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Arquitetura

Sobrado onde funciona consulado foi erguido depois de pecuarista perder eleição

Paula Maciulevicius | 19/08/2015 06:45
Casa mistura estilos, mas tende a valorizar mais o neocolonial. (Foto: Fernando Batiston/Planurb)
Casa mistura estilos, mas tende a valorizar mais o neocolonial. (Foto: Fernando Batiston/Planurb)

A varanda do sobrado da Cândido Mariano, quase esquina com a Pedro Celestino sempre foi destinada à prosa entre amigos. Pecuarista, o dono construiu a casa depois de perder a eleição para prefeito de Bela Vista. Nascido em Rio Brilhante, seu Durval Coelho Barboza, morreu morando ali, com mais de 80 anos, depois de criar filhos e netos no sobrado.

A data do primeiro registro é de 1944 e provavelmente se refere ao terreno. Segundo a família, em 1956, após a derrota nas eleições, é que o pecuarista, que foi diretor do Hospital de Bela Vista, se mudou para a Capital.

"Na varanda ele recebia os amigos, naquele tempo que a casa não tinha os muros imensos de hoje", conta o filho Fernando Carlos Barboza. Herdeiro da casa, ele vendeu o imóvel há 3 anos, após a morte da mãe e hoje a casa é sede do Consulado do Paraguai.

Parede de granito bruto fica em destaque junto dos arcos da fachada. (Foto: Fernando Batiston/Planurb)
Parede de granito bruto fica em destaque junto dos arcos da fachada. (Foto: Fernando Batiston/Planurb)

A família que adquiriu o imóvel reformou, mas manteve a fachada, isso porque desde 2010, o sobrado faz parte da lista de bens de preservação histórica, dentro do Plano de Revitalização do Centro.

Arquiteto da Divisão de Planejamento para Proteção de Patrimônio do Planurb (Instituto Municipal De Planejamento Urbano), Fernando Batiston, foi quem acompanhou a obra com vistorias e laudos para garantir que o bem fosse preservado e reforma reafirmasse a arquitetura da época.

Foi firmado um termo de compromisso entre Prefeitura e atual proprietário para que obra pudesse dar início. Para ter o alvará de reforma ou construção, é preciso que os donos apresentem a GDU (Guia de Diretrizes Urbanísticas). "Que serve para controlar a questão de alteração, modificação ou demolição de um bem protegido por lei", explica Fernando. A Prefeitura não tem a intenção de tombar o imóvel em questão e sim de preservar.

Arco faz referência à arquitetura árabe, pouco visto na Capital nessa época. (Foto: Fernando Batiston/Planurb)
Arco faz referência à arquitetura árabe, pouco visto na Capital nessa época. (Foto: Fernando Batiston/Planurb)

A casa tem um total de 327m² de área construída. No primeiro piso, a planta original tinha varanda, abrigo para o carro, duas salas em "L", lavabo, copa-cozinha, sala de refeição, banheiro e a área de serviço. Duas escadas levavam até a parte superior a partir do hall, onde ficavam uma sala de estar, duas sacadas, três quartos, uma suíte e outra sala.

Fachada - Fernando explica que na casa predomina o eclético, pela fachada ser composta de elementos de diversos estilos. Quem olha de fora a casa vê o destaque nos arcos, um deles em especial, por fazer uma certa referência à arquitetura árabe, pouco vista em Campo Grande para a época, apesar da forte influência da colônia.

O telhado, com telhas em capa e canal, vem do estilo neocolonial, junto dos "cachorros", o apoio que é mais decorativo do que sustento em si, do telhado. Mas é a parede da fachada que chama atenção: as pedras rústicas de granito bruto, que num assentamento considerado pelo arquiteto como "primoroso", se ajustam perfeitamente.

Interior - Os desenhos da grade de ferro presente nas diversas varandas da casa se repete no interior, na escadaria. Num dos banheiros a parede é revestida de mármore branco.

Na escadaria que leva até o andar de cima, os degraus mantinham os fixadores em bronze, de apoio para as "passadeiras", provavelmente muito utilizadas na época. No teto, os lustres são um encanto à parte e se mantiveram. Um deles, tipo sanca em gesso, teve um similar encontrado na casa de Coriolano Baís, de 1968.

Sobre o imóvel hoje, a família que ergueu a casa e agora é ex-dona considera "nobre" servir de sede para um cônsul.

Escada em mármore têm passadeiras e guarda-corpo é mesmo desenho da sacada.
Escada em mármore têm passadeiras e guarda-corpo é mesmo desenho da sacada.
Vista do segundo andar da casa. Eram várias as varandas pelo sobrado.  (Foto: Fernando Batiston/Planurb)
Vista do segundo andar da casa. Eram várias as varandas pelo sobrado. (Foto: Fernando Batiston/Planurb)
Lustre em sanca de gesso, similar a um encontrado na casa Baís em 1968.
Lustre em sanca de gesso, similar a um encontrado na casa Baís em 1968.
Janela veneziana se abria para fora, enquanto a parte de vidro "corria". (Foto: Fernando Batiston/Planurb)
Janela veneziana se abria para fora, enquanto a parte de vidro "corria". (Foto: Fernando Batiston/Planurb)
Parte do piso de madeira foi perdido por problemas com cupins. (Foto: Fernando Batiston/Planurb)
Parte do piso de madeira foi perdido por problemas com cupins. (Foto: Fernando Batiston/Planurb)
Piso cerâmico antigo foi conservado em um dos aposentos. (Foto: Fernando Batiston/Planurb)
Piso cerâmico antigo foi conservado em um dos aposentos. (Foto: Fernando Batiston/Planurb)
Casa hoje tem serventia nobre, o consulado do Paraguai. (Foto: Fernando Batiston/Planurb)
Casa hoje tem serventia nobre, o consulado do Paraguai. (Foto: Fernando Batiston/Planurb)
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