Exportadores apostam em Murtinho para atender demanda do Paraguai com cimento
País vizinho está com demanda alta pelo produto para obras estruturantes
Problema na produção de cimento no Paraguai pode abrir novo nicho para a movimentação de produtos pela hidrovia do Rio Paraguai, tendo o terminal intermodal de Porto Murtinho como um caminho dos produtos. A expectativa do governo de Mato Grosso do Sul, com investimentos privados e públicos na estrutura, é justamente atrair clientela com as perspectivas de redução de distâncias, custo e embaraços aduaneiros com o trajeto projetado para o Corredor Bioceânico, trajeto mais curto para chegar ao Oceano Pacífico.
Dados divulgados recentemente indicam que, devido ao colapso na produção interna de cimento e com obra de infraestrutura em andamento, o país vizinho tem demanda de nove milhões de toneladas do produto.
Consórcio logístico está sendo criado para atender os paraguaios, a partir da indústria Ceplan, uma das maiores fábricas de cimento do Brasil, com sede em Sobradinho, no Distrito Federal. Contratos de longo prazo estão sendo finalizados e o volume a ser exportado será direcionado para Porto Murtinho, grande parte pelos terminais hidroviários, segundo as informações divulgadas pelo governo do Estado.
Integram o consórcio a CTA – Cooperativa de Transporte Logística e Agronegócios -, com sede em Antonina (PR), e a BGC, empresa de transportes de cargas situada em Campo Grande. Diretores das duas empresas estiveram em Murtinho para conhecer a logística local e definir estrutura operacional, que ficará a cargo de Fermiano Yarzon, ex-superintendente da Ahipar (Administração da Hidrovia do Paraguai).
A Ceplan vai fornecer cimento para atender a quatro obras estruturantes no Paraguai: construção das pontes entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta e de Chacoi (próximo à Assunção) e também a pavimentação da Ruta PY-15, a Rodovia Bioceânica, entre as fronteiras do Paraguai com Mato Grosso do Sul e Argentina.
A quarta obra é uma ponte em Coronel Oviedo, fronteira com o Paraná.
“Estamos em levantamento de campo”, afirma o empresário Voltaire Peretto, das CTA, durante visita a Porto Murtinho, onde iniciou tratativas com operadores da hidrovia para exportar, inicialmente, 35 mil toneladas de cimento para a ponte de Chacoi, distante 700 km pelo Rio Paraguai.
Vamos atender deficiências de produção do Paraguai com menor custo de logística e fluidez”, disse.
Peretto aponta Porto Murtinho como a melhor alternativa para exportar para os vizinhos países. Segundo ele, os problemas aduaneiros nos portos do Paraná e a fila de caminhões parados na fronteira do Estado com o Paraguai, entre Mundo Novo e Salto del Guairá, ao longo de seis quilômetros.
“Murtinho sai na frente, tem modais eficientes e capacidade operacional ágil, sem embaraços aduaneiros”, aponta o empresário. “Murtinho é estratégico, o olhar portuário no Brasil vai mudar para Mato Grosso do Sul”, completa Peretto, que visitou o município na companhia dos empresários Moisés da Costa Alves e Júlio Cezar Fernandes, da BGC Transportes.