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Esportes

Além de bons de bola, futebol de cegos reúne histórias de superação

Helton Verão | 25/04/2014 16:51
A Copa Centro Norte reúne sete equipes em dois grupos. As disputas acontecem das 08h às 11h horas e das 14h às 17h horas, no ginásio do “Moreninho” (Foto: Pedro Peralta)
A Copa Centro Norte reúne sete equipes em dois grupos. As disputas acontecem das 08h às 11h horas e das 14h às 17h horas, no ginásio do “Moreninho” (Foto: Pedro Peralta)

Desde quinta-feira (24), até domingo (27), o ginásio do Moreninho, em Campo Grande, além de receber a Copa Regional Centro-Norte de Futebol de 5 para deficientes visuais, também é sede das inúmeras histórias de superação de cada atleta que participa da competição. Pessoas que não desanimaram com a cegueira e viram no esporte a alternativa para esquecer as diferenças.

O administrador de empresas Nivaldo Santos, 39 anos, perdeu a visão aos 7 anos, enquanto soltava bombinhas com amigos. Aos 17 anos após brincar com uma bola e acertar belos chutes, descobriu que poderia ter o dom de jogar futebol. “Estava brincando com a bola no Ismac (Instituto Sul Matogrossense para Cegos “Florivaldo Vargas”), quando acertei um belo chute, e pensei, porque não tento jogar futebol?”, conta o jogador.

O administrador de empresas Nivaldo Santos,  perdeu a visão aos 7 anos, enquanto soltava bombinhas com amigos. Após brincar com uma bola e acertar belos chutes, descobriu que poderia ter o dom de jogar futebol.
O administrador de empresas Nivaldo Santos, perdeu a visão aos 7 anos, enquanto soltava bombinhas com amigos. Após brincar com uma bola e acertar belos chutes, descobriu que poderia ter o dom de jogar futebol.

Hoje, 19 anos depois, Nivaldo leva a modalidade como hobby. “Jogo para brincar e manter a forma. Também considero uma válvula de escape para esquecer as diferenças”, ressalta Santos.

O sul-mato-grossense que atua por um dos clubes da Capital, o Advims (Associação dos Deficientes Visuais de Mato Grosso do Sul), classifica o momento para os esportes entre deficientes como bom. “Se profissionalizou muito, temos muitos campeonatos fortes”, avalia.

O Advims empatou sem gols na estreia contra o outro clube da Capital, do Ismac, e venceu de goleada sua segunda partida o ADVEG, de Goiás, 4x0.

Como o nome da competição já diz, são equipes da região Centro-Oeste e Norte do Brasil. O paraense Ricardo Xerpan, de 49 anos, mostra não ligar para as diferenças. Ele nasceu com deficiência visual e aos 15 anos, colegas foram até a sua casa convidar para jogar futebol. E não parou mais, chegando a seleção brasileira em 1982. “Enfrentamos muita dificuldade com o patrocínio e apoio. Hoje pra mim o futebol é lazer.”, comenta Xerfan, que é concursado pelo Governo do Estado do Pará e também toca teclado e canta na noite.

Aos 19 anos, o atleta do time o Acre, Fabricio França, almeja alcançar o feito do adversário do Pará, chegar a seleção brasileira de futebol de 5. “Comecei a jogar com 10 anos, meu sonho maior é representar o Brasil nas Olimpíadas e no Mundial”, revela o jovem, que cursa o ensino médio.

França perdeu a visão aos três anos, após sofrer com a hidrocefalia e para ele não há motivo para desanimar e avisa. “Pretendo me formar em cinco faculdades um dia”, almeja.

O técnico da seleção brasileira de futebol de 5, Fábio Vasconcellos, está em Campo Grande e acompanha de perto as disputas. Ele conta que foi chamado com a missão de renovar a equipe aos poucos e em meio a muitas histórias contadas a nossa reportagem ressaltou os principais pontos para se alcançar a seleção.

“Mudamos o esquema de convocação a princípio, antes o atleta era convocado e tinha a garantia de 12 meses de ajuda de custo, tempo em que servia a seleção. O que acontecia, os jogadores não tinham comprometimento. Agora convoco todo mês. Assim é preciso ter responsabilidade e obrigações”, adianta o técnico.

O técnico da seleção brasileira de futebol de 5, Fábio Vasconcellos, está em Campo Grande e acompanha de perto as disputas.
O técnico da seleção brasileira de futebol de 5, Fábio Vasconcellos, está em Campo Grande e acompanha de perto as disputas.

O comandante que foi goleiro da seleção por dez anos e atuou em três paralimpíadas vê a modalidade em evolução e sente mais dificuldade em descobrir talentos com a inclusão. “Com a Olimpíada e as Paralimpíadas acontecendo no Brasil atraiu a atenção dos grandes patrocinadores. Mas com a evolução da medicina e a inclusão dos cegos as escolas, tem dificultado nosso trabalho em achar novos talentos, já que ao invés de institutos, eles frequentam escolas regulares”, explica.

Mato Grosso do Sul conta com dois times apenas atualmente. A diretora presidente do Ismac, Telma Nantes, ressalta a necessidade de propagar a informação sobre os desportos no interior. “Falta informação para deficientes das cidades do interior façam algum esporte. Falta habilitação, porque na verdade a pessoa quando perde a visão, ela passa por uma reabilitação, entre elas está a prática em algum desporto”, comenta.

Os próximos passos são as realizações de eventos pelas cidades. “queremos realizar jogos amistosos em cidades do interior. Ainda sentimos falta de ações efetivas, incentivadores e patrocinadores”, constata

Em novembro, já está confirmada a disputa do Grand Prix de Parajudô, em Campo Grande.

A Copa Centro Norte reúne sete equipes em dois grupos. As disputas acontecem das 08h às 11h horas e das 14h às 17h horas, no ginásio Eric Tinoco Marques, o popular “Moreninho”, na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

O torneio classifica equipes para a disputa nacional da modalidade.

A competição é uma realização da CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais). Com o apoio da Ismac, Fundesporte (Fundação do Desporto e Lazer do MS), Sanesul (Empresa de Saneamento de MS) e a UFMS (Universidade Federal do Estado De Mato Grosso do Sul).

O torneio classifica equipes para a disputa nacional da modalidade.
O torneio classifica equipes para a disputa nacional da modalidade.
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