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Economia

Em crise, empresa tem operações suspensas até dia 10 de dezembro

Duas empresas foram autorizadas a operarem em seu lugar, a Viatur e Expresso Itamaraty

Gabriel Neris e Clayton Neves | 02/12/2019 14:58
Tenda foi montada por funcionários em frente a garagem na Avenida Gunter Hans (Foto: Clayton Neves)
Tenda foi montada por funcionários em frente a garagem na Avenida Gunter Hans (Foto: Clayton Neves)

A Agepan (Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos) suspendeu nesta segunda-feira (2) de forma temporária as operações da Viação São Luiz em quatro linhas intermunicipais. A empresa passa por grave crise financeira e tem enfrentado dificuldades para cumprir a folha de pagamento dos funcionários.

De acordo com a agência, a notificação é válida até 10 de dezembro. Duas empresas foram autorizadas a operarem em seu lugar, a Viatur e Expresso Itamaraty. As operações foram suspensas nas linhas Três Lagoas/Campo Grande, Três Lagoas/Costa Rica, Campo Grande/Aparecida do Taboado e Costa Rica/Campo Grande (via Chapadão do Sul).

Passageiros que já haviam comprado bilhetes podem se deslocar para as empresas substitutas. Segundo a Agepan, as companhias estão orientadas a aceitar os bilhetes emitidos.

Em nota, a agência reguladora aponta que “a suspensão leva em conta a necessidade de garantia aos usuários do transporte rodoviário intermunicipal de um serviço com pontualidade e em condições de segurança, higiene e conforto, do início ao término da viagem”.

A Agepan diz ainda que a São Luiz não tem executado os serviços. São processos administrativos instaurados em 2018 e neste ano para monitoramento e fiscalização. “No período de suspensão, serão reavaliadas as condições operacionais da transportadora”, completa a agência.

Guichês da companhia estavam vazios nesta manhã (Foto: Clayton Neves)
Guichês da companhia estavam vazios nesta manhã (Foto: Clayton Neves)

Em reunião entre os representantes da empresa e do sindicato responsável pela categoria nesta segunda-feira, a companhia pediu para que os trabalhadores aguardem até sexta-feira, mas logo foi descartado. Os trabalhadores dizem que diversas promessas já foram feitas e nunca cumpridas. Por isso, decidiram montar tenta em frente a garagem na Avenida Gunter Hans, no Bairro São Jorge da Lagoa.

De acordo com o presidente do sindicato, Samir José da Silva, ao todo são 180 trabalhadores com os braços cruzados. Destes, 30 estão na unidade de Cassilândia, 90 em Três Lagoas e os demais em Campo Grande, entre mecânicos, departamento administrativo, limpeza e motoristas.

Ele diz que somente em Três Lagoas são oito folhas de pagamento e 29 tickets de alimentação atrasados. Em Cassilândia são seis salários e 19 tickets atrasados. Na Capital, a folha salarial está atrasada há quatro meses e 11 pagamentos de tickets não foram feitos. Samir explica que em Campo Grande houve paralisação em outubro, o que ajudou a diminuir o tamanho do prejuízo dos trabalhadores.

No último dia 18 de outubro houve nova reunião e a empresa propôs pagar até o dia 30 do mês, mas, segundo os funcionários, o pagamento não foi feito, provocando a paralisação.

Samir conta que os trabalhadores paralisaram seis vezes no ano passado. Somente em 2019 é a quarta paralisação. De acordo com os funcionários, uma equipe da Energisa, concessionária de energia elétrica, foi a garagem hoje cortar o fornecimento por falta de pagamento.

Os trabalhadores têm medo de se identificar, com medo de retaliação. Um funcionário, de 59 anos, diz que está com a energia elétrica de casa cortada e que a motocicleta será alvo de busca por falta de pagamento. Para se virar, o jeito é utilizar o cartão de crédito. Mas a conta também estourou, chegando aos mil reais. “Não sei o que vou fazer, o negócio está feio”, diz ele, viúvo, que conta com a ajuda do filho para cuidar de três netos.

O homem lamenta a situação e reforça que trabalha porque precisa. “Estou empurrando com a barriga”. Sobre as promessas vazias, os trabalhadores criam esperança. “No fim não dá em nada”.

Outro funcionário, de 36 anos, afirma que também precisou do cartão de crédito para garantir a alimentação básica e fez empréstimos com familiares. “Voltei a ser sustentado pela minha mãe”, conta o rapaz, que mora com a mulher e a filha, de 8 anos. Diz também que os trabalhadores tiveram muita paciência com a empresa. “Já estão desfazendo de nós”.

Uma funcionária, de 60 anos, conta que mora sozinha e a situação não é tão crítica porque faz economia. “Prefiro nem pensar quando o dinheiro acabar”, lamenta.

O Campo Grande News tentou falar com um representante da empresa São Luiz pelo telefone disponível na internet, mas não conseguiu contato.

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