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Arquitetura

Apesar de simples, Paulo conseguiu chamar atenção para o bar Subaquinho de Cobra

Thailla Torres | 18/04/2017 07:30
O nome não tem muito sentido, mas deu identidade ao bar de Paulo. (Foto: Thailla Torres)
O nome não tem muito sentido, mas deu identidade ao bar de Paulo. (Foto: Thailla Torres)

O bar é simples, daqueles bem botecão, com cheiro de pinga que dá para sentir da porta. Apesar do jeitinho decadente, Paulo, o dono, conseguiu dar uma identidade prá lá de original ao lugar, em pouquíssimo tempo e sobrevive como muitos donos de bar na periferia da cidade, na base da bebida barata.

Não fosse pelo nome, “Subaquinho de Cobra”, certamente passaria despercebido, mas o letreiro vem trazendo a ele muitos amigos e dando estrutura para seguir em frente com o estabelecimento dos sonhos. 

Paulo César Rodrigues dos Santos tem 45 anos. Conta que o bar já existia, mas ele está a frente do lugar há três meses. O nome curioso veio do apelido de amigos e o costume de moradores, de chamar todo mundo de “subaquinho de cobra”. “Eu não sei muito o significado. Mas a gente sempre se chamou assim, eu morava em um assentamento e era esse apelido que eu tinha. Também já vi na televisão que o Eduardo Costa tomava pinga em um bar chamado subaco de cobra”, ri.

Paulo compra lata de alumínio no bar. (Foto: Thailla Torres)
Paulo compra lata de alumínio no bar. (Foto: Thailla Torres)

Para quem vê de fora, a graça do lugar parece estar escondida, mas para Paulo, o valor está em cada objeto conquistado com pouco e que faz garantir o sustento de toda família. Ninguém sabe, mas ele faz questão de contar como abriu as portas do Subaquinho. "O antigo inquilino não pagou o aluguel e desistiu. Pedi dinheiro para uma enteada, paguei o que faltava do aluguel e me sobrou só R$ 50,00. Fui no mercado, comprei cerveja e comecei a vender", narra.

E quem sustenta o lugar são os amigos. A velha caderneta de anotações é garantia de volta de tantos clientes, mesmo com as dificuldades. “Não é fácil, porque é muito fiado, mas a gente tem muito amigo e acaba anotando para garantir o cliente”, afirma, sobre o que também deixa claro com um recadinho na parede de “Não vendo fiado”, mas que nem sempre faz sentido.

Paulo nasceu em Corumbá, mas foi registrado em Miranda. Veio para Campo Grande na infância e aos 20 anos abriu o primeiro bar num terreno que cuidava, no bairro Silvia Regina. “Sempre gostei desse ambiente de bar, quando abri o pessoal jogava bola, aproveitava a cerveja e a Tubaína”, lembra.

O aparelho de som que fica na frente do bar tem mais de mil opções de música, que vão dos antigos sucessos do flash back aos sertanejos recentes. Mas o que faz o coração de todo mundo chorar é sertanejo raiz. “Pessoal gosta mesmo de Milionário e José Rico, Leandro e Leonardo”, diz.

Sanfona à venda no lugar.
Sanfona à venda no lugar.
Outra relíquia à venda é o velho fogão.
Outra relíquia à venda é o velho fogão.

Entre as cadeiras, a curiosidade é com os sacos cheios de reciclagem. Além de vender bebida, Paulo ganha uns trocados com a reciclagem, ofício que começou quando ainda era menino, brincando de vender latinha na rua. “Desde criança, saia catando em tudo quanto é canto e vendia quando passava um caminhão comprando. Era o jeito de ter nosso dinheiro”, afirma.

Apesar do som da jukebox, de vez em quando, os clientes talentosos dão um show no violão que Paulo deixa guardado. Em cima do balcão também está uma sanfona antiga, entregue por amigo para ser vendida. Do outro lado, no cantinho do bar, está um velho fogão, mas funcionando bem, ele garante. “É da minha mãe, daqueles que tem de tudo. Ela diz que tem isso daí há 49 anos”.

Mas além de receber os clientes com música, a mesa do bar é o muro de lamentações de quem chega cedo, pedindo uma dose de pinga logo de manhã. "Muita gente vem aqui para desabafar, as vezes briga com a esposa, ou foi largado. Daí todo mundo passa aqui, conversa, toma uma e vai embora. Por isso que eu não tenho hora para fechar", diz.

O Bar fica na Avenida 7, no bairro Jardim Carioca e abre todos os dias.

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