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Esportes

Pilotos de MS ficam "entre a razão e a emoção" para seguir no Motocross

Helton Verão | 23/05/2013 08:02
Pedro Godoy vendeu a Van que utilizava para viajar, tem seu pai como mecânico, tudo para economizar na disputa das etapas do Campeonato Brasileiro
Pedro Godoy vendeu a Van que utilizava para viajar, tem seu pai como mecânico, tudo para economizar na disputa das etapas do Campeonato Brasileiro

Entre a razão e a emoção estão os pilotos sul-mato-grossenses quando o assunto é Motocross. Neste fim de semana acontece a 2ª etapa do Campeonato Brasileiro, em Três Lagoas. Pelo menos 15 pilotos do Estado devem correr a etapa, mas nenhum deles se mantém fixo no roteiro da competição pelo Brasil.

A maioria sem condições para se manter no roteiro de viagens das corridas, geralmente corre as etapas que são mais próximas de Mato Grosso do Sul. “Estou cursando Engenharia Mecanica e com os patrocínios que consegui, não tenho o suficiente para correr etapas mais longe como as do Nordeste”, argumenta o piloto da categoria MX2, Pedro Godoy de 17 anos.

Segundo Godoy, além da etapa de Três Lagoas, ele poderá correr as etapas de Sorriso-MT e em Foz do Iguaçu-PR. “Tenho quatro patrocinadores, mas ainda não dá pra cobrir os gastos. No ano passado minha família tinha uma van para poder viajar, mas acabamos vendendo este ano para termos uma economia”, revela Pedro.

Para se manter preparado, o piloto treina por 20 horas semanais e ainda não considera suficiente. “Tenho que dividir os períodos de treinos com a faculdade e ainda me poupar para não ter gastos extras”, ressalta o piloto.

O único mecânico do piloto é o próprio pai, que cuida de tudo, desde o desempenho da sua moto até a manutenção da mesma. “Só a moto custa cerca de R$ 34 mil, mais R$ 5 mil com cada viagem e outros R$ 4 mil para a parte mecânica, então onde der, estamos economizando”, lembra.

Pedro Godoy é pentacampeão estadual, três vezes pela categoria 150cc, uma na MX2 e outra na 230cc. Além de um vice-campeonato na 150cc.

Estreante - Pela primeira vez em uma competição nacional, o ainda menino/adolescente José Eduardo de Britto, de apenas 12 anos é outro piloto que estará presente na prova. A situação do garoto é ainda “mais difícil” que a de Godoy, afinal ele tem apenas um patrocinador e todo dinheiro veio dos cofres do “Paitrocínio”.

“Gastamos mais de R$ 8 mil com moto e ainda tem os equipamentos, com a nossa estadia no mínimo mais R$ 2 mil por etapa, isso que não vamos disputar as etapas no Nordeste. O financeiro não vai nos deixar ir”, calcula o irmão de José, o também piloto Pedro Henrique Britto.

A família Britto está otimista para a primeira corrida de José, ele irá correr pela 150 cc Júnior e está treinando pesado para se dar bem. “A nossa expectativa é chegar entre os 15 primeiros”, avisa o irmão e responsável pelo adolescente.

"Feitosas" na preparação antes de entrar na pista
"Feitosas" na preparação antes de entrar na pista

Negócios ou Motocross? – O produtor rural de Maracaju, Júnior Feitosa é também um dos “dinossauros” da modalidade no Estado. Há 20 anos no ramo ele agora tem a companhia do filho, o jovem André Feitosa, de 16 anos.

No caso dos Feitosas o problema é outro, já que a família tem um MotorHome, muito utilizado para viagens longas, mas as obrigações no campo do pai e a escola do filho, impedem de viver do motovelocidade.

“Se pudesse minha vida seria o Motocross. Não chega ser a questão do dinheiro, mas não posso ficar duas semanas fora sem trabalhar com meus negócios”, conta o experiente piloto de 47 anos, que correrá pela categoria MX3.

O Feitosa “pai” é tetracampeão estadual e o filho já vai seguindo seus passos, com um título regional também, pela categoria 150cc.

“Olha que comecei tarde, volta e meia dou um trabalho ainda para os mais jovens nas pistas”, relembra Júnior.

Para o presidente da Femems (Federação de Motociclismo do Estado de Mato Grosso do Sul), André Azambuja, o problema pela falta de apoio no Estado acontece na ausência de indústrias na região. “Não temos indústrias como tem no Rio Grande do Sul e Paraná. São indústrias ligadas ao ramo de veículos e motocicletas. Em nosso estado, infelizmente é só pecuária, cana e agricultura”, cita o presidente.

Azambuja pede as revendedoras de motocicletas do Estado para olharem com carinho aos pilotos daqui.

A 2ª Etapa Brasileiro de Motocross será realizada no sábado (25) e no domingo (26) e é uma organização da CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo) e realização da FEMEMS (Federação de Motociclismo do Estado do Mato Grosso do Sul).

Transmissão – A ESPN transmite a segunda bateria da MX1, no domingo, às 14 horas. Pela Internet a CBM ainda disponibilizará em sua página oficial um link (http://cbm.esp.br/) para que os amantes do motociclismo possam acompanhar as disputas das outras categorias. Com um moderno sistema de transmissão pela internet será possível acompanhar os dois dias de prova.

A transmissão será ao vivo a partir dos treinos cronometrados que terão início às 12h20 (horário local). Serão cinco câmeras, sendo quatro acompanhando o desempenho dos pilotos dentro da pista e uma próxima ao pódio, que vai registrar a premiação e trazer mais informações com os campeões da prova.

“Procuramos dar mais visibilidade ao esporte. Sabemos que tem muitos fãs do motocross que ficam querendo acompanhar a prova e não conseguem, por isso vamos disponibilizar a transmissão pelo site da CBM. Temos trabalhado muito e tentado de todas as formas alavancar o esporte”, explica o presidente da CBM, Firmo Henrique Alves.

Pista é preparada em Três Lagoas.
Pista é preparada em Três Lagoas.
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