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Arquitetura

Construída para vó há 40 anos, edícula "cresceu" e virou casa dos sonhos de neta

Paula Maciulevicius | 01/02/2017 06:05
Sem muro, casa na Alagoas tem história e beleza por dentro e por fora. (Foto: André Bittar)
Sem muro, casa na Alagoas tem história e beleza por dentro e por fora. (Foto: André Bittar)

Um portão de ferro e uma fachada coberta pelo verde da trepadeira. Sem muro, na Rua Alagoas, a curiosidade encanta e faz a gente descer e bater palmas em frente a uma das casas mais lindas por fora e por dentro do bairro. Construída para a avó, dona Lígia, a residência sempre foi ao fundo, fazendo as vezes de edícula e quando a neta pode mudar, preferiu fazer do lugar a casa de seus sonhos.

"Sempre foi da minha família. Foi construída para a minha avó, era uma edícula e aqui na frente eram só chácaras. Ali tinha uma com um mamoeiro. Acho que esta casa tem uns 40 anos", narra a atual proprietária, Fabrícia Monteiro Salles, de 54 anos.

Professora universitária, a neta se recorda que a obra foi um atrativo, para tirar Lígia do Rio de Janeiro e fazê-la morar em Campo Grande. "Meu pai quem construiu. Ela era mãe da minha mãe. Carioca, não queria vir para Mato Grosso do Sul de jeito nenhum. Eles vieram e ficaram aqui, moraram bem uns oito anos", conta. Foi a morte do avô que fez com que Lígia deixasse a casa para trás. 

Portão de ferro que leva pacientes ao consultório e visitas à casa da família. (Foto: André Bittar)
Portão de ferro que leva pacientes ao consultório e visitas à casa da família. (Foto: André Bittar)
Sala que surgiu depois da reforma. (Fotos: André Bittar)
Sala que surgiu depois da reforma. (Fotos: André Bittar)
E na cozinha, fogão à lenha foi presente do sogro.
E na cozinha, fogão à lenha foi presente do sogro.
Cinema da família. (Fotos: André Bittar)
Cinema da família. (Fotos: André Bittar)
No sótão, quarto da filha tem até janelinha.
No sótão, quarto da filha tem até janelinha.
Lareira também é detalhe do espaço. (Foto: André Bittar)
Lareira também é detalhe do espaço. (Foto: André Bittar)

"Quando me casei, eu quis. Eu adorava a casa e o bairro. Então resolvemos aproveitar o terreno, mas quando contratamos o arquiteto, resolvi ampliar aproveitando para trazer o coro da casa para frente", explica Fabrícia.

A obra foi feita devagar, cômodo por cômodo, o que levou o casal a morar em cada um dos cantinhos da casa. Detalhe que mais tarde fez com que eles tivessem um carinho infinito por cada quina de parede.

No projeto de reforma, Fabrícia conta que cismou com uma garagem subterrânea. Não suportava a ideia de um carro aparecer tirando a beleza da fachada da casa. O piso da sala também tem todo apreço. Foi ela quem fez o cimento queimado junto do pedreiro. "A gente fez junto, entrei na internet para aprender como fazia", detalha.

Por ter morado durante quatro anos na França, a professora quis trazer o estilo europeu para a arquitetura e decoração. De forma a aproveitar espaços, fechou a escada que antes ficava visível e criou um hall entre os quartos.

Fabrícia quis trazer o estilo europeu para a arquitetura e decoração. (Foto: Alcides Neto)
Fabrícia quis trazer o estilo europeu para a arquitetura e decoração. (Foto: Alcides Neto)
Vista da varanda para a parte preferida da casa. (Foto: André Bittar)
Vista da varanda para a parte preferida da casa. (Foto: André Bittar)

A casa tem até cinema e um quarto no sótão, destinado à filha. À frente, quem vê da rua a janela e a parede da trepadeira pode não entender de imediato. Ali ficou abrigado o consultório do marido, que preferiu trabalhar estando em casa em uma consulta e outra.

E é acima do consultório, que a dona nos chama para conhecer o espaço que ela mais gosta, o terraço. "Eu tenho esse jardim". A frase é dita junto do abrir das portas do que parece só uma sacada. E de repente, o verde brinda a casa e vice e versa.

"A gente lancha toda noite aqui, é o nosso cantinho. Ali fica a minha hortinha e cada vez que eu encontro alguma planta que gosto, vou trazendo", assume. O terraço tem, além de uma mesa à sombra, frutas como caqui, jabuticaba e acerola.

Se parar para prestar atenção, a casa não tem muita iluminação e nem por isso perde o brilho. O intuito foi o de manter o frescor. "Isso que eu também gosto, Campo Grande é muito quente. Então a casa é fresca justamente por isso e fica mais aconchegante", considera a dona. Pela trepadeira, ninguém vê, mas ali diante do gramado ainda vai uma piscina.

"Ela tem um clima, um astral muito bom. Não sei se vocês sentiram, mas é de uma energia muito boa, por isso eu sempre gostei da casa e não quis construir na frente. De repente construo e perco essa energia boa que ela tem?" Fabrícia tem toda razão.

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O terraço. (Foto: André Bittar)
O terraço. (Foto: André Bittar)
Entre o verde e o aconchego, lar tem em si a energia dos que moram ali. (Foto: André Bittar)
Entre o verde e o aconchego, lar tem em si a energia dos que moram ali. (Foto: André Bittar)
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