Você já deixou de beber por medo de que a bebida estivesse adulterada?
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Casos recentes de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas voltaram a acender o alerta em várias regiões do Brasil. A substância, usada na indústria química, é extremamente tóxica e pode causar cegueira, falência de órgãos e até a morte. Diante desse novo cenário, o Campo Grande News quer saber: você já deixou de consumir uma bebida por achar que poderia estar “batizada”?
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Em Mato Grosso do Sul, as autoridades investigam a primeira morte suspeita por metanol, do jovem Matheus Santana Falcão, de 21 anos, que foi atendido na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em Campo Grande. Em nível nacional, o Ministério da Saúde já registra 43 casos suspeitos, sendo 39 em São Paulo (com 10 confirmações e 29 em investigação) e quatro em Pernambuco. Há também uma morte confirmada e sete óbitos sob apuração.
Segundo a gastroenterologista Luciane França Ramos, do Humap-UFMS/Ebserh (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian), o metanol é um álcool amplamente utilizado na indústria química e não tem qualquer uso seguro para consumo humano. “É matéria-prima de solventes, combustíveis, tintas, adesivos, compensados, pesticidas e vários outros produtos do dia a dia, mas não deve ser ingerido ou inalado”, afirma.
O etanol, presente nas bebidas alcoólicas comuns, é produzido pela fermentação de açúcares como cana, milho ou uva. Já o metanol é obtido a partir de carvão, gás natural e biomassa, o que o torna uma substância muito mais tóxica. No organismo, ele é metabolizado pelo fígado em formaldeído e ácido fórmico, compostos que atacam os olhos, o sistema nervoso central, o coração, os rins e o próprio fígado.
“Os sintomas surgem conforme os órgãos vão sendo afetados. Náusea, vômito, dor abdominal, tontura e distúrbios visuais são sinais de alerta, podendo evoluir para cegueira, coma e até o óbito”, explica Luciane.
De acordo com a Nota Técnica Conjunta nº 360/2025 do Ministério da Saúde, os sintomas mais graves podem demorar de 12 a 24 horas para aparecer, e esse tempo pode ser ainda maior quando o metanol é ingerido junto com etanol, o que dificulta a identificação precoce do envenenamento.