agosto, o preço médio da gasolina comum em Campo Grande era de R$ 5,76, com o valor mais alto sendo de R$ 5,99. Já no interior, o preço chegou aos R$ 7,08, com uma média de R$ 6,15 por litro.
Em Campo Grande, o preço do etanol está em R$ 3,57, enquanto a gasolina varia entre R$ 5,57 e R$ 5,64, segundo levantamento em postos Alloy. Para Renan Moreschy, 31 anos, que já foi motorista de aplicativo e hoje atua como montador de móveis, o etanol ainda é a melhor escolha. “Abasteço na maioria das vezes com álcool, acho que compensa mais. A gasolina deu uma estabilizada, faz tempo que não sobe mais”, comenta.
Morador das Moreninhas, ele conta que ainda percorre longas distâncias para atender os clientes, como no dia em que cruzou a cidade até o São Conrado, trajeto de mais de 30 minutos. Atualmente, gasta entre R$ 40 e R$ 50 por dia com combustível, bem menos do que os R$ 110 a R$ 120 diários da época em que dirigia por aplicativo.
Já o empresário Ricardo Mourão, de 38 anos, que trabalha com venda de veículos e percorre toda a cidade diariamente, avalia que a mudança no percentual de etanol misturado à gasolina não trouxe impacto no preço final. “Para mim, aumentou o percentual de etanol, então deveria abaixar o preço da gasolina, mas manteve o mesmo”, critica. Ele abastece todos os dias e afirma não ter sentido diferença no valor cobrado nos postos.
Claudinei Barbosa, 44, é motorista de confeitaria. Ele contou que abastece R$ 200 a cada 3 dias "Senti que deu uma abaixada, mas em alguns postos, a maioria manteve o mesmo. Isso nos últimos dois meses, mas coisa pouca, 2 a 3 centavos. A gente viu uma diferença, procura abastecer em postos com bandeira boa e preço melhor".
Nas ruas - Dono de uma casa de carne no Bairro Maria Aparecida Pedrossian, Junior Benites, 35, contou que compra a carcaça com vários cortes e que sentiu a mudança no preço por quilo a partir de 50 pedaços.
"Nos últimos 15 dias senti essa diferença. Os clientes reclamam do preço e perguntam se a gente não vai abaixar, mas não tem como mexer na tabela assim. O corte que tem mais diferença é a costela, que baixou R$ 2", explicou o comerciante.
Já o motorista José Soares de Souza contou que vai todos os dias ao mercado conferir o valor do produto e não sentiu nenhuma diferença nos preços. Ele conversou com a reportagem em um mercado no Bairro Tiradentes, momento em que foi fazer a análise semanal.
"Não percebi nenhuma baixa nos preços. Às sextas tem promoção, mas, durante a semana, não dá muito para comprar, não, e, geralmente, só abaixam os valores do miolo da paleta, miolo da agulha; as mais nobres não abaixam, não", afirmou José.
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