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Esportes

Refugiado forma dupla com atleta de MS e conquista ouro no atletismo

É a primeira prova oficial de etiópe, que temia represália se voltasse a seu país

Osvaldo Júnior | 29/10/2017 11:50
Atleta de MS teve como guia atleta refugiado da Etiópia (Foto: Divulgação/CPB)
Atleta de MS teve como guia atleta refugiado da Etiópia (Foto: Divulgação/CPB)

O ouro nos 800 metros neste domingo (29), último dia de provas do Circuito Loterias Caixa de Atletismo, representa ao etiópe Tamiru Demisse conquista que vai além do esporte. Na corrida de hoje, realizada no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, Demisse foi guia do atleta sul-mato-grossense, Yeltsin Jacques. O etiópe é refugiado e não participava de prova oficial desde os jogos olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

Conforme notícia veiculada no site do Comitê Paralímpico, Demisse, que tem baixa visão (classe T13), sagrou-se vice-campeão paralímpico nos 1.500m representando a Etiópia nos Jogos do Rio 2016. No momento em que passou pela linha de chegada, o atleta cruzou os punhos, protestando contra o governo de seu País e as questões étnicas. Depois disso, não voltou à Eiópia temendo represálias.

Demisse morou em centros de refugiados no Rio de Janeiro e em São Paulo até chegar, com a ajuda de um taxista que conheceu numa padaria no centro da capital paulista, ao CT Paralímpico, em abril de 2017.

Ele recebeu treinamentos e foi acolhido pela ADD (Associação Desportiva para Deficientes) de São Paulo. Na manhã deste domingo, pela primeira vez desde os jogos do Rio, Demisse voltou a participar de uma competição oficial. Yeltsin Jacques é amigo e companheiro de ADD do etíope e compete na classe T12 (comprometimento de visão maior que o de Tamiru).

Os dois atletas largaram em ritmo baixo. A primeira metade da prova foi de cautela, até que, nos 200 metros finais, Tamiru exigiu bastante do sul-mato-grossense. Ao cruzar a linha de chegada, o fizeram em 1min57s46, melhor tempo do ano de Yeltsin, cerca de 1s30 mais lento que a marca mais expressiva da vida do atleta do Mato Grosso do Sul.

“Eu correria essa prova aqui em 1min52s tranquilamente”, disse sorrindo ainda em português básico Tamiru. “Foi uma prova muito boa. Ele puxou o ritmo no final. A estratégia dele é de ir forte na reta final. Fico feliz que ele tenha voltado a competir também pela primeira vez desde o Rio 2016”, comemorou Yeltsin, que ficou com o ouro na prova.

O evento – O Circuito Loterias Caixa é organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro e patrocinado pelas Loterias Caixa. Este é o mais importante evento paralímpico nacional de atletismo, halterofilismo e natação.

Composto por quatro fases regionais e três nacionais, tem como objetivo desenvolver as práticas desportivas em todos os municípios e estados brasileiros, além de melhorar o nível técnico das modalidades e dar oportunidades para atletas de elite e novos valores do esporte paralímpico do país.

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