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Esportes

Na periferia, futebol amador sobrevive da tradição e prêmios em dinheiro

Amanda Bogo | 15/11/2016 08:52
Jogadores amadores durante particda da 7ª Copa Guanadizão de Futebol Máster (Foto: Marina Pacheco)
Jogadores amadores durante particda da 7ª Copa Guanadizão de Futebol Máster (Foto: Marina Pacheco)

Diferente do futebol profissional de Mato Grosso do Sul, que teve seu auge e hoje busca fôlego para se recuperar e mostrar força novamente, o futebol amador de Campo Grande fez o caminho inverso. Com campeonatos que dão grandes prêmios em dinheiro aos vencedores e existem há mais de doze anos, os atletas de fim de semana conseguiram impor uma tradição do esporte na cidade, que perdura até hoje.

Quem passa pelos bairros mais afastados de Campo Grande comumente encontra campos de futebol improvisados. Aos fins de semana, o espaço que muitas vezes é cercado, com gramado falho e gols sem rede, está movimentado com jogos de futebol amador. Situação comum não só na Capital como em grande parte do país.

Em comum com os outros lugares do Brasil está o amor pelo futebol, seja pela pelada com os amigos ou na competição mais organizada. Em Campo Grande, o que se pode ser destacado, além do sentimento pelo esporte, é que o futebol amador é visto além do lazer, mas como uma oportunidade de ajudar a promover os bairros e uma maneira de que os profissionais realizem a atividade durante todo o ano - visto que, após o encerramento do Campeonato Estadual, os atletas se despedem da competição e não continuam no elenco das equipes.

Guanandizão - Em um campo ao lado do ginásio Guanandizão, homens com idade a partir de 40 anos se enfrentavam em uma partida. A fraca garoa e os ventos frios não atrapalhavam os jogadores de fim de semana. Eles disputavam um dos confrontos válidos pela 7ª Copa Guanandizão de Futebol Máster. 

O torneio começou no dia 6 de novembro e segue até o dia 15 de dezembro, quando é feito um recesso de fim de ano, até retornar em janeiro e terminar em abril. A premiação para o time melhor colocado é de R$ 3 mil mais medalhas e troféus. 

Maurio Martins, o Marioca, de 52 anos, organizador da competição, está no meio do futebol amador há trinta anos. "O futebol amador manteve um padrão. O problema são os campos, praças da cidade, são lugares impraticáveis. Fora o fato do poder público não dar apoio.Precisamos de um campeonato de qualidade". 

Marioca destaca que as peladas de fim de semana estão mais presentes em bairros de periferia, longe do centro da Capital. O que mantém a tradição das competições e é o principal atrativo são as premiações em dinheiro. "Todos dão prêmios. É bom para o lazer voltado para as pessoas com essa faixa etária. Os campeonatos do futebol máster são mais tranquilos. Não tem briga e é focado no futebol em si".

Cobrança de escanteio durante jogo válido pela Copa Guanandizão de Futebol Máster (Foto: Marina Pacheco)
Cobrança de escanteio durante jogo válido pela Copa Guanandizão de Futebol Máster (Foto: Marina Pacheco)

Copa Moreninhas - A Copa Moreninhas é um dos maiores campeonatos amadores de Campo Grande, com dezoito anos de história e que já chegou a reunir mais de duas mil pessoas no campinho do bairro Moreninhas II. A média é de 750 jogadores por edição da competição.

“O cenário do futebol profissional de Mato Grosso do Sul quase não existe. Existe de dois a três meses, e o resto do ano os caras jogam futebol amador. A nossa competição tem jogadores do cenário do futebol profissional e amador”, explicou Milton Emílio de Souza, 54 anos, organizador da competição.

Ao todo, trinta e duas equipes de Campo Grande, e do interior do Estado estão participando do campeonato promovido neste segundo semestre, que tem premiação de R$ 18 mil. Contrastando com o alto valor da premiação está a falta de apoio que os atletas e organização recebem. “Falta ajuda do poder público, não tem ajuda nenhuma, nem para comprar rede, bola, nada, nem do poder municipal e nem do Estadual”.

Além de promover o futebol amador, a Copa Moreninhas tem como foco ajudar a Associação do Conjunto Habitacional Moreninha I, II e Nova Conquista. “A competição é em prol da associação. Nós pagamos a premiação e o restante do dineheiro vai para melhorias no bairro".

Lagoa Dourada - Além do amor que compartilham entre si, Genésio Ferreira de Assis, 57 anos, e Martina Benites, 54 anos, dividem um sentimento: a paixão pelo futebol amador. Há doze anos o casal organiza o Campeonato Associação Esportiva Lagoa Dourada, competição que leva o nome do bairro. “Começou como uma brincadeira. O pessoal foi gostando e nós fomos fazendo. Construiram o gramado no bairro e continuamos”, disse Genésio.

Por ter ficado em hiato por quatro anos, a competição está agora em sua sétima edição, que começou em outubro e segue até janeiro. “São vinte equipes que participam e apenas quatro chegam nas semifinais. Equipes de diversos bairros se inscreveram, como da Moreninhas, Mata do Jaciento, Nova Bahia”, explicou o fretista. A premiação para o grande vencedor é de R$ 6 mil mais troféu, pagos com o dinheiro investido pelos times na inscrição.

Pelos gramados da Lagoa Dourada, passou o ex-jogador Dubinha, volante que jogou em equipes de Mato Grosso do Sul, Paraná e atuou no Palmeiras de 2007 a 2010. “O campeonato ajuda o bairro e a comunidade, que vende alimentos e bebidas em volta do campo e movimenta a economia do lugar. Por ser um bairro pequeno, ele é conhecido pela competição”.

Bairros - Durante o levantamento feito para a matéria, a equipe do Campo Grande News encontrou, além dos bairros citados no texto, competições de futebol amador nos bairros Santa Felicidade, Los Angeles, Novo São Paulo, Santa Monica, Dr. Albuquerque e Jardim Talismã. 

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