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Economia

Empreendedoras fazem do negócio com doces a receita contra a crise

Em MS, número de mulheres no segmento de bolos e doces é 45% maior que o de homens

Osvaldo Júnior | 20/03/2018 08:03
Doce feito por Heloísa, a jornalista que se tornou doceira (Foto: Paulo Francis)
Doce feito por Heloísa, a jornalista que se tornou doceira (Foto: Paulo Francis)

A solução para a falta de dinheiro pode sair do forno. Em tempos de realities shows de produção de bolos, o segmento ganha força e empreendedores, sobretudo mulheres e jovens, contabilizam vendas expressivas de sobremesas com a ajuda das redes sociais. Entre os que encontraram nos doces a receita contra a crise, estão a professora de Inglês, Aline de Souza Nogueira, 31, e a jornalista Heloísa Garcia, 26 anos.

Não há estatísticas que mostrem quantas pessoas em Mato Grosso do Sul trabalham com produção e vendas de bolos e outros doces. No entanto, dados do Sebrae sobre MEIs (microempreendedores individuais) oferecem alguns indicativos. São 93.838 MEIs, dos quais 708 estão nos segmentos de padaria, confeitaria, comércio de doces, fabricação de derivados de chocolate e de massas alimentícias.

O número de mulheres é, disparado, muito maior que o de homens nessas áreas. Dos 708 empreendedores, elas correspondem a 419 e eles, a 289 – a supremacia feminina é de 45%. Isso significa, aproximadamente, que em cada grupo de cinco sul-mato-grossenses que produzem bolos e doces, dois são homens e três são mulheres.

De segunda a quarta, teacher; de quinta a domingo, doceira

Aline trabalhando na produção de bolo; ela divide a semana entre aulas e doces (Foto: Arquivo pessoal)
Aline trabalhando na produção de bolo; ela divide a semana entre aulas e doces (Foto: Arquivo pessoal)

Enquanto você lê esta matéria, inúmeras mulheres fazem bolos, brigadeiros, cupcakes, ovos de chocolate e tantos outros doces em Mato Grosso do Sul – e o trabalho certamente está mais intenso com a proximidade da Páscoa. Em meio a esse universo de doceiras e confeiteiras, estão Aline e Heloísa.

Aline é a “teacher doceira”. As duas atividades são bem divididas durante a semana: de segunda a quarta-feira, ela é teacher e, nos demais dias, doceira. “Na segunda, terça e quarta, dou aula; na quinta, sexta, sábado e domingo, trabalho com a confecção de doces”, disse.

Precisa na data, ela informou que começou o negócio no dia 5 de julho de 2014. “Eu fazia muito pra minha família. E numa necessidade financeira, meus pais deram a ideia de fazer também pra fora", relata.

O que surgiu como resposta a um problema de finanças se tornou um negócio em ascensão. E isso mesmo nesta época de crescimento do desemprego e redução do poder de compra das pessoas.

Para dar novo sabor ao gosto amargo da crise, Aline adiciona doses de criatividade e de preços populares. Um exemplo são suas barquinhas de doces, com valores entre R$ 4 a R$ 12. De acordo com ela, as barcas são “a sensação do momento” de seu negócio.

“O mercado exige que você seja criativo. Se você ficar na mesmice, os clientes vão procurar coisas novas em outro lugar”, ensina. Para ela, isso é importante para quem quer empreender. A cautela também é fundamental – “Não dar passo maior que as pernas”, nas palavras de Aline.

Mas, de acordo com a professora, acima disso tudo estão a vontade e a dedicação. “Você pode ter todas as oportunidades da vida, mas se não tem vontade, o negócio não vai pra frente”, finaliza.

Um dos tipos de doces, produzidos pela professora Aline (Foto: Facebook)
Um dos tipos de doces, produzidos pela professora Aline (Foto: Facebook)
Barcas de doces, um dos carros-chefes no momento no negócio de Aline (Foto: Facebook)
Barcas de doces, um dos carros-chefes no momento no negócio de Aline (Foto: Facebook)

Bolos sem farinha e doces sem açúcar, o caminho do sucesso de Heloísa

Heloísa trabalhando na produção de um de seus doces (Foto: Paulo Francis)
Heloísa trabalhando na produção de um de seus doces (Foto: Paulo Francis)

Heloísa, diferentemente de Aline, era péssima na cozinha. Isso é algo difícil de imaginar de uma profissional que recebe muitos elogios nas redes sociais e contabiliza crescimento acentuado nas vendas.

Formada em Jornalismo, Heloísa atuou em assessoria de imprensa em Corumbá, mas em suas veias profissionais o sangue que circula é mesmo o do empreendedorismo. Aos 18 anos, ela tinha um pequeno estúdio de fotografia. “Era mais um hobby, trabalhava no tempo livre”, lembra-se.

Mesmo ainda não sendo algo profissional, o negócio já revelava o tino empreendedor. Vieram a faculdade, algum tempo de trabalho na área, o casamento... E aqui está o ponto: ao se casar, Heloísa deu início também a uma aliança com o negócio de doces.

“Ganhei no meu casamento um monte de coisa de cozinha, mas não sabia cozinhar nada”, admite. Três meses depois de casada, Heloísa recebeu de um médico a informação de que tinha intolerância a glúten. “Ele recomendou que eu retirasse o glúten de minha dieta”, contou.

Utensílios e eletrodomésticos novinhos, preocupação com a saúde e necessidade de mudar a alimentação. Heloísa pegou isso tudo, colocou “na fôrma da criatividade” e passou a inventar receitas, com a ajuda da internet. “Fui pesquisando, testando receita. Os primeiros bolos, pães ficaram horríveis”, lembra-se.

Como todo bom empreendedor, Heloísa foi aprimorando suas receitas, sempre com atenção a doces saudáveis. Os amigos experimentavam e aprovavam. Não demorou muito para nascer um negócio para um público específico: o de pessoas que, por algum motivo, não podem ou não querem comer nada com açúcar, leite, trigo e outros ingredientes.

Parece impensável: doces sem açúcar, bolo sem trigo. Mas são assim mesmo e tudo funciona muito bem, de acordo com Heloísa. “Textura, gosto e apresentação são bem semelhantes aos alimentos tradicionais”, diz. E a aprovação é geral.

“Foi dando muito certo. O público que é alérgico, que não pode comer essas coisas todas, é um público muito fiel. Toda semana compra. Tenho cliente que faz pacote mensal. Entrego toda semana e a pessoa paga só uma vez ao mês. É um nicho muito promissor”, avalia a jornalista.

Uma das sobremesas de Heloísa (Foto: Paulo Francis)
Uma das sobremesas de Heloísa (Foto: Paulo Francis)

Tá nas redes – Aline e Heloísa têm nas redes sociais importante vitrine para seus negócios. No Facebook, por exemplo, a página de Aline é “Arte e doces da teacher” (clique aqui) e de Heloísa, “Doce Grão Sobremesas Sem Culpa” (clique aqui).

Os depoimentos abaixo testemunham quão bons são os doces das duas empreendedoras:

“Excelente!! Tudo uma delícia e feito com muito carinho!” - post na página de Heloísa.

“Os melhores doces de Campo Grande, deliciosos, com embalagens lindas. Super recomendo” – post na página de Aline.

Empreendedoras fazem do negócio com doces a receita contra a crise
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