Queda na produção de soja reflete no bolso do consumidor
A queda na produção de soja no Brasil, Argentina e Estados Unidos, os três maiores produtores do grão, foi o trampolim para o aumento no preço do óleo e derivados de soja nas gôndolas dos supermercados. O efeito dominó é um velho conhecido, e as donas de casa estão cientes da lei da oferta e procura, que, geralmente, afeta o bolso do consumidor.
A embalagem de 900 ml de óleo que era vendida por R$ 2,60, em média, já é encontrada por mais de R$ 3,10 nos mercados, um aumento de 20%. A alta vem ocorrendo há pelo menos três meses.
De acordo com o consultor em agronegócio João Pedro Cuthi Dias, o tempo seco que atingiu os três países em períodos diferentes é o causador da queda na safra deste ano. O Brasil faz a colheita no primeiro semestre, já os Estados Unidos colhem no segundo semestre.
No Brasil houve uma perda de 25 milhões de toneladas na produção este ano, segundo o consultor. Nos Estados Unidos, até a semana passada, a situação climática ainda não era favorável para o plantio.
“No ano passado o Brasil vendeu muita soja. A média é de 65% do produto para exportação e 35% consumido no mercado interno. Este ano a queda na produção da safra foi causada pela seca”, explicou.
Segundo Dias, a diminuição do produto no mercado gera o aumento do preço para o consumidor. Porém, o dinamismo do mercado é o ponto positivo para melhores condições futuras. “As condições climáticas geram impacto no mercado.
Dia-a-dia: Quando o preço sobe, quem logo sente são as donas de casa acostumadas a comprar, e comparar. Mas não precisa pesquisar muito para perceber a alta no óleo de soja.
A estudante e dona de casa Maria Costa Ferreira, 35 anos, vai ao mercado toda semana e afirma que acompanha a gangorra dos preços. As falsas promoções, como intitula Maria, incomodam, mas não a enganam mais.
“Depois que vi uma matéria sobre pesquisas de preço, comecei a guardar os panfletos dos supermercados e a promoção que eles divulgam não é promoção. Quem faz compra todo dia sabe que eles colocam o preço da semana passada e dizem que é promoção”.
Para a advogada Patrícia Barron, 35 anos, o aumento no preço do óleo de soja faz diferença na hora de pagar a conta. “Compro duas garrafas por mês e uma garrafa dá para 15 dias. Percebi o aumento, foi bem claro”.
Durante as compras, clientes também afirmaram que vários produtos tiveram aumento, além do óleo. “Faz alguns meses que muitas coisas estão mais caras e o óleo é uma delas. É a primeira vez que eu senti o aumento desse jeito”.
Em restaurantes, onde o consumo e as compras são feitos em maior escala, o aumento no preço do grão foi ainda mais percebido. No restaurante Multiplus, em Campo Grande, que investe constantemente nos derivados de soja, a alta do grão não foi repassada para os clientes.
De acordo com a nutricionista do restaurante, Juliana Camargo, 30 anos, são consumidos, em média, 10 kg de carne de soja, além de 15 kg do grão por mês.
“Nós continuamos comprando a carne vegetal e a soja em grão, apesar do preço mais alto, mas ainda não repassamos para os clientes”, confirmou.