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Economia

Regra que eleva etanol na gasolina passa a valer, ainda sem impacto no preço

Índice sobe para 30%, mas efeito no bolso do consumidor deve ser quase imperceptível, segundo especialistas

Por Ângela Kempfer | 01/08/2025 08:56
Regra que eleva etanol na gasolina passa a valer, ainda sem impacto no preço
Bomba de combustíveis com opção de etanol e gasolina (Foto: Arquivo)

A partir desta sexta-feira (1º), passa a valer a nova regra que aumenta a proporção de etanol na gasolina vendida nos postos brasileiros. A mistura, que antes era de 27%, agora sobe para 30%. Apesar da mudança, especialistas apontam que o consumidor dificilmente vai notar diferença no bolso.

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A partir desta sexta-feira, entra em vigor a nova regulamentação que aumenta a proporção de etanol na gasolina de 27% para 30% nos postos brasileiros. Apesar da expectativa inicial do governo de uma redução de até R$ 0,11 por litro, análises recentes indicam que a queda, se ocorrer, será entre R$ 0,02 e R$ 0,03. O diesel também sofre alteração, com aumento da mistura de biodiesel de 14% para 15%. Diferentemente da gasolina, espera-se um pequeno aumento no preço, entre R$ 0,02 e R$ 0,03 por litro. As mudanças visam reduzir a dependência de importações, que representam 25% do consumo de diesel e 4% da gasolina no país.

Quando anunciou a medida, no fim de junho, o governo estimava uma possível redução de até R$ 0,11 no preço do litro, o que representaria uma queda de cerca de 1,8% sobre a média nacional da semana passada, de R$ 6,20 por litro. No entanto, análises mais recentes feitas por consultorias e entidades do setor indicam que a queda, se acontecer, será muito menor: entre R$ 0,02 e R$ 0,03 por litro.

Ao jornal Folha de São Paulo, Marcus D’Elia, da consultoria Leggio, o motivo é simples: o etanol anidro (usado na mistura com a gasolina) é mais caro do que o hidratado (vendido diretamente ao consumidor). Isso significa que, na prática, colocar mais etanol na gasolina não necessariamente torna o combustível mais barato — pelo contrário.

Dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da USP, mostram que na última semana o litro do etanol anidro foi vendido por R$ 2,91 nas usinas paulistas, enquanto o etanol hidratado saiu por R$ 2,54. Já a gasolina nas refinarias da Petrobras estava a R$ 2,85. Ou seja, o componente adicionado está mais caro que o próprio combustível base.

Mesmo assim, o governo federal apostou na mudança como forma de aliviar possíveis impactos da crise no Oriente Médio sobre os preços dos combustíveis — algo que acabou não se confirmando. À época, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, chegou a afirmar que a medida permitiria uma economia de até R$ 1.800 por ano para motoristas de aplicativo e taxistas. A estimativa, porém, foi considerada exagerada por entidades do setor, como o Paranapetro, que representa os donos de postos no Paraná.

Além da gasolina, o diesel também passa por mudança: a mistura de biodiesel sobe de 14% para 15% a partir de hoje. Essa alteração, que já havia sido anunciada, foi adiada em fevereiro por causa de suspeitas de fraude no setor e preocupações com possíveis efeitos sobre os preços dos alimentos.

Neste caso, ao contrário da gasolina, o mercado espera um pequeno aumento no preço nas bombas, entre R$ 0,02 e R$ 0,03 por litro. Isso porque os biocombustíveis, como o biodiesel, sofrem variações de preço ligadas a clima e sazonalidade das safras, o que pode influenciar os custos de produção.

Apesar do impacto limitado no preço final para o consumidor, o aumento da presença de biocombustíveis é visto como uma forma de reduzir a dependência de importações. No caso do diesel, as compras externas representam cerca de 25% do consumo do país. Já na gasolina, esse percentual é bem menor, em torno de 4%, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).