ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 24º

Esportes

Sem sede, clubes dependem de doação e boa vontade para treinar

Gabriel Neris | 12/03/2013 07:47
Comercial utiliza gramado no bairro Oliveira cedido por moradores (Foto: Divulgação/EC Comercial)
Comercial utiliza gramado no bairro Oliveira cedido por moradores (Foto: Divulgação/EC Comercial)

Comercial e Novoperário enfrentam adversários dentro e fora de campo neste Campeonato Estadual. Sem sede própria ou um centro de treinamento, os clubes apelam para associações de moradores e residências alugadas que possam abrigar um elenco inteiro durante quase quatro meses de competição.

Dívidas trabalhistas fizeram com que o Comercial perdesse a antiga Vila Olímpica, localizada na rua Brilhante, Vila Bandeirante. Dois campos de futebol, um prédio administrativo e um salão de festas deram lugar a uma das unidades do hipermercado Comper.

Situação semelhante passou o Operário. Conhecido como “Galo da Bandeirantes”, o clube de maior tradição do futebol sul-mato-grossense viu a sede da avenida Bandeirantes se tornar garagem para venda de automóveis. Atualmente, o clube está inativo. Próximo dali, o extinto Taveirópolis viu o estádio Elias Gadia se tornar praça esportiva no bairro que leva o nome do clube.

Os jogadores do elenco do Novoperário moram numa residência localizada no bairro Nova Bandeirantes. Quem passa em frente ao alojamento, acredita que outro clube funciona no local. A pintura nada tem do Novoperário, mas sim da Portuguesa, time da Série B. A casa foi utilizada pela Lusa na campanha do ano passado.

Já os jogadores do Comercial estão morando numa residência localizada no bairro São Bento, área nobre de Campo Grande.

Sem estrutura e sem ajuda da Prefeitura, os clubes tiveram que pedir auxílio de associações de moradores e prefeituras do interior. O Novoperário treina pelo menos duas vezes na semana em Sidrolândia e Terenos. Já o Comercial utiliza um campo cedido pela associação do bairro Oliveira.

“O Comercial está mendigando ajuda. Para jogadores profissionais isso é horrível. É a primeira vez que vejo isso”, esbraveja o diretor de futebol do clube, Amarildo Carvalho. “A gente tem hora para entrar e hora para sair. O Cene, por exemplo, treina até escurecer e depois faz jogadas específicas”, cita o diretor.

Novoperário utiliza alojamento com as cores e símbolo da Portuguesa na Capital (Foto: João Garrigó)
Novoperário utiliza alojamento com as cores e símbolo da Portuguesa na Capital (Foto: João Garrigó)

Em busca de estrutura, o Novoperário negocia, com a ajuda da parceira Soccer Union, um terreno localizado na saída para Sidrolândia. De acordo com o presidente do clube, Américo Ferreira, a área de 4,5 hectares ultrapassa os R$ 500 mil. A intenção é contar com três campos de futebol para o time profissional e sub-18, e alojamentos para no máximo 20 atletas.

Além de treinar em Sidrolândia e Terenos, o Novoperário conta com ajuda dos moradores dos bairros Moreninhas e União para utilizar os campo de associações. “A gente desistiu da Prefeitura, tem muito mais coisa para cuidar. Se não liberou até agora, não vai liberar mais”, reclamou Américo.

Para o diretor de futebol do Comercial, a necessidade de um campo profissional para treinamento influencia no desempenho da equipe. O Colorado é o quinto colocado do grupo A, com11 pontos. Em 10 partidas foram cinco derrotas. Já o Novoperário é o quarto colocado, com 15 pontos.

Na contramão está o Cene. O clube é dono de uma área de sete hectares no Jardim Los Angeles, na região sul de Campo Grande. O Furacão Amarelo construiu um centro de treinamento com seis campos e se deu ao luxo de construir um estádio.

Cene treina no estádio Olho do Furacão, localizado no centro de treinamento (Foto: Arquivo/Rodrigo Pazinato)
Cene treina no estádio Olho do Furacão, localizado no centro de treinamento (Foto: Arquivo/Rodrigo Pazinato)

O presidente José Rodrigues conta que o clube passou por diversos locais para treinar em 2002, quando se instalou em Campo Grande. “Vivia com a mala nas costas”. Quase todo o elenco cenista mora no CT, que conta ainda com academia, cozinha e departamento médico. Rodrigues calcula que a estrutura vale hoje entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões.

O Cene é o melhor time do Campeonato Estadual. O time lidera o grupo A com 28 pontos. Em 11 jogos perdeu apenas um e está classificado para a segunda fase do torneio. “Trinta por cento do nosso resultado se deve a estrutura de treinamento”, valoriza. “Está dando resultado. O Cene tem chegado, não deu vexame em competições nacionais”, completa.

A falta de campo para os times da Capital chegou até a Câmara Municipal. Os vereadores Paulo Pedra (PDT) e Alceu Bueno (PSL) solicitaram ao prefeito Alcides Bernal (PP) a liberação para que os times possam treinar.

A assessoria de imprensa da Funesp (Fundação Municipal de Esporte) informou que não há previsão para que os locais sejam liberados.

Nos siga no Google Notícias