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Economia

Desvio de finalidade embargaria venda da UFN3 para Acron, diz senadora

Simone Tebet diz que edital não previa conclusão da obra como indústria de fertilizantes, em Três Lagoas

Silvia Frias | 29/04/2022 12:05
Senadora Simone Tebet, em entrevista nesta sexta-feira. (Foto: Reprodução)
Senadora Simone Tebet, em entrevista nesta sexta-feira. (Foto: Reprodução)

Caso a venda da UFN3 (Unidade de Fertilizantes Hidrogenados III), de Três Lagoas, fosse efetivada para a empresa russa Acron, o contrato poderia ser embargado judicialmente por desvio de finalidade, segundo avaliação da senadora Simone Tebet (MDB-MS). “Era ganhar e não levar”, disse, em entrevista hoje.

A negociação da Petrobras com a empresa russa Acron fracassou depois que a empresa apresentou plano de negócio em que transformava a estrutura apenas em misturadora de fertilizantes, abandonado o plano inicial da implantação de indústria, com capacidade de produção diária de 3,6 mil toneladas ureia e 2,2 mil toneladas de amônia.

Segundo a senadora, o edital já estava irregular, justamente por não constar obrigação de finalizar a indústria de fertilizantes, o que configuraria o desvio de finalidade. A brecha foi confirmada em reunião com a Petrobras, segundo a parlamentar.

Como misturadora, o plano inicial de gerar de 800 a 1 mil empregos diretos em Três Lagoas também seria alterado, reduzindo essa previsão de 50 a 100 empregos.

A empresa também poderia utilizar parte da estrutura como misturadora e desmobilizar o equipamento restante. “Eles poderiam pegar o que era caro e moderno e mandar para a Rússia”, explicou.

Segundo a senadora, o governo de MS e a prefeitura de Três Lagoas tomaram a decisão correta ao suspenderem os benefícios fiscais e a prorrogação da doação da área se o novo plano fosse adotado pela Acron. Sem o aval das administrações locais, a negociação com a Petrobras foi encerrada.

Obra da usina em Três Lagoas foi suspensa em 2014. (Foto: Divulgação)
Obra da usina em Três Lagoas foi suspensa em 2014. (Foto: Divulgação)

Em nota, a Petobras informou que o novo edital deve ser lançado e junho e a senadora informou que já há empresas interessadas na negociação, entre elas, duas petroquímicas brasileiras.

Em março, Simone pediu questionou a Petrobras sobre a venda da UFN3 para a Acron, que iria transformar a estrutura apenas em misturadora. A resposta da estatal veio lacrada, de foram sigilosa e somente poderia ser de conhecimento da senadora. Se divulgasse o conteúdo, poderia incorrer em crime e ser questionada no Conselho de Ética.

Simone disse que o documento foi encaminhado ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para que seja devolvido ao ministério, com pedido para que seja reenviado de forma pública.

A rentabilidade é garantida, de acordo com a senadora, já que a unidade irá dobrar a produção de nitrogenados no Brasil, tendo como consequência direta o aumento na produção da safra. “O que está em jogo aí é comida mais barata na mesa”.

Indústria – O megaempreendimento avaliado em cerca de R$ 3 bilhões teve a sua construção iniciada em setembro de 2011, sendo interrompida em dezembro de 2014, quando o projeto já estava cerca de 81% executado.

Se concluída, a unidade terá capacidade projetada de produção diária de 3,6 mil toneladas ureia e 2,2 mil toneladas de amônia.

Em 2019, a Acron já estava interessada em comprar a UFN3, mas naquele ano, as negociações foram encerradas em novembro, sem que fosse possível fechar a venda.

No dia 4 de fevereiro, o andamento da negociação entre Acron e Petrobras foi anunciada pelo governo de MS. Ontem, a estatal divulgou que a compra não foi efetivada, por conta da mudança do plano de negócios e negativa do governo e da prefeitura em manter os benefícios concedidos para instalação da indústria.

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