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Arquitetura

Dos anos 50, casa tombada tem cozinha aberta na varanda e pé de máquina como pia

Paula Maciulevicius | 10/09/2014 06:24
Entrada da casa comporta materiais típicos dos anos 50: granilite preto e parede de pedras. (Foto: Renato Ferro)
Entrada da casa comporta materiais típicos dos anos 50: granilite preto e parede de pedras. (Foto: Renato Ferro)

A preservação da história não foi derrubada com as paredes do piso superior. O projeto respeitou o tombamento do imóvel e apenas adaptou os cômodos que serviam à família que viveu ali, na década de 50, para o casal jovem com dois filhos crianças que hoje são os donos.

O projeto é desenvolvido e executado pelo escritório Abuchahla e Ferro Arquitetura, que atende em Campo Grande e em São Paulo. A casa fica no bairro Pacaembu, na região central de São Paulo, tombada pelo Patrimônio Histórico. Mostra a possibilidade de transformar patrimônio em moradia, prática já comum em grandes centros que buscam manter a caracterização do que é considerado história, mas que aqui na cidade é algo praticamente inimaginável. Primeiro, pela disponibilidade de áreas, depois, pela falta de valorização de imóveis antigos.

"Campo Grande ainda tem muito terreno, aqui em São Paulo, não tem para onde ir, se vai para cima ou para outra cidade", comenta o arquiteto responsável pelo projeto, Renato Ferro. Sem muita saída, ele sustenta que as opções acabam sendo por locais na região central, onde os imóveis são tombados.

A casa fica no bairro Pacaembú, na região central de São Paulo, tombada pelo Patrimônio Histórico. (Foto: Renato Ferro)
A casa fica no bairro Pacaembú, na região central de São Paulo, tombada pelo Patrimônio Histórico. (Foto: Renato Ferro)

Por ser considerada patrimônio histórico, os arquitetos mantiveram a fechada. A entrada da casa entrega a década em que foi erguida, nos anos 50, pelos materiais típicos. "Granilite preto com a parede de pedra eram materiais muito usados na época", explica Renato.

No interior do imóvel, foi criado mais um banheiro e alterado o posicionamento da cozinha e lavanderia para ficarem integradas à área de lazer. Por se tratar de uma construção antiga, em dois pisos e com a laje de cobertura em alvenaria, os arquitetos tiveram de escorar a estrutura com vigas metálicas redistribuindo as cargas da casa.

Parte do madeiramento usado no telhado, por exemplo, foi reaproveitado na bancada do lavabo da área externa. A pia utilizada deu utilidade ao pé de máquina de costura de ferro, deixado na residência pelos antigos moradores.

Pé de máquina deixado pelos antigos moradores ganhou utilidade como pia de lavabo. (Foto: Renato Ferro)
Pé de máquina deixado pelos antigos moradores ganhou utilidade como pia de lavabo. (Foto: Renato Ferro)

A história da reforma começou desde antes da compra. O casal que tem dois filhos de 10 e 6 anos procurou os arquitetos para uma avaliação prévia, do que poderia ser feito no imóvel. Vindos de um apartamento, o que a família buscava era um espaço para as crianças e o cachorro.

A casa é antiga e seguia o conceito da época, tinha só um banheiro e uma ampla cozinha. Apesar de ser de andar, o piso inferior comportava apenas um salão, o funcional da casa ficava todo no piso superior. "Era praticamente térrea, porque não tem uso simultâneo dos dois andares", pontua o arquiteto.

Na parte inferior, os arquitetos encontraram um salão onde deram uma utilidade moderna.

"Instalamos um home theater e junto a ele fizemos um jogo de iluminação. No próprio cortineiro colocamos fita de led para fazer uma iluminação bem suave", descreve Renato. Nos demais pontos foram trabalhados exposição de quadros e objetos distribuídos pelas paredes e na sala.

Salão se transformou em sala com home theater. (Foto: Renato Ferro)
Salão se transformou em sala com home theater. (Foto: Renato Ferro)
Jardim está presente em todas as janelas, deixando visível a natureza. (Foto: Renato Ferro)
Jardim está presente em todas as janelas, deixando visível a natureza. (Foto: Renato Ferro)
Como suporte à área de lazer, cozinha abre nos fundos. (Foto: Renato Ferro)
Como suporte à área de lazer, cozinha abre nos fundos. (Foto: Renato Ferro)

Em cima, foram feitos uma suíte e dois quartos com banheiro dividido. "Toda parte da casa foi indo para o fundo, derrubamos paredes, fizemos escritório, sala de jantar integrada com TV e que abre para a cozinha", explica Renato.

Para dar suporte à churrasqueira e ao forno de pizza criados na área de lazer, a cozinha ficou aberta para os fundos da casa. "Criamos duas varandas no corpo da casa. Uma foi para dar suporte na área e na cozinha e a outra foi para a lateral, ligando a sala de jantar e sala de TV superior, criando um espaço de estar confortável". Através de um deck, o projeto possibilita para quem está dentro da casa ver a natureza de fora e quem está fora, remete ao conforto do lar.

O elemento "muxarabi", típico do modernismo dos anos 50, que se encontrava na escada com tijolos de vidro foi replicado na porta do escritório e no balcão da cozinha.

A integração também foi planejada para otimizar o terreno, que no fundo acaba em barranco e se torna pouco aproveitável. A área total é de 650m², sendo 310m² de construção. "O jardim está presente em todas as janelas, o acesso visual a natureza é muito fácil", atenta Renato.

O projeto, claro, teve de ter aprovação da Prefeitura de São Paulo. A reforma interna levou quatro meses fora o processo da área externa, de jardins e plantas.

Por um deck, varanda liga sala de jantar à de TV. (Foto: Renato Ferro)
Por um deck, varanda liga sala de jantar à de TV. (Foto: Renato Ferro)
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