ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 17º

Arquitetura

Campo Grande tem uma esquina carioca, onde só falta o mar e Copacabana

Paula Maciulevicius | 14/03/2016 06:12
Ipanema e Arpoador e Leblon dividem céu de Campo Grande em esquina da Afonso Pena. (Foto: Fernando Antunes)
Ipanema e Arpoador e Leblon dividem céu de Campo Grande em esquina da Afonso Pena. (Foto: Fernando Antunes)

De um lado, Ipanema e Arpoador, de outro, Leblon. As quatro torres fazem, desde os anos 80 e 90, o encontro da Rua 13 de Junho com a Avenida Afonso Pena, o cruzamento mais carioca da cidade. Os planos da construtora eram de também trazer Copabacana a Campo Grande, mas a Dallas Engenharia encerrou as atividades antes, deixando até mesmo o Leblon para trás.

“Aquelas torres são um dos prédios mais bem construídos de Campo Grande e não é porque eu quem construí não”, se gaba o arquiteto e urbanista Leonídio Pereira Mendes. Ele explica que a época anterior ao “advento” do plástico, tubulação de esgoto era feita de ferro fundido e a de água, de cobre. Uma das justificativas para a “boa construção”.

A Dallas foi uma construtora carioca, com sede no Rio de Janeiro e que pelo escritório em Campo Grande ergueu edifícios tradicionais. Para fazer das origens a “marca”, a ideia era de que as obras levassem nomes dos bairros do Rio. Com exceção do Dona Neta, comprado no meio da construção e o Oliveira Lima, condição imposta pela família que vendeu o terreno, de que o prédio levaria o sobrenome.

Leblon ficou para trás e foi retomado só nos anos 2000. (Foto: Fernando Antunes)
Leblon ficou para trás e foi retomado só nos anos 2000. (Foto: Fernando Antunes)
Erguido primeiro, torres foram entregues em 1986. (Foto: Fernando Antunes)
Erguido primeiro, torres foram entregues em 1986. (Foto: Fernando Antunes)
Esquina carioca leva os nomes pela origem da construtora. (Foto: Fernando Antunes)
Esquina carioca leva os nomes pela origem da construtora. (Foto: Fernando Antunes)

O primeiro da esquina a ser construído foi o Ipanema e Arpoador, entre 1981 e 1982. Segundo o arquiteto, como o terreno media 40x60, erguer duas torres foi a solução encontrada para aproveitar o espaço sem ter de fazer vários apartamentos num mesmo andar.

O terreno pertencia a Italívio Coelho, político e pecuarista e foi trocado por um andar do prédio. Até hoje a família mora na cobertura do Ipanema.

Entregue em 1986, são dois apartamentos por andar, com 216m² cada. Na planta original e durante os primeiros anos de funcionamento do prédio, cada torre tinha entrada individual. Do Ipanema pela Afonso Pena e do Arpoador, na 13. Outro detalhe ficava por conta do paisagismo, assinado à época, pelo artista plástico Roberto Burle Max. “Era o mais famoso do Brasil”, conta Leonídio.

Para conter gastos, já que cada entrada demandava uma portaria e funcionários específicos, o síndico acatou a sugestão de moradores e na última reforma deu aos prédios uma única fachada: pela 13 de Junho.

Para conter gastos, prédio unificou entrada na última reforma. (Foto: Fernando Antunes)
Para conter gastos, prédio unificou entrada na última reforma. (Foto: Fernando Antunes)
Leblon também seria dividido, mas portaria ficou só na 13 de Junho. (Foto: Fernando Antunes)
Leblon também seria dividido, mas portaria ficou só na 13 de Junho. (Foto: Fernando Antunes)
As cores e a arquitetura se mantiveram originais. (Foto: Fernando Antunes)
As cores e a arquitetura se mantiveram originais. (Foto: Fernando Antunes)
Por anos, Leblon empacou no quinto andar. (Foto: Fernando Antunes)
Por anos, Leblon empacou no quinto andar. (Foto: Fernando Antunes)

Entre Ipanema e Arpoador e o Leblon, a construtora ainda ergueu o Oliveira Lima e comprou mais um terreno, na 15 de Novembro com a Arthur Jorge, onde hoje é o Hospital El Kadri. O Leblon, começado nos anos 90, chegou, pelas mãos da Dallas até o quinto andar, entre 1996 e 19996, e depois de muito tempo é que foi retomado e entregue pela HF Engenharia.

“Ficou por vários anos parado, aí que vendemos para o Hugo Freire que terminou”, conta o arquiteto. Naquela época as construções não tinham financiamento, eram os próprios donos quem tocavam a obra ao comprar os apartamentos ainda na planta. No Leblon, o terreno de 40 por 40 também possibilitou a construção de duas torres, com um apartamento em cada andar medindo 300m².

Retomado em 2002 pela segunda construtora, o prédio por anos teve um só morador. João Paulo Arruda, hoje com 52 anos, morou durante três sozinho. “Entrei numa parceria com a construtora e comprei aqui. Como já tinha elevador e um guarda, me mudei. Mas estava pronta só a casca, por fora”, lembra.

O acabamento nem parecia começar e a garagem chegou a estragar muitos sapatos da família. Por anos, João Paulo também abriu a casa para conhecidos que queriam conhecer o prédio.

“Quando eu me mudei só ia até o sexto andar. Ele ficou parado de 89 a 2001”, contabiliza o morador. O edifício também teria duas entradas, conforme a planta original, mas acabou colocando a fachada e a portaria apenas na 13, como os vizinhos.

“Sobre os nomes? Eu não sei da história não. Mas acho que era porque o dono, Gumercindo, era carioca”, palpita João Paulo. A construtora encerrou as atividades e vendeu o terreno onde sairia o Copabacana, deixando Campo Grande sem mar e só com Ipanema, Arpoador e o Leblon.

Curta o Lado B no Facebook.

Nos siga no Google Notícias