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Arquitetura

Com peças tiradas do lixo, chácara vira paraíso para andar nu em meio ao cerrado

Casal criou um recanto de liberdade e criatividade dentro de Campo Grande

Thailla Torres | 22/11/2017 08:14
Casal deu novo significado a muitas coisas que todo mundo quis dar adeus. (Foto: Marcos Ermínio)
Casal deu novo significado a muitas coisas que todo mundo quis dar adeus. (Foto: Marcos Ermínio)

O veterinário Antônio, de 46 anos, reuniu soluções super originais para evitar que parte do mobiliário encontrado na rua fosse para o lixo e, ao mesmo tempo, criou ambientes descolados dentro de casa. O lugar não tem nada de sofisticado ou moderninho, mas é cheio de personalidade para ele e o marido, que há 15 anos decidiram viver diferente, em um recanto que dá para fazer naturismo sem ser incomodado.

"Nasci no interior do Rio Janeiro e me mudei para Campo Grande há 20 anos. Quando cheguei, só morei em apartamento. Mas para quem tem os pés e a raiz na terra, sente falta da liberdade e da natureza. E todos os dias eu falava: ainda vou achar um pedacinho de terra", conta.

Quando o casal se apaixonou e decidiu morar junto, a sorte bateu à porta com o lugar dos sonhos de Antônio. "Um dia, visitando um amigo que é artista plástico e mora na região, passei em frente a chácara e vimos uma placa de vende-se. Ficamos enlouquecidos e compramos".

Obra de arte, até hoje desconhecida, é o destaque da sala. (Foto: Marcos Ermínio)
Obra de arte, até hoje desconhecida, é o destaque da sala. (Foto: Marcos Ermínio)
Charrete do avô tem mais de 100 anos e fica no meio da sala. (Foto: Marcos Ermínio)
Charrete do avô tem mais de 100 anos e fica no meio da sala. (Foto: Marcos Ermínio)

Mas de estrutura, o lugar só tinha as paredes e, mesmo assim, o casal mudou-se para o meio do mato na Chácara dos Poderes. "A gente não quis cortar nenhuma árvore. Entramos e tinha cerrado para todo lado. Se a gente arrancasse, era como tirar toda essência do lugar. Então a gente foi se ajeitando entre elas e usando da própria natureza para decorar".

Até a quadra de vôlei que é vista por quem chega levou tempo para ficar pronta. "Ela deu muito trabalho, porque tudo que a gente queria era manter o cerrado. Então fizemos o suficiente para caber entre as árvores, sem derrubar um galho".

No meio da mata, a privacidade é tanta que até os amigos conseguem ficar à vontade. "Fazemos até naturismo, as vezes estamos jogando vôlei ou tomando banho de piscina com todo mundo fica sem roupa. É a vantagem de aproveitar essa liberdade", explica.

Mas o que desperta olhares por todos os lados é a decoração, em maioria, reaproveitada através de um olhar sensível do casal. Cada item que recebeu novas cores e significadas, revelam uma história.

No entrada, duas portas de madeira posicionadas entre as árvores, são chamadas de portal da felicidade. "Encontramos no lixo e colocamos aqui para decorar. A gente brinca que, ao passar por esse porta, todo mundo vai encontrar a felicidade".

Fogão encontrado no rio virou elemento decorativo no jardim. (Foto: Marcos Ermínio)
Fogão encontrado no rio virou elemento decorativo no jardim. (Foto: Marcos Ermínio)
Portas que vieram do lixo são usadas como portal da felicidade. (Foto: Marcos Ermínio)
Portas que vieram do lixo são usadas como portal da felicidade. (Foto: Marcos Ermínio)

No caminho, uma cozinha caipira que fica do lado de fora, que ganhou objetos decorativos que muita gente quis dar adeus. Entre eles, um fogão e uma banheira antiga. "O fogão achei dentro de um riacho em Jaraguari, trouxe pra cá, reforcei a pintura e agora serve de apoio para as plantas. A banheira eu encontrei no Mercado Livre, mas estava muito enferrujada, então reformei com ajuda de um amigo que trabalha com funilaria e hoje usamos como porta bebidas em reuniões e eventos com amigos".

A poucos metros, no interior da casa, o casal reaproveitou praticamente tudo. A geladeira antiga foi adesivada com fotos de viagens e recordações de amigos. Os sofás que foram doados, ganharam reforma e colorem a sala, assim como os quadros, cortinas e mobiliário. Mas o xodó na decoração é a charrete com mais de 100 anos, que pertencia ao avô do marido.

"De quando ele vivia em Ivinhema. Na época, quando matavam o gado, uma parte era da família e outra parte iam distribuindo pela cidade. E como foi guardada de recordação, a gente resolveu restaurar e pintar. Hoje ela não sai por nada dessa sala, que na verdade é uma varanda e foi transformada também".

Porta foi achada no lixo e restaurada. (Foto: Marcos Ermínio)
Porta foi achada no lixo e restaurada. (Foto: Marcos Ermínio)
Quarto abriga mobiliário antigo da família. (Foto: Marcos Ermínio)
Quarto abriga mobiliário antigo da família. (Foto: Marcos Ermínio)
Pergolado é o convite para um café da tarde. (Foto: Marcos Ermínio)
Pergolado é o convite para um café da tarde. (Foto: Marcos Ermínio)

Hoje o conceito de reaproveitamento e cuidado faz parte, não só da decoração, mas da vida do casal. "É a forma que a gente encontrou de dar um novo destino a essas coisas. Nossa intenção nunca foi ter luxo, mas gostamos de um espaço confortável e é possível fazer isso com muito pouco. Só é preciso um pouco de olhar".

Foi assim que uma obra de arte com mais de 2 metros de altura ocupou uma parede da sala. "Encontramos essa obra jogada no lixo em frente a um antigo bar na rua 13 de Junho. Até hoje não sabemos quem é o autor. Na tela, a impressão é que pessoas deitaram e imprimiram corpos nus. Cada amigo enxerga uma amigos uma imagem diferente e virou a curiosidade da sala".

Mudar para um local mais sofisticado? É ideia que jamais passou pela cabeça do veterinário. "Isso aqui é um recanto pra gente. Já compramos outro terreno ao lado, temos o total de 1 hectare e agora só vamos preservar tudo em volta"

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A cozinha caipira foi planejada para ficar próxima a natureza. (Foto: Marcos Ermínio)
A cozinha caipira foi planejada para ficar próxima a natureza. (Foto: Marcos Ermínio)
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