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Economia

Estiagem ameaça supersafra de 10 milhões de toneladas de soja em MS

Na região de Dourados, agricultores já falam em perdas após duas semanas de calor intenso e quase sem chuva

Helio de Freitas, de Dourados | 18/12/2018 10:57
Soja em fase de desenvolvimento sofre com a falta de chuva na região de Dourados (Foto: Helio de Freitas)
Soja em fase de desenvolvimento sofre com a falta de chuva na região de Dourados (Foto: Helio de Freitas)

A estiagem que já dura 20 dias em algumas regiões produtoras ameaça a colheita de 10 milhões de toneladas de soja esperada para Mato Grosso do Sul na safra 2018/2019. Em municípios da Grande Dourados, importante área produtora do grão, os agricultores já se preparam para amargar quebra na safra por falta de chuva.

“Tem lavoura morrendo no sol. Sábado choveu, mas a perda já é certa. Nós vamos ter perdas. Se chover esta semana ameniza, mas só na hora da colheita vamos saber de quanto será a quebra”, afirmou ao Campo Grande News o produtor Joaquim de Souza, que junto com os filhos cultiva 5.400 hectares de soja no município de Dourados.

O volume histórico de chuva em dezembro é de 180 milímetros em Dourados, segundo o Guia Clima da Embrapa Agropecuária Oeste. Mas do dia 1º até hoje foram apenas 28 mm.

O pesquisador da Embrapa Ricardo Fietz confirma: a estiagem já afeta em cheio as lavouras de soja. “Dourados ficou 15 dias sem chuva. No sábado choveu, mas foi uma chuva esparsa. Na Embrapa choveu 30 milímetros, em Rio Brilhante foram 6 mm e em Ivinhema não choveu nada”, informou ele ao Campo Grande News.

Fietz informou que a chuva de sábado aliviou a secura, mas a partir de hoje o solo volta novamente a ficar em condições desfavoráveis, abaixo de 40 milímetros de umidade.

Conforme a Embrapa, a água disponível no solo é a quantidade hídrica que pode ser absorvida pelas raízes. A maioria das culturas tem desenvolvimento satisfatório quando a umidade do solo está acima da metade da disponibilidade máxima (80 milímetros).

Segundo o pesquisador, a previsão indica chuva no fim de semana na região. “Mas o estrago para a lavoura já ocorreu. Agora é torcer para a chuva voltar o quanto antes para diminuir as perdas”.

“O forte calor dessa época do ano é normal, pois estamos quase no verão, que começa em 21 de dezembro. Mas atualmente há uma massa de ar seco impedindo a entrada das frentes frias. Além disso, proporciona altos níveis radiação solar e altas temperaturas”, explicou o pesquisador.

Segundo Ricardo Fietz, essa massa seca está para ser rompida pela entrada de uma frente fria, segundo as previsões. “Será mais para o final de semana. Se a previsão se concretizar, as chuvas devem voltar e amenizar as temperaturas”.

A Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul) fez levantamento dos efeitos da estiagem nas lavouras e ainda nesta terça-feira (18) deve divulgar o resultado.

Supersafra – Na semana passada, o IBGE divulgou o segundo prognóstico para a safra 2019 e manteve a previsão de produção recorde de soja em Mato Grosso do Sul, com 10,2 milhões de toneladas. Se a estimativa se concretizar, será a primeira vez com produção acima dos dez milhões de toneladas.

Conforme o IBGE, o crescimento esperado é de 3,6%, ancorado pelo aumento de 4,7% na área plantada, que deve passar de 2,62 milhões para 2,71 milhões de hectares na safra semeada em setembro e que começa a ser colhida no final de janeiro.

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