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Arquitetura

Quanto custa transformar o telhado em um belo jardim aqui em Campo Grande?

Paula Maciulevicius | 27/11/2015 06:34
Exemplo de ecotelhado que pode ser aplicado em casas ou comércios.
Exemplo de ecotelhado que pode ser aplicado em casas ou comércios.

Ainda pouco usual em Campo Grande, dá para fazer do telhado de casa, um jardim. A transformação pode ser na construção ou até mesmo na reforma, onde o pré-requisito é ter feito a impermeabilização no telhado. Partindo dela, são etapas que incluem manta, substrato e por fim a vegetação. Uma forma de deixar a natureza à mostra e de quebra aliviar o calor.

Técnica em paisagismo, Adines Ferreira explica que o telhado verde, vivo ou chamado também de "ecotelhado", é uma cobertura vegetal que pode ser feita com grama ou plantas, mas atenta às espécies que precisam ser resistentes à seca.

"Podemos fazer de bulbine, boldinho, grama amendoim ou lambari", enumera as opções. O telhado vivo não precisa estar necessariamente previsto na obra. Se a casa já estiver em construção, na maioria dos casos se usa laje, onde também é feita a impermeabilização, processo obrigatório para o telhado vivo.

Projeto de telhado vivo executado por Adines num chalé no Rio Grande do Sul, em 2012.
Projeto de telhado vivo executado por Adines num chalé no Rio Grande do Sul, em 2012.

"Precisa ser feita a impermeabilização, com manta asfáltica, como normalmente fazem ou à base de PCV, que é a mais indicada, mas é importante fazer porque senão a água pode infiltrar e com o tempo, as plantas também", explica Adines. Ou seja, quanto mais isolado estiver a parte da planta do telhado, melhor a conservação.

No mercado, a paisagista explica que há dois tipos de telhado vivo, um por módulos, o que é mais frequentemente usado e o outro como um todo, onde se faz a impermeabilização com gel membrana, material para aterro sanitário, substrato e a planta. No entanto, a estrutura exclui o armazenamento de água, quando o ideal é se ter irrigação em conjunto.

"Ele é mais simples, pode ser feito com lona e você vai adaptando à cas e à situação", diferencia Adines. No caso do modular, são até quatro tipos existentes no mercado, que já vem acompanhado da retenção de líquido para as plantas, como uma mini-cisterna.

Os tipos de módulos, estrutura à base de plástico reciclado, variam de acordo com o que o cliente deseja. A paisagista explica que é preciso levar em conta o formato do telhado, o tamanho do reservatório e se a laje é inclinada ou não.

As etapas seguem a seguinte ordem, depois da impermeabilização: módulo, manta de absorção, geralmente grossa para reter a umidade e fazer a filtragem da planta, substrato e a vegetação. "O substrato é a terra, o que serve para dar estrutura à planta", explica Adines.

As etapas do telhado verde: módulo, manta, substrato e vegetação.
As etapas do telhado verde: módulo, manta, substrato e vegetação.
Exemplo de telhado verde em comércio.
Exemplo de telhado verde em comércio.
Estrutura pode ser usada até em ponto de ônibus.
Estrutura pode ser usada até em ponto de ônibus.

A espessura do substrato, segundo a paisagista, deve ser de 5 centímetros para mais, isso para dar mais reforço se for preciso alguém pisar no telhado.

Benefícios - Entre as vantagens, Adines destaca que a principal delas e que é um benefício dos grandes se tratando da nossa cidade tão quente, é o ganho térmico. "O telhado é a área de maior insolação da casa, pode dar uma diferença de 5 até 10 graus e em alguns casos até mais. Conforme o módulo pode ser que o calor nem chegue a passar para a casa", detalha.

As plantas acabam fazendo também a filtragem do ar e se chover, absorvem a água e escoam de maneira mais lenta. "Se todos os telhados fossem vivos, teria um tempo maior para a água chegar até a parte fluvial, seria menos água de escoamento", exemplifica Adines.

A estrutura do telhado pode conter também o tratamento de esgoto através das plantas e a reutilização da água da pia ou lavanderia.

Quanto à manutenção, a estrutura não exige grandes cuidados. Até que a planta "pegue", ou seja preencha o espaço e crie raiz, que leva em média de dois a três meses, é preciso irrigar todos os dias. O mesmo procedimento também deve ser tomado nas épocas de estiagem.

"Tem a questão estética também, quem faz, quer mostrar que fez, às vezes pode crescer mato, então é preciso tirar. Se quiser fazer a poda, apesar de não ser necessária", diz a técnica.

De instalação rápida, o interessante do projeto é deixá-lo natural, o que significa receber até moradores. Por ser natureza viva, pode ser que o telhado vire ninho.

Em Campo Grande, o valor de um telhado verde sai de R$ 100 a R$ 300,00 o metro quadrado. A ideia ainda não pegou na cidade e a paisagista atribui à nossa cultura, de não usar a vegetação como função. "Onde tem mais é nas regiões Sul e Sudeste, que tem essa cultura de plantas, de vegetação, mas outra questão também é que às vezes até se tem disposição, mas falta fornecedor", afirma.

Colocar a natureza em casa não deve ser só pela estética, e sim pela prosperidade que o verde traz. "A natureza muda as coisas, muda as pessoas e quanto maior o nosso contato com ela, muda o nosso jeito de ver a vida", resume a paisagista.

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Modelo da Ecotelhado, num apartamento em Niterói, Rio de Janeiro.
Modelo da Ecotelhado, num apartamento em Niterói, Rio de Janeiro.
Telhado vivo pode mesclar vegetação.
Telhado vivo pode mesclar vegetação.
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