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Economia

EUA põem carne brasileira na vitrine e abrem mercados para outros países

Priscilla Peres | 07/07/2015 10:15
Países como Japão já sinalizaram abertura para o mercado brasileiro. (Foto: Divulgação)
Países como Japão já sinalizaram abertura para o mercado brasileiro. (Foto: Divulgação)

Há uma semana, o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) anunciou que os Estados Unidos reconheceram o status sanitário do rebanho bovino brasileiro, o que na prática, significa que poderá importar carne in natura do Brasil. A notícia é ótima em um cenário de exportações em queda, e pode contribuir para a abertura de novos mercados. O Japão, por exemplo, já sinalizou interesse em comprar carne brasileira e em agosto fará uma inspeção para habilitar frigoríficos.

Especialistas da área afirmam que o Brasil pode ter grandes conquistas após essa notícia, mas mais relacionadas a outros países do que ao consumo do próprio Estados Unidos. Isso porque o mercado norte-americano é extremamente exigente em relação a normas sanitárias, principalmente quando se trata de aftosa.

Exemplo disso é Santa Catarina, estado livre de de febre aftosa sem vacinação e que há dois anos abriu mercado para os EUA, mas até hoje não conseguiu exportar para aquele país devido as exigências sanitárias. O processo de vistoria para habilitar frigoríficos brasileiros para exportar é lento e demorado.

O servidor público federal João Crisóstomo Mauad Cavallero trabalha há 32 anos com o mercado de carnes brasileiro e explica que a abertura dos EUA será muito boa, principalmente, para o mercado asiático. "É uma ótima notícia para o Japão e Coréia do Sul, por exemplo. Muito importante a notícia, mas não para os EUA, porque não vamos exportar para eles tão cedo".

Cavallero que já foi diretor do ministério da agricultura em Brasília e diversas vezes acompanhou a negociação com outros países, afirma que ainda é muito prematuro dizer que o país pode exportar 100 mil toneladas em cinco anos para os frigoríficos de lá. "É um processo demorado, não acredito que vamos evoluir tão rápido".

ex-diretor do setor de saúde animal ainda questiona os números apresentados pelo Mapa sobre o tempo de negociação com o mercado americano. Eles afirmam que o processo durou 15 anos, mas Cavallero lembra que em 1933 os Estados Unidos aprovou uma lei que impedia a importação de carne de países com aftosa.

Antes disso, em 1926 houve o último foco de aftosa nos EUA e na época, o país responsabilizou o Brasil pelo caso, devido a entrada de animais pelo México. Três anos mais tarde, em 1929 a doença foi erradicada dos EUA, mas desde então a compra de carne in natura é extremamente restrita.

No Brasil a doença foi erradicada há poucos anos, mas até hoje alguns estados são considerados livres da doença, com vacinação. Como é o caso de Mato Grosso do Sul. "Acredito que a informação de que vamos começar a exportar para o EUA, nessa quantidade, engana o produtor. É preciso pensar com calma, porque não será tão rápido".

Dados - Os EUA já são um comprador da carne brasileira, mas não in natura. Segundo informações do Ministério da Agricultura e Pecuária, de janeiro a maio de 2015, o Brasil exportou US$ 139,89 milhões em carne bovina para os Estados Unidos. Deste valor, 138,81 milhões foram de carne bovina processada e US$ 1,08 milhões de miudezas. Em 2014, o total exportado pelo Brasil de carne bovina foi de US$ 229,16 milhões.

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