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Arquitetura

Na Antônio Maria Coelho, antiga pensão é casa de freiras com direito a capelinha

Paula Maciulevicius | 14/12/2016 08:25
Casa rosa preserva fachada e traz ornamentos em argamassa e gesso como detalhes. (Foto: Fernando Antunes)
Casa rosa preserva fachada e traz ornamentos em argamassa e gesso como detalhes. (Foto: Fernando Antunes)
Irmã Maria Rodrigues Leite, presidente do Instituto e moradora da casa desde 2012. (Foto: Fernando Antunes)
Irmã Maria Rodrigues Leite, presidente do Instituto e moradora da casa desde 2012. (Foto: Fernando Antunes)

Desde 1938 que a casa da Antônio Maria Coelho, quase esquina da Rui Barbosa, abriga freiras da congregação Instituto Irmãs de Jesus Adolescente. Comprada quando ainda era uma pensão, o imóvel mantém as mesmas características da época na fachada e reserva por dentro a história das irmãs pelas paredes, móveis e até mesmo no piano que nunca mais foi tocado.

Por curiosidade que o Lado B parou ali e pegou carona com uma irmã que fazia uma visita. Quem olha de fora não tem ideia do tamanho do terreno que depois das salas, dormitórios e escritórios, ainda sedia uma capelinha e um museu dedicado à memória do fundador, Dom Vicente Bartolomeu.

As portas de madeira da fachada são as mesmas previstas na planta inicial da casa. Na frente do imóvel, a única alteração veio com as janelas, quando as de madeira não puderam mais ser restauradas.

Do hall até a sala de jantar. Por dentro, casa também é rosa. (Foto: Fernando Antunes)
Do hall até a sala de jantar. Por dentro, casa também é rosa. (Foto: Fernando Antunes)

“Nós nunca ficamos sabendo de quem era. Era uma pensão que foi comprada em 1938 para ser a congregação que estava iniciando em Campo Grande”, conta a superiora, presidente do Instituto, irmã Maria Rodrigues Leite, de 60 anos.

À época, além de Mato Grosso ser um só estado. A sede da diocese era Corumbá. “A Irmãs de Jesus Adolescente nasceu aqui em Campo Grande, somos da família salesiana, mesma raiz dos salesianos e filhos de Maria Auxiliadora”, apresenta a irmã.

Com 19 freiras pelo Estado ligadas à congregação, a casa graciosa da Antônio Maria Coelho funciona como sede administrativa e ainda ponto de apoio. O que explica quando a quantidade é muito maior que as quatro freiras residentes. “Quantas já passaram por aqui? Nossa... Centenas. Hoje somos em quatro, mas tem dia que são 10”, explica Maria.

A última reforma foi na mão da administração anterior. Foram eles que escolheram o rosa da fachada e as variações das paredes internas. E talvez o que nos tenha mais chamado atenção seja justamente o detalhe junto ao rosa.

Sala de espera tem piano intocável e fotos que contam histórias da casa pelas paredes
Sala de espera tem piano intocável e fotos que contam histórias da casa pelas paredes
Parte do mobiliário, cadeiras tem pelo menos meio século. (Fotos: Fernando Antunes)
Parte do mobiliário, cadeiras tem pelo menos meio século. (Fotos: Fernando Antunes)

Faixas dos dois lados brincam com o verde através de ornamentos de argamassa e gesso, arquitetura típica do ecletismo. “Não mexemos em nada, sempre se manteve. O que há de diferente são só as janelas, mas ela é uma fachada das casas antigas de Campo Grande”, enfatiza a presidente.

O hall onde acontece a conversa inicial é o primeiro ambiente quando as portas se abrem. Nele estão cadeiras de madeira, daquelas pesadas, de 50 anos atrás. “O interessante é que como era uma pensão, a mesma distribuição de cômodos aqui deste lado, de lá é igualzinho”, descreve a irmã.

Maria Rodrigues Leite veio para Campo Grande em 1976 e na casa rosa está – nesta última temporada – desde 2012.

Na segunda sala, ao lado, chamada de “espera”, o piano quando aberto chega até a se espichar. Há anos ninguém o manuseia. Isso porque a irmã que tocava, Melquiades Dias, está com Alzheimer. “Hoje nem temos mais facilidade ou tempo para aprender”, justifica a irmã.

Na casa e fora dela, cada uma tem as suas obrigações. As orações diárias começam 6h20 da manhã. Maria dá aulas de Língua Portuguesa em dois colégios.

Pelas paredes, quadros estampam a imagem de quem fez a história da congregação, desde o fundador, até as superioras escolhidas pelas freiras da congregação para assumirem a presidência durante seis anos.

Ao fundo, o anexo veio nos anos 70, com uma pequena capela e mais recentemente, o museu em homenagem a Dom Vicente Bartolomeu. São fotos, óculos, livros, roupas e documentos do religioso. “Tentamos reunir as coisas mais importantes dele. Este sapato, por exemplo, deve ter sido usado muito pouco, porque ele gostava mais de sandálias tipo franciscana”, explica a irmã.

A capelinha tem missas especiais. Para o dia a dia, pela proximidade com as igrejas, as freiras assistem a programação fora dali. “O que essa casa passa? Quem conhece sabe que são das irmãs”, ressalta sobre a fama na região.

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Capelinha fica aos fundos da casa. (Foto: Fernando Antunes)
Capelinha fica aos fundos da casa. (Foto: Fernando Antunes)
Museu foi feito em homenagem ao fundador, Dom Vicente Bartolomeu. (Foto: Fernando Antunes)
Museu foi feito em homenagem ao fundador, Dom Vicente Bartolomeu. (Foto: Fernando Antunes)
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